PAUL FERRINI
O PODER DA ESCOLHA UMA PRÁTICA ESPIRITUAL
Aqueles que se fazem de vítimas estão pouco dispostos
assumir responsabilidade pelo que estão criando em suas vidas. Eles criam uma
bagunça, pensando que não são responsáveis por isto, e esperam que outros
resolvam a coisas para eles.
Uma vítima se sente impotente. Claro que ela não é
realmente impotente. Ela poderia decidir, a qualquer hora, assumir a
responsabilidade se investindo de sua própria autoridade. Mas ela finge que não
pode fazer isso. E, freqüentemente, as pessoas acreditam nela. Elas acreditam
na sua história e no seu choro. E depois de algum tempo, ela esquece que está
fazendo o papel de vítima e começa a acreditar que realmente não tem qualquer
escolha sobre a sua vida.
Este não seria um problema se outros o deixassem
livre para ocupar-se de seus pensamentos ilusórios. Mas geralmente, ela atrai
aliados - outras vítimas que reforçam juntas as mesmas ilusões - assim como
atrai também seus “salvadores” - aqueles que precisam salvá-los do seu drama,
alguém que tome decisões por ele, ou então que assuma uma falsa e imprópria
responsabilidade pela vida deles.
Não apenas a promessa do salvador é sedutora para a
vítima, mas também seu salvador se entrega como uma pessoa para ser o culpado,
caso as coisas não funcionarem. Se o salvador não resolver o drama da vítima,
isso agora se tornará a culpa do salvador. Nem é necessário dizer, isto de
culpar os outros só fortifica a posição da vítima no papel dela.
Esta é a história geradora de abusos que está
presente em todas as relações de co-dependência. Uma vítima atrai
inevitavelmente um algoz/vitimizador ou um salvador/cuidador. Aquele que se
recusa aceitar suas responsabilidades atrai outro, que não perde por esperar
para assumir estas mesmas responsabilidades.
O problema é que os salvadores e os algozes têm uma
atração compulsiva para controlar a vida dos outros. Qualquer responsabilidade
que eles assumem implica em vínculos que aprisionam.
Vítima e algozes abrem mão do próprio poder. Às vezes
é duro ver como o algoz faz isso. Mas a compulsão para cuidar ou para controlar
outro ser humano nasce de uma insegurança profunda, de uma inabilidade para
assumir a responsabilidade apropriada por si mesmo.
É por isso que as vítimas e seus algozes ou as
vítimas e seus salvadores se atraem. Ambos estão se recusando a assumir a
responsabilidade por si mesmos. Ambos são incapazes de fazer escolhas por si
mesmos. Eles são co-dependentes. Cada um precisa do outro para decidir e cada
um invariavelmente culpará o outro quando os problemas acontecerem, se
multiplicando de forma intolerável.
Para se tornarem autênticos, cada um têm que retomar
o próprio poder e voltar a decidir apenas por si mesmo.
Uma vontade livre é idêntica a uma habilidade para
escolher. Ninguém pode ser autêntico se der o seu poder de escolha para outros,
assim como também não podemos ser nós mesmos caso queiramos nos apossar do
poder de escolha que é do outro. Cada pessoa tem que decidir ou escolher por si
própria. Esta é uma verdade que desembaraça os nós da nossa encarnação.
Qualquer tentativa para interferir com a escolha do outro é uma transgressão.
Pessoas que têm uma tendência para serem vítimas ou
algozes ou cuidadores/salvadores, têm que aprender a apoiar em si mesmos e a
fazerem as próprias escolhas. Para fazer isso, eles têm que se desembaraçar das
relações de co-dependência onde são ignorados os limites dos territórios
individuais e onde o poder e a responsabilidade é inapropriadamente entregue ou
tomado de outros.
O QUE SIGNIFICA O AUTO-APÔIO?
O auto-apôio significa que a pessoa valoriza quem ela
é e busca viver em harmonia com suas crenças centrais. Ela sabe como nutrir a
si mesma, como estabelecer metas em sua vida e como orientar-se e mover-se em
direção a elas. Ele encontra um trabalho apropriado, apóia a si mesmo
financeiramente, cultiva suas amizades, constrói seus sistemas de apoio e
aprende a viver de uma maneira prática no planeta Terra.
O auto-apôio significa que a pessoa não é mais
dependente de seus pais ou de outra figura de autoridade para seu apoio. Ela
não é mais controlada fisicamente por outros, nem financeiramente, nem
emocionalmente, nem intelectualmente ou espiritualmente. Ela decide onde viver
e como viver, decide em que acreditar, com quem quer estar e assim
sucessivamente. Ela toma decisões por si mesma e assume a responsabilidade pelo
que ela pensa, sente, diz e faz.
Tudo isso faz parte do processo de crescimento para
tornar-se uma pessoa adulta. Um verdadeiro adulto não é dependente de outros
nem é, inapropriadamente, influenciados por eles. Ele é independente e auto
direcionado.
Claro que, ninguém cresce inteiramente antes de haver
estado envolvido com outros intimamente. Muitos se casam e até mesmo tem filhos
antes de saberem quem são. Quanto menos que eles sabem sobre eles mesmos, mais
alta é a probabilidade deles traírem a si mesmos e os outros, com quem se
relacionam.
Tomar o tempo necessário para saber quem você é tem
seu valor. Assim é mais fácil viver em sua própria pele e ser honesto sobre
quem você é na relação com os outros. Esta honestidade e clareza machuca menos
os outros e a chance de abortar suas relações diminui.
Esta prática espiritual relaciona-se com o
aprendizado em autorizar-se para sermos quem nós realmente somos. Diz respeito
a dar-se a permissão para ser a pessoa única, autêntica que nós somos. Diz
respeito a conectar com o nosso eu central, (core self) descobrindo e
valorizando nossos talentos e ir fazendo aquelas escolhas que nos ajudarão a
aprender e a crescer até a nossa plenitude como seres humanos.