segunda-feira, 15 de junho de 2015

"TATÃO ROCHA"





TENHO O PRAZER DE CELEBRAR E COMPARTILHAR A HISTORIA DE GRANDE HOMEM..ALEM DE MEU AVO E MEU PADRINHO E O HOMEM QUE DEIXOU 1 LEGADO DE MUITO TRABALHO E RESPIEITO..E ME ORGULHO DE DIZER QUE SOU SUA NETA!!. VO TATAO.

Nesta segunda-feira comemoramos o 120º aniversário de nascimento do patriarca SEBASTIÃO VICTOR DA ROCHA, o "TATÃO ROCHA". Abaixo um texto que conta sua história, a saga da família ROCHA na região da Bacia do Rio Doce. Peço a todos os parentes que compartilhem, comentem e se tiverem fotos interessantes, não só do velho TATÃO ROCHA E DONA ZUZU, mas de membros da família, dos lugares onde viveram sobretudo a Sobrália antiga, que publiquem e façam seus comentários.

“É Rocha, negrada boa!”

A frase é de Sebastião Victor da Rocha, o Tatão Rocha, escrivão e comerciante, que completaria nesta segunda-feira, 15 de junho de 2015, o 120º aniversário de nascimento. 

Tatão Rocha foi um dos fundadores e principal mentor da emancipação político-administrativa de Sobrália, Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas, municípios vizinhos distantes cerca de 70 Km de Ipatinga.

Seus descendentes diretos , entre os quais me incluo como seu neto, estão espalhados pelos municípios na Bacia do Rio Doce e Vale do Aço, formando um grande clã, que se orgulha do passado de seu patriarca, exemplo para esta e futuras gerações. 

A saga da família Rocha na Bacia do Rio Doce (*)
(*) Pesquisa elaborada pelo historiador Oswaldo Arêdes Louzada Filho, neto de Tatão Rocha; Texto Fernando Rocha; Fotos Álbum de família.

Sebastião Víctor da Rocha, o Tatão Rocha foi casado com Zuleima Conceição da Rocha, a Dona Zuzu e viveram no século passado nesta região, a maior parte do tempo na vizinha cidade de Sobrália, distante cerca de 70 Km de Ipatinga.

O Sr. Tatão e Dona Zuzu tiveram treze filhos, sendo quatro já falecidos: Mirthes (Tarumirim); Miriam (Itanhomi), Rui (Rio de Janeiro) e Rúsvel (Sobrália). Estão vivos outros nove irmãos: Milva (Itanhomi), Rutinho (GV), Rubens (BH), Miréia (GV), Mirilandes (Sobrália), Mivalda (Iapu), Maria José (BH), Mione (Itabira) e Renato (João Monlevade).

Seus descendentes diretos estão espalhados por todo o Brasil e o exterior, mas se concentram em maior número especialmente na região Leste e o Vale do Aço, somando mais de duzentas pessoas entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

HISTÓRIA

A emancipação político-administativa das cidades de Sobrália, Engenheiro Caldas e Fernandes Tourinho, que pertenceram a Tarumirim e se separaram na década de 60, se deveu em muito à obstinação e poder de articulação política do “Sr. Tatão”, velha raposa do antigo PSD, um autêntico “pica-pau”, como eram conhecidos os pessedistas mineiros da época, de onde saíram grandes nomes da política nacional, tais como Benedito Valadares, José Maria Alkimin, José Aparecido de Oliveira, Juscelino Kubitschek,

José Augusto Ferreira, Tancredo Neves e por aí afora.

Tatão Rocha nasceu em 15/06/1895 e faleceu em 1982 em Ipatinga. Foi comerciante, escrivão de paz vitalício em Alvarenga, antiga Floresta e, Sobrália, onde foi eleito Vice-Prefeito na primeira eleição municipal pós-emancipação, em dobradinha com Miguel Pereira Santiago, também falecido. 

A ORIGEM

A saga dos descendentes da família Rocha em Minas Gerais, segundo levantamentos do historiador Oswaldo Aredes Louzada Filho, neto de Tatão Rocha, registra a presença do sobrenome também em cidades como Ubá, Guidoval, Sobral Pinto, Mutum, Divino do Carangola, Carangola, Caratinga, Conselheiro Pena, Conselheiro Lafaiete, Tarumirim, Itanhomi e Sobrália.
Tatão era o filho caçula de Juvenal Felizardo da Rocha e Maria Vicenza de Lima, cuja prole incluía ainda Inhazinha, Mulata, Raimunda, Aniceto e Efigênia, todos já falecidos, tendo nascido e crescido na região conhecida por Córrego dos Macacos , município de Entre Folhas, depois Inhapim e finalmente o Patrimônio do Cunha, hoje Tarumirim, indo parar em Sobrália na década de 40 do século XX.

Zuleima Conceição da Rocha, carinhosamente chamada de Dona Zuzu ou “Vó Zuzu” pelos netos, nasceu em Caratinga e era filha do mulato Raimundo Nonato e da doméstica Rita Maria de Jesus.

Até se mudar para Tarumirim, onde se casou com Tatão Rocha, em fevereiro de 1919, todas as pessoas da comunidade caratinguense dependiam de seu pai que era Ourives, para fabricação de suas jóias, principalmente as cobiçadas alianças matrimoniais.

Nos anos 30, os irmãos Albergaria, entre eles o Deputado federal, Jaeder Albergaria, dominavam a política na região de Tarumirim, onde imperava o coronelismo e o chamado “voto-cabresto”.

Foi então que cidades já emancipadas do município de Tarumirim, tiveram seus territórios novamente anexados , sendo a mais importante, a cidade de Itanhomi. 

A Vila de Taúbas, hoje a cidade de Sobrália, oficializada pouco antes, também pertencia ao domínio político de Tarumirim e foi para este ambiente de vida primitiva e rude nos anos 40, que se mudou ol casal Tatão Rocha e Dona Zuzu, a fim de continuar a criação da família.

Tatão Rocha sempre fora aliado dos Albergaria e, por influência de políticos ligados ao PSD, os “pica-paus”, tornou-se a partir de 1944, escrivão do Cartório Civil de Notas, ficando também responsável por toda a operação da Agencia dos Correios e Telégrafos, único meio de comunicação das pessoas na época. 

No início dos anos 60, Tatão Rocha, embora não tivesse freqüentado os bancos escolares, era o mais letrado e o mais importante líder político da antiga Taúbas. 

Incomodado com o abandono da localidade por parte dos políticos de Tarumirim, que só se lembravam que Taúbas existia às vésperas das eleições, Tatão Rocha articulou e conseguiu realizar uma reunião de convergência de todas as forças políticas do lugar, inclusive os “corta-goelas” da UDN, que eram da oposição, para discutir e iniciar a luta pela emancipação.

No início muita gente se engajou na luta, mas o processo era caro e demorado, incluía viagens, panfletos, documentos, até mesmo driblar funcionários da Prefeitura de Tarumirim, que escondiam informações para dificultar a emancipação.


UMA MÁGOA


Aos poucos, Tatão Rocha foi deixado sozinho na batalha pela emancipação. As viagens de trem para Belo Horizonte eram as mais caras e poucos o ajudavam, tendo de bancar do próprio bolso as despesas.

Mas o que mais o magoava era ouvir deboches e brincadeiras de mau-gosto dos “corta-goelas” e até de companheiros de partido mal informados ou mal intencionados.

Quase findando o prazo para que os municípios interessados em se emancipar concluíssem todo o processo, líderes políticos de Tarumirim resolveram dificultar e travar a emancipação de Sobrália, já que diversas lideranças influentes de Fernandes Tourinho e Engenharia Caldas, não gostaram nada de saber que passariam a pertencer ao município vizinho, ou seja, à cidade de Sobrália. 

Nesta parte é que se observa toda a sagacidade política de Tatão Rocha, que se articulou rapidamente com outras lideranças de Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas, contando também com a ajuda de amigos deputados, preparou na surdina toda a documentação necessária, surpreendendo os políticos tarumirinenses da época, seus antigos aliados, obtendo assim aprovação não só da emancipação de Sobrália, mas também numa tacada só, de Fernandes Tourinho e Engenheiro Caldas.

Os líderes políticos de Tarumirim não ficaram nada satisfeitos com Tatão Rocha e lhe deram o troco nomeando seu principal adversário, o “corta-goela” udenista Raul Pereira Neves como interventor, para assumir a Prefeitura sobraliense interinamente com a missão de preparar a primeira eleição direta e democrática do município. 

Mas, de nada adiantou, pois quem venceu nas urnas foi a dobradinha dos “pica-paus”, tendo o velho Tatão Rocha como Vice e Miguel Pereira Santiago, Prefeito Municipal, o primeiro na história de Sobrália. 

Pouco antes de morrer, Tatão Rocha revelou sua tristeza ao neto e historiador Osvaldo Arêdes Louzada , o Vadinho, sobre a emancipação: - Quando voltava de viagem, ao descer na Praça (Sobrália), alguns gritavam “Ô Sô Tatão, trouxe a cidade na mala? Solta a cidade Sô Tatão! Cadê a cidade Tatão?”, contou com os olhos marejados de lágrimas. 

O velho Tatão Rocha lembrou ainda que no dia 30 de dezembro de 1962, data da emancipação, “o deboche e descrença do povo eram tantos, que nem houve comemoração quando chegou a notícia confirmando o fato histórico e a concretização do sonho”.

Como principais companheiros na luta pró-emancipação, que não o abandonaram até a última etapa, Tatão Rocha mencionava: Marcelino Homem de Faria, Padre Jésus, Caetano Louzada, José Juca, Quincas Doutor,Zé Dentista, Zé Xandoca e Chico Ramos, entre outros já falecidos.


SUCESSOR


Numa pequena cidade de poucas pessoas letradas, Tatão Rocha era o principal líder e referência das pessoas, que o procuravam para ajudar a resolver todo o tipo de problemas, desde financeiros até sentimentais.

Já estava ficando velho, com problemas na visão fruto de um glaucoma, que o perseguiu e o deixou completamente cego no fim da vida, mas não escondia o desejo de deixar um sucessor na política, cujo sangue fervilhava em suas veias.

O filho predestinado era Rúsvel Raimundo da Rocha, cujo nome foi uma homenagem abrasileirada ao ex-presidente americano da década de 40, Theodore Roosevelt.

Rúsvel se transformou prefeito de Sobrália no mandato-tampão de apenas dois anos instituído pela ditadura militar entre 1970/72, para quatro anos depois, em 1976, eleger-se Chefe do Executivo para outro mandato de quatro anos.

Mas, uma tragédia interrompeu sua tragetória: em 15/01/77, quinze dias antes de sua posse, numa tarde ensolarada de domingo, Rúsvel, aos 33 anos de idade, faleceu tragicamente, vítima de afogamento na Lagoa Silvana em Ipatinga, quando participava de um churrasco com a família e amigos.

Todos os projetos, sonhos, que incluía uma candidatura futura à Assembléia Legislativa, foram interrompidos bruscamente e a cidade de Sobrália para a família Rocha nunca mais foi a mesma. “Está sempre faltando alguma coisa em algum lugar”, diz o historiador Osvaldo Arêdes Louzada, o Vadinho. 

Curiosamente, o vice Jacinto Contin, que assumiu o cargo, viria a falecer pouco mais de um ano depois em acidente automobilístico e a cidade de Sobrália acabou experimentando uma eleição fora de época.

Tatão Rocha e Dona Zuzu foram muito importantes para a educação da família, mas sobretudo para o surgimento de várias comunidades, tendo seus nomes inseridos definitivamente na história do Vale do Rio Doce e de Minas Gerais. 

Eram outros tempos , o casarão, o quintal enorme, os pombos no telhado, suas histórias... deixou saudades, mas a vida continua...

PARABÉNS TATÃO ROCHA! 120 ANOS DE HISTÓRIA E LEGADO POSITIVO PARA SOBRÁLIA E O VALE DO RIO DOCE.


HISTÓRIAS E CAUSOS/ESPÍRITO MARKETEIRO


Na década de 50, o velho Tatão Rocha, poeta, auto-didata, na frente do seu tempo, dava seus pitacos como marketeiro.

Para ajudar a alavancar os negócios dos amigos e sócios da Casa Louzada & Irmão na Vila de Sobrália, ele fazia textos comerciais em forma de poesias, que eram oferecidas em panfletos aos clientes, como propaganda do estabelecimento. 

Uma delas, com dez estrofes de cinco linhas cada, recebeu o título de “Brinde da Casa Louzada”. Veja alguns trechos da “propaganda” no português da época:

“O freguês que for ativo
For esperto e sabidão
Tendo de fazer suas compras
Aproveite esta ocasião
Gasta pouco e compra muito
Na Casa Louzada & Irmão.
O Oswaldo é o gerente
E chama o povo a atenção
O Zico faz todo esforço
Enche de fazenda o balcão 
Convida todos a virem
A Casa Louzada & Irmão.
Grande estoque de fazenda
De fazer admiração
Comprado o ano passado
Antes de haver alteração
Quinhentos contos de estoque
Tem a Casa Louzada & Irmão.
Fazendas, chapéus, calçados
Armarinho em profusão
A casa está sempre cheia
Que faz até confusão
Quem entra não sai sem comprar
Na Casa Louzada & Irmão.
Quem quiser comprar barato
Aproveita a ocasião
Vá na Vila de Sobrália
A título de exploração
E faça ao menos uma comprinha
Na Casa Louzada & Irmão.”


HOMEM CULTO


Homem culto inteligente sempre de livro na mão;
Que sabia dar valor uma boa redação.
“Diga com quem tu andas, e eu te direi quem tu és”,
dizia muito prá gente, - e recomendava ainda -,
saiba sempre proceder, 
o que mais vale nesta vida
é o que daqui não se leva, 
é viver, é saber viver”