terça-feira, 5 de julho de 2016

Percebo ainda tantos incômodos em mim, tantos desconfortos, críticas, resistências e contrariedades, e me pego pensando se algum dia isso terá fim, se algum dia vou me ver livre dessa parte minha que me espeta, me confunde, que é egoísta, auto-referente, que facilmente se ofende. Aí, como uma rolha que emerge do fundo de um lago, me vem um estalo, uma compreensão, de que isso nunca terá "fim" se eu não aprender a acolher e a amar essa mesma partezinha que tanto me pentelha. Minha criança birrenta às vezes chora, faz manha, tem raiva e inveja. É só uma criancinha. Eu a reconheço, lembro de sua face, e a honro quando a vejo. Peço perdão por tentar fazê-la calar a boca. Muitas vezes tudo o que ela precisa é de um abraço e de compaixão. Então tudo volta, magicamente, a estar bem.


Por: Nana Ferreira