quinta-feira, 25 de junho de 2015


INTROSPECTIVA

INTROSPECTIVA

Espelhos e projeções
Silêncio e solitude
Contemplação e benevolência
Generosidade e paciência

Histeria ligada à euforia
Autoafirmação direcionada
Ao título jurídico acadêmico
E outras “birongas” mais...

Talvez, um meio de chamar a atenção!
É que este materialismo constante
Me incomoda e não me pertence
Estou na contramão do mundo que me permeia.

O desconforto suga toda a energia
Em um cansaço sufocante e agonizante;
Pela bruma da alma
Sinto e vejo uma tristeza profunda.

E fico a meditar...
Sem saber se esta confusão,
É minha ou sua...
E se ainda estou apegada aos meus demônios...

Respiro, suspiro e silencio!
Sustentar as máscaras do ego
Causa exaustão...
É que deixamos de ser o que somos
Para suportar tudo aquilo que criamos...

E não existe o certo ou o errado
Entre a projeção alcançada.
Existe apenas a evolução de cada ser
Vivenciados intensamente.

A compaixão transborda
E caminho aliviada,
Por saber quem eu sou
Agradecida aos espelhos
Que encontro pela vida!

É que criei uma nova máscara:
O da liberdade com sabedoria.
A mim, posso mudar
E transcender!


Por: Lucileyma Carazza


A lembrança amarga não consertará o passado.
A tristeza não lhe trará luz ao pensamento.
O desânimo não tem condições de prestar auxílio.
respostas da vida
O azedume não pacifica o mundo íntimo.
A revolta não lhe fará ver o caminho justo.
A crítica é fator de mais solidão.
A irritação é a companheira do fracasso.
A intolerância afasta a simpatia.
O ressentimento é veneno em você mesmo.
A condenação é treva que se espalha.
Evitemos esses agentes do contra e procuremos trabalhar, na certeza de que, servindo, encontraremos a bênção da alegria por nosso clima permanente de luz.
Uma quinta repleta de bênçãos!
Paz e Luz!


Por: Tide Mendes

segunda-feira, 15 de junho de 2015

"TATÃO ROCHA"





TENHO O PRAZER DE CELEBRAR E COMPARTILHAR A HISTORIA DE GRANDE HOMEM..ALEM DE MEU AVO E MEU PADRINHO E O HOMEM QUE DEIXOU 1 LEGADO DE MUITO TRABALHO E RESPIEITO..E ME ORGULHO DE DIZER QUE SOU SUA NETA!!. VO TATAO.

Nesta segunda-feira comemoramos o 120º aniversário de nascimento do patriarca SEBASTIÃO VICTOR DA ROCHA, o "TATÃO ROCHA". Abaixo um texto que conta sua história, a saga da família ROCHA na região da Bacia do Rio Doce. Peço a todos os parentes que compartilhem, comentem e se tiverem fotos interessantes, não só do velho TATÃO ROCHA E DONA ZUZU, mas de membros da família, dos lugares onde viveram sobretudo a Sobrália antiga, que publiquem e façam seus comentários.

“É Rocha, negrada boa!”

A frase é de Sebastião Victor da Rocha, o Tatão Rocha, escrivão e comerciante, que completaria nesta segunda-feira, 15 de junho de 2015, o 120º aniversário de nascimento. 

Tatão Rocha foi um dos fundadores e principal mentor da emancipação político-administrativa de Sobrália, Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas, municípios vizinhos distantes cerca de 70 Km de Ipatinga.

Seus descendentes diretos , entre os quais me incluo como seu neto, estão espalhados pelos municípios na Bacia do Rio Doce e Vale do Aço, formando um grande clã, que se orgulha do passado de seu patriarca, exemplo para esta e futuras gerações. 

A saga da família Rocha na Bacia do Rio Doce (*)
(*) Pesquisa elaborada pelo historiador Oswaldo Arêdes Louzada Filho, neto de Tatão Rocha; Texto Fernando Rocha; Fotos Álbum de família.

Sebastião Víctor da Rocha, o Tatão Rocha foi casado com Zuleima Conceição da Rocha, a Dona Zuzu e viveram no século passado nesta região, a maior parte do tempo na vizinha cidade de Sobrália, distante cerca de 70 Km de Ipatinga.

O Sr. Tatão e Dona Zuzu tiveram treze filhos, sendo quatro já falecidos: Mirthes (Tarumirim); Miriam (Itanhomi), Rui (Rio de Janeiro) e Rúsvel (Sobrália). Estão vivos outros nove irmãos: Milva (Itanhomi), Rutinho (GV), Rubens (BH), Miréia (GV), Mirilandes (Sobrália), Mivalda (Iapu), Maria José (BH), Mione (Itabira) e Renato (João Monlevade).

Seus descendentes diretos estão espalhados por todo o Brasil e o exterior, mas se concentram em maior número especialmente na região Leste e o Vale do Aço, somando mais de duzentas pessoas entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

HISTÓRIA

A emancipação político-administativa das cidades de Sobrália, Engenheiro Caldas e Fernandes Tourinho, que pertenceram a Tarumirim e se separaram na década de 60, se deveu em muito à obstinação e poder de articulação política do “Sr. Tatão”, velha raposa do antigo PSD, um autêntico “pica-pau”, como eram conhecidos os pessedistas mineiros da época, de onde saíram grandes nomes da política nacional, tais como Benedito Valadares, José Maria Alkimin, José Aparecido de Oliveira, Juscelino Kubitschek,

José Augusto Ferreira, Tancredo Neves e por aí afora.

Tatão Rocha nasceu em 15/06/1895 e faleceu em 1982 em Ipatinga. Foi comerciante, escrivão de paz vitalício em Alvarenga, antiga Floresta e, Sobrália, onde foi eleito Vice-Prefeito na primeira eleição municipal pós-emancipação, em dobradinha com Miguel Pereira Santiago, também falecido. 

A ORIGEM

A saga dos descendentes da família Rocha em Minas Gerais, segundo levantamentos do historiador Oswaldo Aredes Louzada Filho, neto de Tatão Rocha, registra a presença do sobrenome também em cidades como Ubá, Guidoval, Sobral Pinto, Mutum, Divino do Carangola, Carangola, Caratinga, Conselheiro Pena, Conselheiro Lafaiete, Tarumirim, Itanhomi e Sobrália.
Tatão era o filho caçula de Juvenal Felizardo da Rocha e Maria Vicenza de Lima, cuja prole incluía ainda Inhazinha, Mulata, Raimunda, Aniceto e Efigênia, todos já falecidos, tendo nascido e crescido na região conhecida por Córrego dos Macacos , município de Entre Folhas, depois Inhapim e finalmente o Patrimônio do Cunha, hoje Tarumirim, indo parar em Sobrália na década de 40 do século XX.

Zuleima Conceição da Rocha, carinhosamente chamada de Dona Zuzu ou “Vó Zuzu” pelos netos, nasceu em Caratinga e era filha do mulato Raimundo Nonato e da doméstica Rita Maria de Jesus.

Até se mudar para Tarumirim, onde se casou com Tatão Rocha, em fevereiro de 1919, todas as pessoas da comunidade caratinguense dependiam de seu pai que era Ourives, para fabricação de suas jóias, principalmente as cobiçadas alianças matrimoniais.

Nos anos 30, os irmãos Albergaria, entre eles o Deputado federal, Jaeder Albergaria, dominavam a política na região de Tarumirim, onde imperava o coronelismo e o chamado “voto-cabresto”.

Foi então que cidades já emancipadas do município de Tarumirim, tiveram seus territórios novamente anexados , sendo a mais importante, a cidade de Itanhomi. 

A Vila de Taúbas, hoje a cidade de Sobrália, oficializada pouco antes, também pertencia ao domínio político de Tarumirim e foi para este ambiente de vida primitiva e rude nos anos 40, que se mudou ol casal Tatão Rocha e Dona Zuzu, a fim de continuar a criação da família.

Tatão Rocha sempre fora aliado dos Albergaria e, por influência de políticos ligados ao PSD, os “pica-paus”, tornou-se a partir de 1944, escrivão do Cartório Civil de Notas, ficando também responsável por toda a operação da Agencia dos Correios e Telégrafos, único meio de comunicação das pessoas na época. 

No início dos anos 60, Tatão Rocha, embora não tivesse freqüentado os bancos escolares, era o mais letrado e o mais importante líder político da antiga Taúbas. 

Incomodado com o abandono da localidade por parte dos políticos de Tarumirim, que só se lembravam que Taúbas existia às vésperas das eleições, Tatão Rocha articulou e conseguiu realizar uma reunião de convergência de todas as forças políticas do lugar, inclusive os “corta-goelas” da UDN, que eram da oposição, para discutir e iniciar a luta pela emancipação.

No início muita gente se engajou na luta, mas o processo era caro e demorado, incluía viagens, panfletos, documentos, até mesmo driblar funcionários da Prefeitura de Tarumirim, que escondiam informações para dificultar a emancipação.


UMA MÁGOA


Aos poucos, Tatão Rocha foi deixado sozinho na batalha pela emancipação. As viagens de trem para Belo Horizonte eram as mais caras e poucos o ajudavam, tendo de bancar do próprio bolso as despesas.

Mas o que mais o magoava era ouvir deboches e brincadeiras de mau-gosto dos “corta-goelas” e até de companheiros de partido mal informados ou mal intencionados.

Quase findando o prazo para que os municípios interessados em se emancipar concluíssem todo o processo, líderes políticos de Tarumirim resolveram dificultar e travar a emancipação de Sobrália, já que diversas lideranças influentes de Fernandes Tourinho e Engenharia Caldas, não gostaram nada de saber que passariam a pertencer ao município vizinho, ou seja, à cidade de Sobrália. 

Nesta parte é que se observa toda a sagacidade política de Tatão Rocha, que se articulou rapidamente com outras lideranças de Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas, contando também com a ajuda de amigos deputados, preparou na surdina toda a documentação necessária, surpreendendo os políticos tarumirinenses da época, seus antigos aliados, obtendo assim aprovação não só da emancipação de Sobrália, mas também numa tacada só, de Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas.

Os líderes políticos de Tarumirim não ficaram nada satisfeitos com Tatão Rocha e lhe deram o troco nomeando seu principal adversário, o “corta-goela” udenista Raul Pereira Neves como interventor, para assumir a Prefeitura sobraliense interinamente com a missão de preparar a primeira eleição direta e democrática do município. 

Mas, de nada adiantou, pois quem venceu nas urnas foi a dobradinha dos “pica-paus”, tendo o velho Tatão Rocha como Vice e Miguel Pereira Santiago, Prefeito Municipal, o primeiro na história de Sobrália. 

Pouco antes de morrer, Tatão Rocha revelou sua tristeza ao neto e historiador Osvaldo Arêdes Louzada , o Vadinho, sobre a emancipação: - Quando voltava de viagem, ao descer na Praça (Sobrália), alguns gritavam “Ô Sô Tatão, trouxe a cidade na mala? Solta a cidade Sô Tatão! Cadê a cidade Tatão?”, contou com os olhos marejados de lágrimas. 

O velho Tatão Rocha lembrou ainda que no dia 30 de dezembro de 1962, data da emancipação, “o deboche e descrença do povo eram tantos, que nem houve comemoração quando chegou a notícia confirmando o fato histórico e a concretização do sonho”.

Como principais companheiros na luta pró-emancipação, que não o abandonaram até a última etapa, Tatão Rocha mencionava: Marcelino Homem de Faria, Padre Jésus, Caetano Louzada, José Juca, Quincas Doutor,Zé Dentista, Zé Xandoca e Chico Ramos, entre outros já falecidos.


SUCESSOR


Numa pequena cidade de poucas pessoas letradas, Tatão Rocha era o principal líder e referência das pessoas, que o procuravam para ajudar a resolver todo o tipo de problemas, desde financeiros até sentimentais.

Já estava ficando velho, com problemas na visão fruto de um glaucoma, que o perseguiu e o deixou completamente cego no fim da vida, mas não escondia o desejo de deixar um sucessor na política, cujo sangue fervilhava em suas veias.

O filho predestinado era Rúsvel Raimundo da Rocha, cujo nome foi uma homenagem abrasileirada ao ex-presidente americano da década de 40, Theodore Roosevelt.

Rúsvel se transformou prefeito de Sobrália no mandato-tampão de apenas dois anos instituído pela ditadura militar entre 1970/72, para quatro anos depois, em 1976, eleger-se Chefe do Executivo para outro mandato de quatro anos.

Mas, uma tragédia interrompeu sua tragetória: em 15/01/77, quinze dias antes de sua posse, numa tarde ensolarada de domingo, Rúsvel, aos 33 anos de idade, faleceu tragicamente, vítima de afogamento na Lagoa Silvana em Ipatinga, quando participava de um churrasco com a família e amigos.

Todos os projetos, sonhos, que incluía uma candidatura futura à Assembléia Legislativa, foram interrompidos bruscamente e a cidade de Sobrália para a família Rocha nunca mais foi a mesma. “Está sempre faltando alguma coisa em algum lugar”, diz o historiador Osvaldo Arêdes Louzada, o Vadinho. 

Curiosamente, o vice Jacinto Contin, que assumiu o cargo, viria a falecer pouco mais de um ano depois em acidente automobilístico e a cidade de Sobrália acabou experimentando uma eleição fora de época.

Tatão Rocha e Dona Zuzu foram muito importantes para a educação da família, mas sobretudo para o surgimento de várias comunidades, tendo seus nomes inseridos definitivamente na história do Vale do Rio Doce e de Minas Gerais. 

Eram outros tempos , o casarão, o quintal enorme, os pombos no telhado, suas histórias... deixou saudades, mas a vida continua...

PARABÉNS TATÃO ROCHA! 120 ANOS DE HISTÓRIA E LEGADO POSITIVO PARA SOBRÁLIA E O VALE DO RIO DOCE.


HISTÓRIAS E CAUSOS/ESPÍRITO MARKETEIRO


Na década de 50, o velho Tatão Rocha, poeta, auto-didata, na frente do seu tempo, dava seus pitacos como marketeiro.

Para ajudar a alavancar os negócios dos amigos e sócios da Casa Louzada & Irmão na Vila de Sobrália, ele fazia textos comerciais em forma de poesias, que eram oferecidas em panfletos aos clientes, como propaganda do estabelecimento. 

Uma delas, com dez estrofes de cinco linhas cada, recebeu o título de “Brinde da Casa Louzada”. Veja alguns trechos da “propaganda” no português da época:

“O freguês que for ativo
For esperto e sabidão
Tendo de fazer suas compras
Aproveite esta ocasião
Gasta pouco e compra muito
Na Casa Louzada & Irmão.
O Oswaldo é o gerente
E chama o povo a atenção
O Zico faz todo esforço
Enche de fazenda o balcão 
Convida todos a virem
A Casa Louzada & Irmão.
Grande estoque de fazenda
De fazer admiração
Comprado o ano passado
Antes de haver alteração
Quinhentos contos de estoque
Tem a Casa Louzada & Irmão.
Fazendas, chapéus, calçados
Armarinho em profusão
A casa está sempre cheia
Que faz até confusão
Quem entra não sai sem comprar
Na Casa Louzada & Irmão.
Quem quiser comprar barato
Aproveita a ocasião
Vá na Vila de Sobrália
A título de exploração
E faça ao menos uma comprinha
Na Casa Louzada & Irmão.”


HOMEM CULTO


Homem culto inteligente sempre de livro na mão;
Que sabia dar valor uma boa redação.
“Diga com quem tu andas, e eu te direi quem tu és”,
dizia muito prá gente, - e recomendava ainda -,
saiba sempre proceder, 
o que mais vale nesta vida
é o que daqui não se leva, 
é viver, é saber viver”



terça-feira, 2 de junho de 2015

CLAUDIO NARANJO: “A EDUCAÇÃO ATUAL PRODUZ ZUMBIS”



O psiquiatra chileno diz que investir numa didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis

A DIDÁTICA DO AFETO

O psiquiatra Claudio Naranjo. A educação é a única forma de mudar o mundo (Foto: Divulgação)
O psiquiatra chileno Claudio Naranjo tem um currículo invejável. Formou-se em medicina na Universidade do Chile, especializou-se em psiquiatria em Harvard e virou pesquisador e professor da Universidade de Berkeley, ambas nos EUA. Desenvolveu teorias importantes sobre tipos de personalidade e comportamentos sociais. Trabalhou ao lado de renomados pesquisadores, como os americanos David McClelland e Frank Barron. Publicou 19 títulos. Sua trajetória pode ser classificada como irrepreensível pelo mais ortodoxo dos avaliadores. Ele é, inclusive, um dos indicados ao Nobel da Paz deste ano. É comum, no entanto, que Naranjo seja chamado, em tom pejorativo, de esotérico e bicho grilo. Há mais de três décadas, ele e a fundação que leva seu nome pregam que os educadores devem ser mais amorosos, afetivos e acolhedores. Ele defende que essa é a forma mais eficaz de ajudar todos os alunos – não só os melhores – a efetivamente aprender “e assim mudar o mundo”, como ele diz. Claudio Naranjo esteve no Brasil para participar do evento sobre educação básica Encontro de Educadores.

ÉPOCA – O senhor é psiquiatra e desenvolveu teorias importantes em estudos de personalidade. Hoje trabalha exclusivamente com educação. Por que resolveu se dedicar a esse tema?
Claudio Naranjo – Meu interesse se voltou para a educação porque me interesso pelo estado do mundo. Se queremos mudar o mundo, temos de investir em educação. Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está. Não mudaremos o mundo militar. Também não mudaremos o mundo por meio da diplomacia, como querem as Nações Unidas – sem êxito. Para ter um mundo melhor, temos de mudar a consciência humana. Por isso me interesso pela educação. É mais fácil mudar a consciência dos mais jovens.

ÉPOCA – Quais os problemas do modelo educacional atual na opinião do senhor?
Naranjo – Temos um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra educação para designar o que é apenas a transmissão de informações. É um programa que rouba a infância e a juventude das pessoas, ocupando-as com um conteúdo pesado, transmitido de maneira catedrática e inadequada. O aluno passa horas ouvindo, inerte, como funciona o intestino de um animal, como é a flora num local distante e os nomes dos afluentes de um grande rio. É uma aberração ocupar todo o tempo da criança com informações tão distantes dela, enquanto há tanto conteúdo dentro dela que pode ser usado para que ela se desenvolva. Como esse monte de informações pode ser mais importante que o autoconhecimento de cada um? O nome educação é usado para designar algo que se aproxima de uma lavagem cerebral. É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas.

ÉPOCA – Como é  possível mudar esse modelo?
Naranjo – Podemos conceber uma educação para a consciência, para o desenvolvimento da mente. Na fundação, criamos um método para a formação de educadores baseado em mais de 40 anos de pesquisas. O objetivo é preparar os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Comprovamos por meio de pesquisas que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas. Hoje a educação é despótica e repressiva. É como se educar fosse dizer faça isso e faça aquilo. O treinamento que criamos está entre os programas reconhecidos pelo Fórum Mundial da Educação, do qual faço parte. Já estive com ministros da Educação de dezenas de países para divulgar a importância dessa abordagem.

ÉPOCA – E qual foi a recepção? 
Naranjo – A palavra amor não tem muita aceitação no mundo da educação. Na poesia, talvez. Na religião, talvez. Mas não na educação. O tema inteligência emocional é um pouco mais disseminado. É usado para que os jovens tomem consciência de suas emoções. É bom que exista para começar, mas não tem um impacto transformador. A inteligência emocional é aceita porque tem o nome inteligência no meio. Tudo o que é intelectual interessa. Não se dá importância ao emocional. Esse aspecto é tratado com preconceito. É um absurdo, porque, quando implementamos  uma didática afetuosa, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Os ministros da Educação me recebem muito bem. Eles concordam com meu ponto de vista, mas na prática não fazem nada. Pode ser que isso ocorra por causa da própria inércia do sistema. O ministro é como um visitante que passa pelos ministérios e consegue apenas resolver o que é urgente. Ele mesmo não estabelece prioridades. Estou mais esperançoso com o novo ministro da Educação de vocês (Renato Janine Ribeiro). Ele me convidou para jantar, para falarmos sobre minhas ideias. É a primeira vez que a iniciativa parte do lado do governo. Ele é um filósofo, pode fazer alguma diferença.
"Quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo"

ÉPOCA – Para quem decidiu ser professor, não seria natural sentir amor, compaixão e vontade de cuidar do aluno?
Naranjo – Uma vez dei uma aula a um grupo de estudantes de pedagogia na Universidade de Brasília. Fiquei muito decepcionado com a falta de interesse. Vendo minha expressão, o coordenador me disse: “Compreenda que eles não escolheram ser educadores. Alguns prefeririam ser motorista de táxi, mas decidiram educar porque ganham um pouco mais e têm um pouco mais de segurança. Estão aqui porque não tiveram condições de se preparar para ser advogados ou engenheiros ou outra profissão que almejassem”. Isso acontece muito em locais em que a educação não é realmente valorizada. Quem chega à escola de educação são os que têm menos talento e menos competência. Não se pode esperar que tenham a vocação pedagógica, de transmitir valores, cuidar e acolher.

ÉPOCA – O senhor diz que o sistema de educação atual desperdiça talentos, rotulando-os com transtornos e distúrbios. Pode explicar melhor esse ponto?
Naranjo – Humberto Maturana, cientista chileno, me contou que a membrana celular não deixa entrar aquilo que ela não precisa. A célula tem um modelo em seus genes e sabe o que necessita para construir-se. Um eletrólito que não lhe servirá não será absorvido. Podemos usar essa metáfora para a educação. As perturbações da educação são uma resposta sã a uma educação insana. As crianças são tachadas como doentes com distúrbios de atenção e de aprendizado, mas em muitos casos trata-se de uma negação sã da mente da criança de não querer aprender o irrelevante. Nossos estudantes não querem que lhe metam coisas na cabeça. O papel do educador é levá-lo a descobrir, refletir, debater e constatar. Para isso, é essencial estimular o autoconhecimento, respeitando as características de cada um. Tudo é mais efetivo quando a criança entende o que faz mais sentido para ela.

ÉPOCA – Por que a educação caminhou para esse modelo?
Naranjo – Isso surgiu no começo da era industrial, como parte da necessidade de formar uma força de trabalho obediente. Foi uma traição ao ideal do pai do capitalismo, Adam Smith, que escreveu A riqueza das nações. Ele era professor de filosofia moral e se interessava muito pelo ser humano. Previu que o sistema criaria uma classe de pessoas dedicadas todos os dias a fazer só um movimento de trabalho, a classe de trabalhadores. Previu que essa repetição produziria a deterioração de suas mentes e advertiu que seria vital dar a eles uma educação que lhes permitisse se desenvolver, como uma forma de evitar a maquinização completa dessas pessoas. Sua mensagem foi ignorada. Desde então, a educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames, consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel essencial que a educação deveria ter.

ÉPOCA – Há algo que os pais possam fazer?
Naranjo – Muitos pais só querem que seus filhos sigam bem na escola e ganhem dinheiro. Acho que os pais podem começar a refletir sobre o fato de que a educação não pode se ocupar só do intelecto, mas deve formar pessoas mais solidárias, sensíveis ao outro, com o lado materno da natureza menos eclipsado pelo aspecto paterno violento e exigente. A Unesco define educar como ensinar a criança a ser. As Constituições dos países, em geral, asseguram a liberdade de expressão aos adultos, mas não falam das crianças. São elas que mais necessitam dessa liberdade para se desenvolver como pessoas sãs, capazes de saber o que sentem e de se expressar. Se os pais se derem conta disso, teremos uma grande ajuda. Eles têm muito poder de mudança. 


segunda-feira, 1 de junho de 2015

PERPETUAMENTE VIVER E SER TUDO



PERPETUAMENTE VIVER E SER TUDO

Quantas de inúmeras dores.
Cada dia que sobreveio o mês.
A arte de uma imensa conquista,
Na soma de valores notórios.

Sou a favor de um evangelho
Que perpassa o mistério do calvário.
E sobrevive de amor,
Que alcança a beleza da cruz
Que toca diariamente o céu
Mas sempre com os pés ao chão.

Controvérsias e lágrimas,
Esforços de tamanha doação.
Diferenças que longe do igual
 Hoje chega de mansinho e soma.

Valores de pontos diferentes.
Amor que soergue de carinhos,
De lugares e gestos prediletos.
Presente dos céus a germinar
Nossas historias a firmar-se
Em cada dia viver e sempre e perpetuamente ser tudo
Um eterno enlace de amor.


Por: Sergio Dias