quarta-feira, 21 de maio de 2025

INVISÍVEL

 


INVISÍVEL

Existe um limbo na Terra. Um local onde não podemos demonstrar fraqueza e que precisamos ser o que o outro espera, almeja. Aqui a autenticidade é um crime, um lugar um tanto quanto estranho, tendo em vista que alguns dão até  a solução para os seus problemas sem que você tenha pedido opinião, outros pedem que a gargalhada seja baixa, uns, acreditam que as sete da manhã você usou droga para ir trabalhar simplesmente porque você demonstra entusiasmo, e ainda, tem aqueles que acreditam que as 19:30 você precisa encerrar o dia com o mesmo entusiasmo da manhã.

O pior mesmo são aqueles que te fitam com os olhos e te jogam todo o lixo emocional, toda projeção negativa com efeito de praga para quebrar o seu suposto complexo de superioridade, minam a sua energia sem dó e piedade.

A maioria das pessoas tem a absoluta certeza que a dor do outro é ínfima. Não existe uma dor maior ou menor. Apenas existe uma dor que precisa ser cicatrizada... simples assim.

Os padrões são muito bem estabelecidos e do fundo da minha alma com toda a vivencia, sabedoria e raiva que sinto, grito ao vento para que ecoe alto e em bom tom: odeio padrões, rotinas, mesmices, chatices, uniformes, crachás e mimimis... Casei com o mar, abracei a solitude e ando em retidão.

Não me provoque porque certamente me recolherei a minha insignificância e nem vou lembrar o teu nome, mas não pense que sou burra ou fraca, sei me defender e podes cair do pedestal na velocidade da luz sem sequer saber de onde veio o golpe. Sei ser maquiavélica e tenho a parcimônia em esperar o melhor momento para me vingar. É! Adultos vingam, crianças fazem pirraças e jogos emocionais.

O tal do jogo emocional... os julgamentos, a luta por aquilo que o ego anseia e a falta de praticidade também me irrita profundamente. Mas não se preocupe! Não vou partir para briga, não vou ser ignorante, muito menos provocativa. Vou sumir de vista e almejar ser a mulher invisível, silêncio, escuto a melhor música e sonho com o impossível. 

Ser excluída por ser autêntica não me machuca mais. Fui excluída a vida inteira e precisei aprender a me amar e a me acolher nos momentos de crise. Ter amor próprio é uma questão de sobrevivência, sentir compaixão pela mulher que me tornei e acolher aquilo que necessito é um requisito... eu sou a única responsável em transformar isso em mim. A única responsável pelo meu bem estar. É uma escolha! Uma postura de vida para a vida.

Eximo todo e qualquer ser pela dor que sinto ou pela dor que algum dia me causaram, me responsabilizo por tudo que acontece ou aconteceu na minha vida, e sim,  sou o meu maior algoz extremamente exigente.

Ser solteira é uma opção a qual jamais quebrarei, não é por ter um coração ferido ou partido, ou por falta de opção, é simplesmente porque machuco aqueles que amo por ser livre demais, e tem mais, não ter filho não significa que não tenha doçura suficiente para saber lidar com crianças (não suporto mais ouvir isso). A falta da doçura por não ter filhos...

Existem outras trivialidades que nem expresso desejo em explicar, apenas “sorrio e aceno”... odeio maquiagem, odeio passar esmalte, detesto roupas sexys, ir ao salão de beleza no final de semana, detesto plásticas, procedimentos estéticos, odeio pintar os cabelos e não possuo uma aparência desleixada... vou envelhecer a moda antiga e sinto muito se prejudico as suas vistas, acredito piamente que existem outras belezas no mundo e tenho sede por elas...  

Óbvio que existe um cérebro louco que convive com as comparações e que tem suas crises de dualidade/identidade. Sinceramente admiro e reverencio as mulheres, odeio quando são subjugadas, rotuladas, abandonadas, abusadas... mas... também as odeio, pelo que se tornaram em sua grande maioria (sim, existe exceções)...

Definitivamente “não sou costela de Adão, eu sou filha de Lilith” . Demorei muito para aceitar esse arquétipo, não me submeto a injustiças, prezo pela igualdade, pela liberdade, não sou domada e muito menos domesticada, não sou jardim, sou Solo Sagrado. Sou o que sou e prefiro um milhão de vezes ficar com os meninos da quinta série rindo de tudo e quaisquer idiotice pertinente às suas respectivas faixas etárias (entendedores entenderão). Amo o meu lar, mas não cresci para brincar de casinha.

Quando me perguntam se estou bem... sempre respondo que estou gostosa, ou maravilhosa, ou deliciosa, ou pocando de boa... Não sei se fiz, ou faço as melhores escolhas e talvez o preço que pago seja alto por demais, talvez, esteja apenas confusa, talvez, não deva me cobrar tanto, existe dúvida e a dúvida é para ser vivida... e também é muito difícil responder essa pergunta para mim mesmo, é que também estou cansada de procurar a verdade porque sei bem que ela não existe, eu não a encontrei, eu só quero me sentir bem, me libertar dessa sensação de estar presa. Talvez eu precise mesmo de um milagre, ou como disse uma aluna semana passada: “a Senhora precisa nascer de novo”. Ela achou que estava me insultando, mas nisso, eu concordo e concordei com ela soltando uma  gargalhada... aí o gatilho foi pior, ela se ofendeu me chamando de debochada, mas esse gatilho vai ficar para outro texto.

Por: Lucileyma Carazza

Visão geral criada por IA

“A história de Lilith, a "primeira mulher de Adão", é uma narrativa que se encontra fora dos textos bíblicos oficiais, mas que é amplamente discutida na tradição judaica, na literatura e no folclore. Ela é frequentemente apresentada como uma figura independente e rebelde, que se recusou a se submeter a Adão e foi, portanto, expulsa do Jardim do Éden”.  


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