“A
fragilidade nos indica o cuidado, e não outra coisa. Acolha o cristal que há em
você. Alegre-se por ser frágil. Quem sabe assim você se abra a bonitas
experiências de cuidados.
(...)
Quando
descobrimos nos olhos de Deus o amor e o acolhimento, reconhecemos naquele que
nos olha o respeito por quem somos. Deus não nos sucumbe, não nos nega como
humanos, nem nos quer anjos, mas, ao contrário. Ele nos promove. Ele não é
capaz de desprezar-nos em nossa fraqueza. Ao reconhecer-nos amados por Ele,
cresce dentro de nós, como resposta a este amor, o respeito por Ele.
(...)
Do
limite pode nascer o amor. Diante da fraqueza que nos envolve, o amor nasce
como solução. É o princípio da compaixão, que consiste em sentir junto.
Corações empenhados em uma mesma causa. A dor que não é nossa nos atinge e nos
envolve. Não somos indiferentes.
(...)
É
justamente diante do sofrimento dos que amamos que descobrimos o amor como
desdobramento da dor, e esta como desdobramento do amor. Quem quiser amar terá
que saber que não há amor sem sofrimento. E nisso há uma sabedoria
interessante. Ao experimentar o amor como sofrimento, não estamos estabelecendo
o dolorismo do amor. Não se trata disso. O que queremos salientar é que o amor
é uma força capaz de nos levar a sacrifícios concretos a ponto de tocarmos a
nossa humanidade mais profunda.
(...)
Todos
nós temos o direito de sofrer por quem amamos. Sofrer é o mesmo que pulgar; o
mesmo que purificar. Sofrer é expulsar a indignação. As lágrimas possuem o dom
de jogar para fora o acontecimento que intoxicou a nossa alma. Mas justamente
com o choro é preciso que haja o movimento da superação.
(...)
Gosto
da mística dos construtores de pontes. Eles estão sempre prontos para
estabelecer instrumentos de ligamentos. Pontes são mecanismos que favorecem
travessias. O que estão do outro lado poderão chegar ao ponto em que estamos e
vice-versa.
Fábio de Melo
Quando o sofrimento bater à sua
porta.