quarta-feira, 9 de outubro de 2024

 

Hoje acordei pensando profundamente em minhas ancestrais.
Todas elas.
Sentindo essa conexão forte e aí mesmo tempo doce.
Essa história de adentrar os campos acadêmicos com saberes da Terra tem mexido com minhas entranhas.
Não existe um lugar sagrado apenas...
Sagrado é onde meus pés caminham.
Sagradas são as palavras que nascem de minhas águas, passam pelas cordas vocais para criar som e assim, viram sementes no ar.
Minhas águas estão repletas dos saberes guardados nas células das minhas anciãs e que hoje pulsam em mim.
Cada útero que veio antes do meu me traz nesse aqui a oportunidade de levar para locais secos de amor, escuros pelas certezas absolutas, a sabedoria simples e maravilhosa do bem dizer.
Bem querer.
Reverenciar o outro como sagrado. Pois é tão portador da Luz Divina quanto eu.
Tem mexido muito com minha alma.
Ao adentrar as paredes, ainda que por meios tecnológicos dessas instituições ditas acadêmicas, levarei a meu lado todas as rezadeiras. Todas as mulheres que foram feridas por seus saberes, maltratadas por caminharem entre mundos. Mortas ou torturadas por não se renderem a instituições.
Cada uma delas adentrará comigo, em meu coração, em minha reverência e será curada.
Com minha sacolinha de ervas, velas, meu rezo e amor, levarei também os patuás que me guardam e protegem. Levarei suas mãos para serem beijadas e suas bênçãos espalhadas.
Honradas sejam todas as rezadeiras, benzedeiras e curandeiras que vieram antes de mim.
Salve a todas as que vieram depois e as que ainda estão chegando pelo caminho.
Grande Mãe nos abençoe a todas.
Estamos aqui abrindo passagem.
Que vocês façam um belo caminho e que nunca se esqueçam de reverenciar os que vieram antes!

Aguyjevete

Rose Ponce
Pará Mirim Poty