Percebo ainda tantos
incômodos em mim, tantos desconfortos, críticas, resistências e contrariedades,
e me pego pensando se algum dia isso terá fim, se algum dia vou me ver livre
dessa parte minha que me espeta, me confunde, que é egoísta, auto-referente, que
facilmente se ofende. Aí, como uma rolha que emerge do fundo de um lago, me vem
um estalo, uma compreensão, de que isso nunca terá "fim" se eu não
aprender a acolher e a amar essa mesma partezinha que tanto me pentelha. Minha
criança birrenta às vezes chora, faz manha, tem raiva e inveja. É só uma
criancinha. Eu a reconheço, lembro de sua face, e a honro quando a vejo. Peço
perdão por tentar fazê-la calar a boca. Muitas vezes tudo o que ela precisa é
de um abraço e de compaixão. Então tudo volta, magicamente, a estar bem.
Por: Nana Ferreira