Amar o que há de verdadeiro e belo na alma de outra pessoa é ainda melhor que oamor carnal1, o amor apenas de corpos.
Quando amamos a alma... queremos alimentar o que há de bom na outra pessoa e quando o amante se importa com apessoa amada; ele quer que o caráter dele cresça e melhore. Se nos importamos com a alma de alguém, queremos que esse alguém possua boas qualidades pessoais.
Essas são algumas lições que aprendi com Diotima2: Diotima sugere que há espaço para otimismo, mesmo que nós - nesta vida - jamais cheguemos ao fim da busca. Pois ainda que o simples amor de um corpo, ou de muitos corpos, seja considerado insuficiente e vazio, a linguagem de Diotima para descrever a vida da pessoa mais alto da escada é positivamente fecundada e criativa.
A pessoa que ama o conhecimento, "vendo agora o belo em sua multiplicidade, não deve mais se deleitar com um escravo, um servo inútil, de mentalidade mesquinha, na beleza de uma única coisa... e sim, tendo se voltado para o multitudinário oceano do belo, contemplando-o devidamente, comporá muitos belos e imponentes discursos e pensamento no voluntarioso amor pela sabedoria..." É a pessoa que ama o conhecimento, mas ainda não está completa em seu conhecimento, que quer falar, descobrir, criar arte, gerar filhos e idéias - e talvez a mesma que quer amar.
Ansiamos por transcendência. Almejamos algo que está acima de nós e alémde todos os particulares deste mundo, embora dê a todos um significado.Os amantes descritos por Aristofanes3 nuncavencontram sua outra metade,mas não deixam de desejá-la.Para Diotima há espaço para o otimismo, mesmo que nós, nesta vida, jamais cheguemos ao fim da busca.
Por isso: diga que sou nada, diga que sou um lixo, diga que sou tola, diga que sou barrequeira! Mas se sou tudo isso por você, já é alguma coisa! Porque o que dá conteúdo e direção à nossa vida, e, portanto, ao que e a quem somos, são as pessoas, os lugares, as paisagens e as coisas com que nos envolvemos de maneira ativam e que exigem nossa atenção, nosso cuidado, nosso interesse. Pois é em relação a quem e ao que nos cerca que encontramos e articulamos quem e o que somos.
Se nos encontramos "em algum lugar", também estamos situados em nossas próprias vidas, em nossas ações e movimentos concretos ligados a outras pessoas e coisas, bem como a nós mesmos e também nas relações que são constituídas por meio de tais ações e movimentos.
Além disso, por estarmos assim, "situados", nós nos encontramos ao mesmo tempo embaraçados em uma gama de relacionamentos e interações que também são mutáveis e frágeis, e que, portanto, exigem nossa atenção, nosso interesse e nosso cuidado. É isso que significa estarmos "situados": estarmos orientados em relação ao ambiente cujos aspectos motivem e direcionem nossas ações e movimentos, e, ao mesmo tempo, sejam afetados por eles; é nos comprometermos com nosso cuidado e interesse por aquilo que existe à nossa volta; e esse também é o significado de "pertencer".
Nesse último aspecto, pertencer, bem como as idéias de lugar e lar, carregam consigo um senso de perda inevitável. Nostalgia, no sentido literal de "sentir falta", pode ser interpretada como uma realização necessária desse pertencer.
Por isso procuro me livrar de todos os apegos deste decadente momento em minha volta. Procuro me livrar desta insuportável dor!
Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza
1 - Eros ( do grego antigo : Ἔρως , "Sexo Amor"), na mitologia grega , era o deus primordial do amor sexual ebeleza. Ele era também adorado como uma divindade da fertilidade. Seu Romano contrapartida foi o Cupido ("desejo"), também conhecido como Amor ("amor"). Na Teogonia de Hesíodo faz dele um deus primordial, enquanto em alguns mitos, ele era o filho das divindades Afrodite e Ares. Em Platão, Simpósio, ele foi concebido pelo Poros (abundância) e Penia (Pobreza) com o aniversário de Afrodite. Como Dioniso, era algumas vezes referido como Eleutério, o "libertador".
2 - Diotima de Mantinea é uma filósofa e sacerdotisa grega com um papel importante no Banquete (Symposion) de Platão. A filosofia de Diotima está na origem do conceito platônico de amor. A única fonte sobre ela é o próprio Platão e por isso não é possível assegurar se era uma personagem ou alguém que de fato tenha existido. Entretanto, praticamente todos os personagens dos diálogos platônicos correspoderam a pessoas que viviam na antiga Atenas.
3 - Aristófanes, em grego antigo Ἀριστοφάνης, (c. 447 a.C. - c. 385 a.C.) foi um dramaturgo grego. É considerado o maior representante da Comédia Antiga.Nasceu em Atenas e, embora sua vida seja pouco conhecida, sua obra permite deduzir que teve uma formação requintada. Aristófanes viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de Péricles. Aristófanes foi testemunha também do início do fim daquela grande Atenas. Ele viu o início da Guerra doPeloponeso, que arruinou a hélade. Ele, da mesma forma, viu de perto o papel nocivo dos demagogos na destruição econômica, militar e cultural de sua cidade-estado. À sua volta, à volta da acrópole de Atenas, florescia a sofística-a arte da persuasão-, que subvertia os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua civilização. Conta-se que tevedois filhos, que também seguiram a carreira do pai.
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