quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

MEU CORAÇÃO DÓI E EU AGRADEÇO



MEU CORAÇÃO DÓI E EU AGRADEÇO
Publicado em 23 de janeiro de 2014 por Paula Jácome

Meu coração dói quando vê uma criança ser caçoada, uma animal ser maltratado, quando, sem razão, uma árvore mais velha (e mais linda!) que eu é cortada. Quando sente uma pessoa que desistiu da vida. Quando percebe a solidão nos olhos do outro.

Ele sangra quando alguém se aproveita de alguém, quando não experimenta, ou expressa, a compreensão, quando há violência no ar.

Meu coração grita, agudo comigo, quando vê gente passando fome, alguém negando um copo d`água, quando uma pessoa fica desprotegida, de casa, coberta e afeto. Quando doentes não são abraçados, quando as avós são deixadas de lado. Quando TODOS não são incluídos, acolhidos. Ele explode diante do descaso.

Meu coração se esmigalha quando uma tristeza não é ninada, me mostra, na alma do outro, quando o que fiz ou disse machucou, me ensina que eu errei. Ele apita quando gostam mais de dinheiro que de contato, quando a geladeira está cheia e o peito vazio, quando um amigo se afasta. Meu coração me deixa saber que não gosta quando gasto meu tempo com o que não me é essencial, quando distorço as prioridades, quando meu lugar está sendo, por mim, tomado.

Meu coração arrepia quando assistem e se empolgam e comentam sobre luta livre – pessoas estão sendo machucadas! Meu coração não gosta quando riem dos defeitos dos outros. Estranha o pessimismo do Jornal Nacional, a pressa das pessoas em ir embora pra fazer um monte de coisa sem sentido. Se sente muito desconfortável numa roda de fofoca.

Fica indignado quando qualquer um não demonstra um pingo de amor por si mesmo, quando se permitem ser abusados, quando filhos são deixados de lado. Filhos merecem mais presença que presentes! Ele se arrepia diante da normalidade que expressamos frente à atrocidades. Quando o trabalho é mais importante que a família (?). Se alguém erra e nem pede desculpas…

Eu tento fugir, verdade, fingindo não sentir, mas ele aperta, me torce, até que eu possa entender. Compreender que sou HUMANA, que a dor que o outro sente, é a minha dor também – essa é a nossa sina. Meu coração não me deixa esquecer. Ele sangra, berra, encolhe. Ele está conectado à todos, ao Tudo. Ele não conhece o tempo – ainda quer o abraço do pai cansado, o olhar da mãe preocupada…Ele precisa que o amor e a suavidade se espalhem pra que ele esteja verdadeiramente tranquilo. Ele espera e deseja que todos estejam bem, pra que ele possa realmente descansar.

Meu coração dói e eu agradeço. ELE É ESSE INSTRUMENTO MARAVILHOSO QUE ME MOSTRA O CAMINHO DO AMOR. O CAMINHO À DEUS. MEU CORAÇÃO SANGRA E EU AGRADEÇO. ELE ME ACORDA!