sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Devagarinho Sussurro


Devagarinho Sussurro
Publicado em 23/10/2014 por Paula Jácome

Estamos mais preocupados em ser vistos do que em ver. Em ser ouvidos do que em ouvir. Em ser curtidos do que em curtir, relaxar, nos divertir. E penso nisso… Nos efeitos disso. Desse viver pra fora, sem mim. Com a atenção nas expectativas dos outros.

Estamos o tempo todo correndo, atropelando, nos atropelando. Passando por tudo, sem ver nada. Seguindo pegadas, copiando opiniões, sem realmente nos perguntar. Correndo atrás de admirações vazias, que não enchem a alma. Seguimos como zumbis sem coração pulsante. Andamos solitários atrás de reconhecimentos de sermos melhores, maiores, sem encontrar ninguém. Sem encontrar conosco. Sem ser capaz de perceber ao menos o que queremos, nesse desespero de pertencer, nos perdemos.

Não observamos as belezas de agora à nossa volta, não conseguimos, muitas vezes perceber como nos sentimos diante do que ou de quem está à nossa frente. Ou nos perguntamos para que agimos assim ou assado. Para que queremos isso ou aquilo.  Apenas engolimos o que nos é apresentado e reagimos.

Não reconhecemos o que é essencial pra nós. Não vemos a beleza da vida lenta, que percebe a delicadeza do olhar, a maravilha do parar. Temos que correr atrás da pressa que nos tira a gentileza. Não é permitido parar, temos que chegar à algum lugar. Mas onde? E para quê? Para finalmente poder descansar? Quando a vida acabar ou eu não tiver mais forças pra experimentar? Aí, finalmente, vou viver? Será que vale à pena? Passar a vida sem alma, sem olhar pra nada além da pressa? Para ao final, só ao final, desfrutar?

Ver ao invés de querer ser visto. Ouvir mais que ser ouvido… Refletir e sentir sobre o que ou quem está ao meu lado. Sobre o que quero, o que gosto, o que preciso, essencialmente. Amar mais! Muito mais que querer ser amado!
Gosto de escrever à mão, gosto do sussurro da minha caneta do papel. Gosto de parar pra ouvir a risada das crianças na sala. Gosto do canto da cigarra, da cor da parede do meu quarto, de ver os passarinhos alimentando os filhotes no ninho. Ando devagarinho que até incomodo quem repara. Gosto de sentir o cheiro do que vou comer. De olhar no olho das conversas. Da fumaça do café. Da luz da floresta entrando pela janela do meu quarto. Da gata me acordar de madrugada, de tentar ver o infinito… Dentro e fora. Sou lenta e paro pra perceber a profundidade das almas. Com muito prazer…


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POMBA BRANCA


POMBA BRANCA

Às vezes me pego a pensar,
Mais 100% das vezes estou a sentir.
Todos os segundos são movidos por sentimentos,
Emoções e vivencias...
Oscilo entre os polos:
Do negativismo e do otimismo;
E está tudo bem assim,
Desde que: esta energia continue em movimento
E não se estagne mais.
Ando sem assunto, não sem inspiração,
Estou como um copo vazio!
O silêncio acompanha,
A benevolência age,
O Universo conspira,
A maresia conforta,
O único barulho advém do mar
Como um sussurro que alivia e pacifica...
Com os sentidos apurados
Estou sendo lapidada.
Vozes internas orientam com clareza,
Finalmente me entrego e confio.
Ainda apegada a sentimentos do passado,
Que aos poucos se distanciam...
É como se eles não me perturbassem mais,
Eles existem e simplesmente os deixo lá.
O passado é apenas um suspiro que alivia
E o presente uma glória contagiante.
Mudanças ocorrem quando almejamos plenitude,
Serenidade e paz de espírito.
Não é um caminho curto e fácil,
Dói muito e todos os dias surgem novas provações...
Todos os dias solto um sorriso, agradeço
E reverencio todas as oportunidades.
Sou forte o suficiente para me entregar
Ao desconforto deste caminho...
E assim, o copo vai enchendo aos poucos...


Por: Lucileyma Carazza