sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não Consertar




Quando nós permanecemos no coração, sabemos que há ninguém para consertar. Nem sequer temos que consertar as outras pessoas. Nem temos que nos consertar.
Para viver no coração, temos que jogar fora nossos programas de auto-ajuda e apenas nos focalizarmos em aceitar-nos como estamos neste momento. Para viver no coração, nós temos que jogar fora nossos programas missionários e apenas nos focalizarmos em aceitar outros como eles estão neste momento. Programas para a melhoria, salvação, redenção de si ou do outro são apenas diversões que nos levam para longe do real trabalho espiritual da prática da aceitação, de momento a momento.

Se as pessoas quiserem fazer uma viagem, eles são livres para ir. Nós não temos que interferir ou tentar dissuadi-los. Também não temos que tentar consertá-los com este ensino de "não consertar." Qualquer ensino pode se tornar uma vara que nós usamos para bater em nós mesmos ou nos outros. Isso é assim porque precisamos ficar longe de dogmas.

Caso quisermos permanecer no coração, precisamos ficar fora dos dogmas. Precisamos queimar nossos rolos de papiros, nossos mandamentos e livros sagrados. Eles também são distrações. Qualquer coisa ou qualquer um que nos diz o que fazer ou o que dizer ou o que pensar deve ser afastado. Para permanecermos no coração, temos que clarear a mente de julgamentos e preconceitos do passado. Quanto mais abertas nossas mentes são, mais fácil se torna descer ao coração.

Para permanecer no coração, podemos ter só uma autoridade. A autoridade não pode estar fora de nós, investido nas idéias, convicções ou experiências de outros, nem pode estar dentro da estrutura do nosso ego, investido nas idéias limitadas ou convicções que nós temos sobre nós mesmos. A autoridade deve estar dentro de nossas mentes, mas fora de nossos julgamentos e convicções estreitas. Deve estar dentro de nossos corações, mas fora de nossas emoções reativas, hábitos e adições. Nós não podemos submeter-nos à verdade de outra pessoa. Nem podemos nos submeter à "verdade" limitada do nosso ego.

O reino de céu está dentro de nossos corações, mas isso não significa seja fácil descobri-lo. Primeiro, temos que aceitar tudo o que está acontecendo em nossa experiência. Temos que aceitar nossas relações justamente com são. Temos que aceitar todos nossos pensamentos e sentimentos. Temos que deixar tudo entrar dentro de nós, tomarmos tudo em nossos braços, ou pelo menos tentar. Temos que viver com isto, estar com isto, respirar isto, mover-nos com isto, e mudarmos junto, quando isso mudar.

Requer toda nossa presença, toda nossa atenção, toda nossa paciência, toda nossa gentileza. E quando nos entregarmos a tudo disto, haverá um espaço claro que aberto no coração. Um silêncio. E naquele espaço e silêncio, a resposta que tanto precisamos virá, como o ar preenchendo o vácuo. Pode não ser a resposta final, mas é a resposta para agora. Nos mostra como proceder e dar o próximo passo.

E a resposta que entra no silêncio do coração é o movimento do Espírito em nossas vidas. A menos que possamos manter este espaço aberto, a resposta do Espírito não pode vir.

Quando nós ficamos quietos, entendemos que aquela resposta do Espírito não vem da mente do nosso ego limitado e medroso, mas da mente de Deus, da parte em nós que é unida ao amor, que não é envolvida com nosso drama de dor e sofrimento. Assim, esperamos. Colocamos de lado uma solução unilateral e esperamos a solução que honra todos os seres. Nós nos submetemos Àquele que sabe, que está em nós, mas bem além de nossa estreiteza. Esperamos pela consciência Crística nascer dentro dos nossos corações, das nossas mentes.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação