domingo, 30 de agosto de 2015

FERIDAS MATERNAS
PAUL FERRINI

Aqueles que têm feridas maternas têm dificuldade em aceitar a si e aos outros. Eles não se sentem merecedores de amor. Não sabem como nutrir a si mesmos ou às outras pessoas. Para atuar na vida, frequentemente constroem uma parede em torno de seus corações e não deixam alguém entrar facilmente. Eles têm dúvidas e medos como qualquer outro, mas rapidamente os escondem. Têm medo de sentir qualquer coisa. Não se dão bem com intimidades.

Há dois tipos de ferida materna. Uma vem da mãe ausente ou de cuidados maternos insuficientes. A outra vem de uma mãe dominadora ou de uma exagerada maternidade.

Pessoas que receberam insuficientes cuidados maternos não se sentem emocionalmente protegidas. Elas têm fome de amor e de aceitação e frequentemente envolvem-se em relacionamentos codependentes com mães substitutas, na tentativa de experimentarem a maternidade que não experienciaram durante o crescimento. São carentes e frequentemente esperam demasiadamente dos seus relacionamentos. Como resultado, seus relacionamentos frequentemente terminam em decepções e fazem ressurgir antigos sentimentos de abandono. Porém, mesmo as decepções amorosas não as livram da procura desesperada de aprovação e de apoio dos outros. Isto ocorre porque elas têm medo de ficar sozinhas. Experienciam intensa solidão e não sabem como encontrar a força interior para afirmar a si mesmas, bem como às próprias experiências.

Pessoas com este tipo de ferida materna necessitam aprender a dar a si mesmas a nutrição que foram incapazes de encontrar em suas mães ou em mães substitutas. Elas necessitam aprender a interiorizar e a abrir um espaço para si mesmas. Precisam cultivar o amor e a aceitação por si mesmas, a cada momento.

Por outro lado, pessoas que receberam demasiados cuidados maternos, frequentemente se sentem sufocadas ou controladas pelo amor da mãe. A mãe frequentemente as via como uma extensão delas mesmas e não disponibilizava limites saudáveis para a criança. A criança cresceu sentindo-se inapropriadamente responsável pela felicidade da mãe. Este é um fardo pesado para carregar.

As pessoas que apresentam esta versão da ferida materna têm dificuldades de cortar o cordão umbilical. Mesmo como adultos, são profundamente influenciadas ou emocionalmente controladas por suas mães. Elas necessitam cortar o cordão umbilical psíquico com suas mães e aprender a estabelecer limites saudáveis.

Se não cortarem esse cordão psíquico, não formarão sua individualidade. Não aprenderão a ser independentes e autosustentáveis. Não estarão aptas para receber a energia do Pai.

Há ainda outro padrão de comportamento que é típico de alguém com uma ferida materna. Este comportamento pode originar-se tanto de uma excessiva, quanto de uma escassa maternidade. Neste padrão há um corte forçado e prematuro do cordão, na vida da criança. Isto pode acontecer porque a mãe morre ou porque ela é abusiva, e a criança é forçada a dela se desconectar. Em qualquer dos casos, a criança descarta internamente todos os seus sentimentos. Ela se solta da sua mãe e torna-se independente bem cedo na vida.

Usando uma couraça sobre seu coração, acredita que não necessita de ninguém. A criança torna-se determinada a viver sem amor ou intimidade.

Ainda em outra versão desta mesma ferida, a criança parte para a guerra com a mãe opressora, lutando por sua vida emocional, expulsando a mãe para longe. No entanto, dela não se desconecta totalmente. Assim, a guerra continua ao longo da idade adulta.

Frequentemente, a pessoa com uma significativa ferida materna não tem filhos. Todavia, se os tem, pode afastar seus filhos para longe de si e forçá-los a se tornarem independentes prematuramente. Ela não será capaz de negociar a dependência dos filhos em relação a ela. Possivelmente, contratará uma mãe de leite ou deixará a criança com outros que possam desempenhar a maternidade. Ou, talvez, irá abandonar suas crianças, assim como ela mesma foi abandonada, quando criança.

A criança, uma vez adulta, não pode evitar transmitir alguma versão da sua ferida materna para seus filhos. Ele ou ela podem tornar-se como a própria mãe, ou podem ir para o outro extremo, numa tentativa de se protegerem da sua mãe. Todavia, se ele ou ela não trabalhar sua própria cura emocional, esta tentativa inevitavelmente falhará.

Gostemos disso ou não, sem fazer o nosso trabalho, passaremos adiante a nossa ferida. A menos que nos comprometamos a curar nossa ferida materna, projetaremos nossas dores sobre os outros. Se não recebemos ou não nos damos uma saudável maternidade, é improvável sejamos boas mães. Não saberemos simplesmente como fazer isso.

Muitas mães feridas abusam de seus filhos, rejeitam-nos ou mesmo os abandonam. As oportunidades existem, mas estas mães não estão conscientes de suas feridas. O comportamento da mãe é reativo e inconsciente. Elas não vêem ou sentem a dor que causam a seus filhos, porque elas nunca se permitiram sentir a própria dor.

Elas se sentem culpadas acerca de como trataram seus filhos, mas elas não podem acessar essa culpa. Ela está profundamente enterrada.

Trazer à tona tudo isto, a partir da superfície, pode ser uma proposta amedrontadora. O coração ferido preferiria não se abrir a tal situação. Não desejamos encarar nossa culpa, porque ela é apenas a ponta do iceberg. Uma vez que começamos a admitir nossa culpa e a sentir a dor que causamos aos outros, começamos a ver a raiz de todas as dores. Começamos a sentir o medo, o abandono, a crítica, até mesmo o abuso que experienciamos nas mãos de nossas próprias mães.

Se ainda não temos a coragem de assumir a jornada curadora através da nossa culpa e da nossa dor, continuaremos sentados no pequeno barril de dinamite emocional. Mais cedo ou mais tarde, alguém com o tipo certo de ferida materna penetrará em nossas vidas e riscará o fósforo. Gostemos disso ou não, as nossas feridas mais profundas estão fadadas a ter seus gatilhos acionados. Todos nos curamos, cedo ou tarde.

Podemos nos poupar de muito tempo e sofrimento se tivermos a coragem de falar sobre a nossa dor e de compartilhá-la com os outros. Isto não é fácil para a pessoa que reprimiu o seu trauma e enterrou a sua dor. Ela se magoa, mas guarda muito bem o seu segredo. Ela caminha através da vida com uma máscara de ferro que diz: “Estou ótima. Deixe-me só. Eu nada necessito de você”.

É claro que isto não é verdade. Ela necessita e muito, mas não deseja admitir suas carências. Nada procura exteriormente, nem permite que outros se intrometam. Ela se afastará de forma defensiva e terá dificuldades em relação aos outros. Rejeitará aberturas para amizade ou afeto, rejeitando amor e intimidade.

Desse modo, os outros aprendem a dar-lhe um amplo espaço. Assim, ela é abandonada novamente. No entanto, esta é uma dor pequena e familiar. E ela prefere afastar os companheiros potenciais, a abrir o coração a outro ser humano, com risco de pagar o preço temido. Em algum nível, ela sabe que já pagou este preço e não poderia se predispor a fazê-lo novamente.

Tal tipo de pessoa está dando voltas em torno de um enorme buraco negro psíquico na sua barriga, porque é ali onde o cordão umbilical foi cortado. É onde a ferida se encontra e permanecerá até que ela tenha a coragem de encará-la, tenha a coragem de pedir pelo amor e aceitação de que ela necessita tão desesperadamente.

Naturalmente, para a pessoa conseguir o que ela necessita, a máscara precisa cair. Ela deve se permitir ser vulnerável e carente. Ela deve abrir o coração e permitir que outros entrem.

Ambos, homens e mulheres podem ter esta versão de ferida materna, ou outras. Todos eles sofrem a incapacidade de receber amor.

Naturalmente, se não podemos receber amor, também não poderemos dá-lo. Se há uma ferida materna, há também a possibilidade de se encontrar uma ferida paterna. Frequentemente, quando o nosso relacionamento com a mãe é difícil, fazemos uma supercompensação e abraçamos a energia do pai com um zelo extraordinário. Ou então, nos tornamos como as nossas mães e atraímos um companheiro como o nosso pai, que é fraco, distante ou emocionalmente indisponível.

Muito pouco de um dos pais frequentemente significa bastante do outro. Em qualquer caso, perdemos o equilíbrio requerido pelo nosso psiquismo.

Todas as pessoas com a ferida materna devem entender seus padrões e trabalhar para curá-los. A menos que o nosso relacionamento com o princípio feminino seja curado, nossos relacionamentos com as nossas mães, irmãs ou padrões femininos não podem ser saudáveis. Além do mais, nós não estaremos prontos para o relacionamento correto com a nossa Fonte. Não nos sentiremos conectados com a essência do nosso Ser, porque é isso que a Divina Mãe é.

Todos nós, com feridas maternas, necessitamos aprender a deixar o amor entrar. Precisamos aprender como receber o amor incondicional e a aceitação da Mãe Divina. Precisamos aprender a dar o amor da Mãe a nós mesmos.

Paul Ferrini


SER AUTÊNTICO E AUTO AUTORIZADO EM NOSSAS RELAÇÕES COM OS OUTROS

Relações maduras permitem a cada pessoa ser quem é. Isso não significa que haja nenhum momento de tensão, transgressão ou confusão sobre os limites de cada um. Todas as relações experimentam estes momentos. Mas, em geral, as pessoas em relações saudáveis, apreciam um ao outro como eles são, sem precisar fixarem ou mudarem um ao outro. Isso significa que eles são livres para se serem quem são e não têm que usar uma máscara ou adotar um papel incômodo para permanecerem na relação. 

A pergunta "eu posso ser eu mesmo com você?" deve ser perguntada a respeito de toda relações que nós temos. Os amantes, os sócios, os amigos íntimos, deveriam estar perguntando isto um ao outro. As crianças deveriam estar perguntando isto aos pais delas. 

Se a resposta para esta pergunta for "Não", nós precisamos saber por que. É porque a outra pessoa não nos permite sermos autênticos ou é porque nós não confiamos em nós mesmos suficientemente para nos revelar completamente? Ou será uma combinação da nossa falta de confiança, por um lado e a falta de aceitação por parte deles, pelo outro? 

Geralmente, o grau em que nós confiamos em nós mesmos, em que falamos e agimos autenticamente, determinará o grau em que nós atraímos as pessoas que nos aceitam como nós somos. Quanto mais comprometidos com nós mesmos somos, mais tendemos a atrair outros que gostam de nós e nos respeitam como nos somos.

Paul Ferrini

(Traduzido do livro “ The Power of Love”)


UM CURSO EM MILAGRES PG: 96

Sempre que não estás totalmente alegre é porque reagiste com falta de amor em relação a uma das criações de Deus. Percebendo isso como “pecado”, tu passas a ser defensivo porque esperas ataque. A decisão de reagir desse modo é tua e pode, portanto, ser desfeita. Não pode ser desfeita pelo arrependimento no sentido usual, porque isso implica culpa. Se te permites sentir culpa, vais reforçar o erro ao invés de permitires que seja desfeito para ti.

6. A decisão não pode ser difícil. Isso é óbvio, se reconheces que já tens que ter tomado a decisão de não ser totalmente feliz, se é assim que te sentes. Portanto, o primeiro passo para desfazer isso é reconhecer que tu ativamente decidiste errado, mas podes, de forma igualmente ativa, decidir outra coisa. Sê muito firme contigo mesmo nisso e permanece plenamente ciente de que o processo de desfazer, que não vem de ti, está apesar de tudo dentro de ti porque Deus o colocou aí. A tua parte é meramente fazer voltar o teu pensamento ao ponto no qual o erro foi feito e entregá-lo em paz à Expiação. Dize isso a ti mesmo da maneira mais sincera possível, lembrando que o Espírito Santo vai responder plenamente à tua mais leve invocação:

Devo ter decidido errado, porque não estou em paz.
Tomei a decisão por mim mesmo, mas posso também decidir de outra forma.
Quero decidir de outra forma, porque quero estar em paz.
Não me sinto culpado porque o Espírito Santo vai desfazer todas as consequências da minha decisão errada se eu Lhe permitir.
Escolho permitir-Lhe, deixando que Ele decida a favor de Deus por mim.


Por: Sérgio Condé