sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sacred Feminine


 

"As energias da natureza estão presentes no outro mundo, mas também dentro de nós mesmos, pois nós somos partículas da natureza. Então quando você está meditando sobre uma deidade, você está meditando sobre poderes do seu próprio espírito e da sua própria psique, e sobre poderes que também estão lá fora. Descobrimos em praticamente todas as tradições religiosas do mundo (com algumas poucas exceções) que o objetivo é que o indivíduo se coloque em acordo com a natureza, com a sua própria natureza, e isso é tanto saúde física quanto psicológica. Isto é o que em nossas tradições são chamadas religiões da natureza, e as divindades não são termos finitos; elas são referências para energias espirituais. Então quando mitologia é devidamente entendida, o objeto que é reverenciado e venerado não é um termo final; o objeto venerado é a personificação de uma energia que habita o interior do indivíduo, e a referência da mitologia tem dois modos - o da consciência e o dos potenciais espirituais dentro do indivíduo."

Joseph Campbell, Goddesses: Mysteries of the Sacred Feminine.

BUCÓLICA



"Bucólica "

Invejo a vida humilde da criatura
dos lugares distantes, sossegados,
onde a terra é mais simples e mais pura
e os céus são transparentes e azulados...

Onde as árvores crescem, na beleza
da galharia exuberante e farta,
e o sol transforma a inquieta correnteza
num dorso rebrilhante de lagarta...

E onde os galhos são mãos cheias de flores
e as flores, taças multicores, vivas,
servindo mel aos tontos beija-flores
e às borboletas trêmulas e esquivas...

Desses lugares cheios de caminhos
como garotos, rabiscando o chão,
e onde os homens são como passarinhos
que são felizes sem saber que são...

E onde as casa, pequenas, de brinquedo,
com os olhos das janelas, como a gente
de dentro do aconchego do arvoredo
olham tudo ao redor, serenamente...

E onde o sol sai mais cedo, e sobre a serra
desdobra o seu lençol feito de luz
e acorda a seiva que intumesce a terra
nos campos verdes ou nos campos nus...

Gosto desses lugares sossegados
onde a vida é mais simples e mais pura,
os céus são transparentes e azulados
e é mais humana e humilde a criatura...

(Poema de J. G. de Araujo Jorge, extraído do livro
"Meu Céu Interior", 1ª edição, setembro,1934.)