Arte de uma entrevista com o Mestre Claudio
Naranjo:
Reporter:
- No livro
"Agonia do Patriarcado", você observa que a religião deveria vira companhada
de uma psicoterapia. Por quê?*
Dr. Claudio: Os sufis dizem que todo cajado tem
dois extremos: o terapêutico e o espiritual. E tem-se querido divorciá-los
artificialmente. Em certas pessoas está claro que não há capacidade de meditar,
que não há capacidade para determinadas práticas que são partes de um trabalho
espiritual, sem antes limpar certas coisas. O mal psicológico é inseparável do
mal espiritual, porque O MAL PSICOLÓGICO
É EGO. E o caminho espiritual não é outra coisa senão a dissolução do ego.
A verdade está sempre presente, a verdade do que somos, o ser que existe em
nós. Mas esse ego é o véu que se interpõe entre nossa consciência atual e nossa
consciência possível.
As terapias tradicionais têm atendido ao ego
somente porque é um problema que nos faz sofrer. A espiritualidade atende ao
ego como um problema que não só é a causa de todo o sofrimento, mas, sobretudo,
é causa da cegueira com respeito à realidade espiritual da vida. São níveis de
aspiração diferentes, abordagens diferentes do religioso e do terapêutico, que
eu creio que se podem complementar muito bem. Os terapeutas estão se dando conta
de que a terapia cobra uma dimensão maior e mais real. É um fator muito potente
que se incorpora a ela se se inclui o elemento espiritual, e isso é a essência
de todo movimento transpessoal de hoje. Há uma tendência geral à
espiritualização da psicoterapia.
Via: Sérgio
Condé