sexta-feira, 9 de agosto de 2013

LACUNAS




LACUNAS

Me prostro encurralada
Entre as lacunas da vida.
Posso dizer que são aprovações
Posso acusar as traições
Posso degolar com a raiva
Posso ficar absurdamente triste
Posso me defender
Posso tudo e muito mais...
E escolho: apenas aceitar
Seguir adiante e viver
Ainda ressentida, porém aliviada.
Entre algozes e vitimas
Entre mentiras e verdades
Até onde submeteremos
Aos caprichos do “ego”?
Das ilusões e desilusões
Até onde estamos certos
Ou perdidamente errados?
Entre as frações do meu ser
E entre as frações de outros seres...
Vivenciamos de fato a nossa verdade
É o tal do salve-se quem puder...
Entre acusações e defesas
Entre integridade e honra
Fato é que em uma guerra
Não existem vencidos.
De todas as partes existem derrotados,
Vergonhas, mentiras e máscaras.
Uns ao final adquirirão sabedoria
Aprenderam com a dor de viver a realidade.
Outros oportunistas querendo ter razão
Aprenderam justificativas...
E tantos outros de nada aprenderam...
No abismo olho para Jesus
Que com toda bondade amou a humanidade
E morreu na cruz
Naquele instante há 2013 anos atrás
Quem estaria com a verdade?
Com a cabeça erguida
Sigo adiante um tanto constrangida
Com este sentimento de traição
Em carne viva, mas serena...
Porque na minha fração de verdade
Não fui vítima e nem algoz...
Fui um ser humano vivendo
Com o coração na busca constante...
Foi mais um aprendizado
E a certeza gritante
De tudo o que não quero ser.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza

PAUL FERRINI



PAUL FERRINI
O PODER DA ESCOLHA
UMA PRÁTICA ESPIRITUAL
 
Aqueles que se fazem de vítimas estão pouco dispostos assumir responsabilidade pelo que estão criando em suas vidas. Eles criam uma bagunça, pensando que não são responsáveis por isto, e esperam que outros resolvam a coisas para eles.

Uma vítima se sente impotente. Claro que ela não é realmente impotente. Ela poderia decidir, a qualquer hora, assumir a responsabilidade se investindo de sua própria autoridade. Mas ela finge que não pode fazer isso. E, freqüentemente, as pessoas acreditam nela. Elas acreditam na sua história e no seu choro. E depois de algum tempo, ela esquece que está fazendo o papel de vítima e começa a acreditar que realmente não tem qualquer escolha sobre a sua vida.

Este não seria um problema se outros o deixassem livre para ocupar-se de seus pensamentos ilusórios. Mas geralmente, ela atrai aliados - outras vítimas que reforçam juntas as mesmas ilusões - assim como atrai também seus “salvadores” - aqueles que precisam salvá-los do seu drama, alguém que tome decisões por ele, ou então que assuma uma falsa e imprópria responsabilidade pela vida deles.

Não apenas a promessa do salvador é sedutora para a vítima, mas também seu salvador se entrega como uma pessoa para ser o culpado, caso as coisas não funcionarem. Se o salvador não resolver o drama da vítima, isso agora se tornará a culpa do salvador. Nem é necessário dizer, isto de culpar os outros só fortifica a posição da vítima no papel dela.

Esta é a história geradora de abusos que está presente em todas as relações de co-dependência. Uma vítima atrai inevitavelmente um algoz/vitimizador ou um salvador/cuidador. Aquele que se recusa aceitar suas responsabilidades atrai outro, que não perde por esperar para assumir estas mesmas responsabilidades.

O problema é que os salvadores e os algozes têm uma atração compulsiva para controlar a vida dos outros. Qualquer responsabilidade que eles assumem implica em vínculos que aprisionam.

Vítima e algozes abrem mão do próprio poder. Às vezes é duro ver como o algoz faz isso. Mas a compulsão para cuidar ou para controlar outro ser humano nasce de uma insegurança profunda, de uma inabilidade para assumir a responsabilidade apropriada por si mesmo.

É por isso que as vítimas e seus algozes ou as vítimas e seus salvadores se atraem. Ambos estão se recusando a assumir a responsabilidade por si mesmos. Ambos são incapazes de fazer escolhas por si mesmos. Eles são co-dependentes. Cada um precisa do outro para decidir e cada um invariavelmente culpará o outro quando os problemas acontecerem, se multiplicando de forma intolerável.

Para se tornarem autênticos, cada um têm que retomar o próprio poder e voltar a decidir apenas por si mesmo.

Uma vontade livre é idêntica a uma habilidade para escolher. Ninguém pode ser autêntico se der o seu poder de escolha para outros, assim como também não podemos ser nós mesmos caso queiramos nos apossar do poder de escolha que é do outro. Cada pessoa tem que decidir ou escolher por si própria. Esta é uma verdade que desembaraça os nós da nossa encarnação. Qualquer tentativa para interferir com a escolha do outro é uma transgressão.

Pessoas que têm uma tendência para serem vítimas ou algozes ou cuidadores/salvadores, têm que aprender a apoiar em si mesmos e a fazerem as próprias escolhas. Para fazer isso, eles têm que se desembaraçar das relações de co-dependência onde são ignorados os limites dos territórios individuais e onde o poder e a responsabilidade é inapropriadamente entregue ou tomado de outros.

O QUE SIGNIFICA O AUTO-APÔIO?

O auto-apôio significa que a pessoa valoriza quem ela é e busca viver em harmonia com suas crenças centrais. Ela sabe como nutrir a si mesma, como estabelecer metas em sua vida e como orientar-se e mover-se em direção a elas. Ele encontra um trabalho apropriado, apóia a si mesmo financeiramente, cultiva suas amizades, constrói seus sistemas de apoio e aprende a viver de uma maneira prática no planeta Terra.

O auto-apôio significa que a pessoa não é mais dependente de seus pais ou de outra figura de autoridade para seu apoio. Ela não é mais controlada fisicamente por outros, nem financeiramente, nem emocionalmente, nem intelectualmente ou espiritualmente. Ela decide onde viver e como viver, decide em que acreditar, com quem quer estar e assim sucessivamente. Ela toma decisões por si mesma e assume a responsabilidade pelo que ela pensa, sente, diz e faz.

Tudo isso faz parte do processo de crescimento para tornar-se uma pessoa adulta. Um verdadeiro adulto não é dependente de outros nem é, inapropriadamente, influenciados por eles. Ele é independente e auto direcionado.

Claro que, ninguém cresce inteiramente antes de haver estado envolvido com outros intimamente. Muitos se casam e até mesmo tem filhos antes de saberem quem são. Quanto menos que eles sabem sobre eles mesmos, mais alta é a probabilidade deles traírem a si mesmos e os outros, com quem se relacionam.

Tomar o tempo necessário para saber quem você é tem seu valor. Assim é mais fácil viver em sua própria pele e ser honesto sobre quem você é na relação com os outros. Esta honestidade e clareza machuca menos os outros e a chance de abortar suas relações diminui.

Esta prática espiritual relaciona-se com o aprendizado em autorizar-se para sermos quem nós realmente somos. Diz respeito a dar-se a permissão para ser a pessoa única, autêntica que nós somos. Diz respeito a conectar com o nosso eu central, (core self) descobrindo e valorizando nossos talentos e ir fazendo aquelas escolhas que nos ajudarão a aprender e a crescer até a nossa plenitude como seres humanos.