sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

NUNCA SOUBE AMAR



NUNCA SOUBE AMAR

 
Fiquei digerindo o fato de não saber amar por alguns meses. Quando percebi que finalmente estava amando (lógico que estou falando do amor que existe entre o homem e uma mulher), me dei conta que não sabia amar.

 
Vou além. Em todas as relações nunca soube amar. Não soube amar a mãe, o pai, o irmão, a irmã, a amiga bipolar, o namorado, a Tia da Casa da Esperança, o amigo problemático da adolescência, o gato de raça de muito valor econômico, o vestido mais lindo e outros que não consigo recordar agora.  Perdia tudo e todos.

 
Percebi que amei de verdade quando gostava das pessoas. Quando gostava exclusivamente das pessoas, assim, gostar por gostar, sem interesse algum, a relação fluía, crescia e solidificava. E surgiram as amigas(os) de infância, o amor da mãe, do pai, do irmão, da irmã, as relações amorosas duradouras, os gatos pararam de fugir, os vestidos duraram. A ficha caiu: quando abro mão do amor (ou daquilo que pensava que era amor), ele se fortalece e não desaparece.

 
Não abri mão do amor por não amar. Abri mão do amor por amar demais e não suportar mais a dor. No meu conto de fadas o mundo e as pessoas tinham que ser como eu desejava, o outro deveria mudar por mim e todos deveriam me amar. O mundo não vai mudar por minha causa,  muito menos as pessoas e nem todo mundo vai me amar. Descobri que precisava mudar melhor dizer: desejei uma transformação íntima.

 
As pessoas não me tratam como eu gostaria de ser tratada, e sim, de acordo com aquilo que elas têm a oferecer. Uns tem mais capacidade de dar amor porque estão abertos, dão e não cobram; outros, não conseguem dar nada. Nada mesmo. Não estão abertos e não estão preparados, ainda não conseguem sentir que o amor liberta.

 
Dói muito relacionar-se com pessoas que não estão abertas, principalmente quando estamos abertos, nesta situação, o que devemos fazer é respeitar o tempo e o espaço do próximo. Esta atitude pode acarretar muita dor. Suporte. Porém, deixe o próximo ciente do seu amor. Ofereça um pedaço do seu coração, ou se for capaz, o coração inteiro e respeite. Saia de fininho com muito carinho, porque a semente foi plantada. O próximo passo é curar a sua dor. Tenha compaixão por você. Um conselho: em situações difíceis olhe para Jesus. Este é o melhor amigo, confesso, que por diversas vezes,  fui muito ingrata com ele, e nem por isto, ele me amou menos. Em momentos de desespero em vez de aceitar o que a vida estava me proporcionando, me revoltava. Questionava Jesus o por quê? Brigava, esperneava, xingava e chorava. Não possuía discernimento suficiente para amar e ter compaixão pela minha dor, por Jesus e quem dirá pelo próximo.

 
Não compreendia melhor dizer, não sentia; Jesus amou a humanidade e foi crucificado por amor. A maioria das pessoas conhece a história e não sente. Quando senti os ensinamentos dele de fato, aprendi a agradecer, a conversar, a ter compaixão, a amar o próximo, a ter paciência porque tudo e todos têm o seu tempo (e como é difícil exercitar a paciência)... Ouvir mais e falar menos, perdoar (muito difícil também),  reclamar menos, julgar menos, a ter mais educação, a ser mais tolerante e com isto, comecei a perceber e a sentir o amor de onde pensava que não existisse. E amei muito mais.

 
A dependência, a carência, o vício, o egoísmo, o egocentrismo e o ego são sentimentos dos quais nos iludimos achando que é amor. Perdemos o equilíbrio, cobramos, julgamos, acorrentamos, cerceamos a liberdade, a espontaneidade e destruímos as relações. O amor destruidor aprisiona faz com que percamos a noção do ridículo e acabamos perdendo o nosso amor próprio. Quando perdemos o amor próprio chegamos ao fundo do poço.

 
O pai por amar demais proíbe a filha, que por sua vez, foge para chamar a sua atenção. A mãe que por não ter alternativas deixa a filha para trás, que por sua se sente excluída uma vida inteira. A irmã cobra responsabilidade da outra, e por isto, tornam-se inimigas. A cobrança da amante ao amado silencia a relação e assim, um distancia do outro.

 
Percebi que a maioria das pessoas, assim como eu, não sabe amar. Com isto, tive compaixão por mim e por todos que rompi ou me afastei por não saber amar. E me perdoei. Com o tempo perdoei a todos. E se hoje, ainda tenho dificuldades nestas relações, paro, respiro, olho para a pessoa e simplesmente respeito. Amor verdadeiro volta com o tempo,  se não voltar, transforma.

 
Respeitar e silenciar são atos de amor. Não julgar é o ato de amor mais puro de todos. Sair de fininho, chorar no travesseiro, orar, colocar um sorriso no rosto para disfarçar a dor e a tristeza, cuidar de plantas, conversar com os animais, desejar a família unida, acolher sempre os amigos, abrir mão de uma vontade também são formas de amar. Não adianta gritar, espernear, ficar chorando sem parar, fazer-se de coitada para mostrar para o mundo que ama. Isso se chama pirraça e de gente pirracenta ninguém gosta. Afasta.

 
E quando não se sentir amado o “suficiente” tenha compaixão por você e busque o amor com reverência e muita humildade. Você vai sentir que o amor brota aonde você menos espera. Ele esta em todos os lugares, ele passa na sua frente toda hora. Busque o amor assim como quem busca um copo de água na cozinha para matar a sede e você será contemplado pelo amor. Aceite o que a vida te oferece de amor e não o que você espera.

 
E como diz a grande amiga escritora  Paula Jácome, que para mim é muito mais, por ser uma Semeadora de Estrelas, melhor dizer, uma SEMEADORA DE CORAÇÕES em um momento de “inspiração” cita: "É que a dor precisa fluir e ser sentida pra honrar pessoas e situações que, às vezes, não podem ser diferentes, quando não podemos fazer nada, quando a vida é maior do que nós. E, agora que aprendi que toda dor é um jeito triste de amar, de vez em vez me recolho ao silêncio e espero, quietinha, tanto amor se manifestar."

 
Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza