quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Paul Ferrini


Paul Ferrini
O verdadeiro preço da liberdade, não é o sofrimento, mas a responsabilidade. Em lugar de tentar fazer outrem responsável por seus erros, você os reconhece e aprende com eles. Você muda a sua maneira de pensar e agir. Começa a pôr ordem na desordem que fez.
Este planeta é um laboratório de aprendizagem que o habilita a aprender a criar as condições que sejam as melhores para o bem comum. Neste momento, seu jardim planetário está tomado por ervas daninhas, por não haver sido cuidado de forma terna ou responsável.
Mas isso pode mudar. Você pode aprender a assumir responsabilidade. Você pode plantar novas flores e árvores, regar o solo e arrancar as ervas daninhas. Ao zelar cuidadosamente por suas criações, elas começam a vicejar.
O que você ceifa na época da colheita depende do que você semeia a cada dia. Portanto, considere cuidadosamente o que você pensa, sente e faz.
Não avance cegamente, levado por sua incerteza, sua raiva e seu medo. Você já não pode mais criar desde esse lugar.
Quando volta ao jardim, você é diferente do que era ao deixá-lo. Você partiu disposto a expressar sua criatividade a qualquer custo. Você volta humilde e sensível às necessidades de todos.
Retorna não apenas na condição de criatura, mas também como criador, não apenas como filho do homem, mas também como filho de Deus.
 
Colocado de modo simples: Ser ou não ser o sujeito da própria vida? Eis a questão.
Se eu não sou o sujeito da minha vida é porque deixo outro escolher por mim e então, eu posso presumir ( no auto engano) que o outro deva ser o responsável pela minha vida.

Aquele que assume responsabilidade pela vida de um outro adulto torna-se codependente em uma relação disfuncional.

O codependente é aquele que vive a vida do seu dependente como se fosse a sua vida, como um menino que brinca de assumir o controle remoto de seu carrinho e se satisfaz em exercer o controle, sentindo-se então importante na sua função de poder sobre seu objeto.
Acontece que, para o dependente, o não fazer escolhas é na verdade uma escolha velada, ou seja, uma escolha não assumida que atribui ao outro, ao codependente, a responsabilidade pelos resultados da sua interferência de querer decidir por ele.

Aqui a responsabilidade atribuída ao codependente pelo dependente toma a forma de culpa, de culpa projetada no outro acompanhada de raiva, rancor, mágoa e ressentimentos.
Negar e projetar a própria culpa é uma forma do dependente não assumir responsabilidade pela sua passividade diante da própria vida.

Onde um codependente não delega a responsabilidade que deveria ser delegada ao dependente por sua própria vida, por achá-lo incapaz ou doente e o dependente, por sua vez, aceita isso, teremos uma relação disfuncional.
Então o dependente acaba por acreditar na ilusão de que é mesmo incapaz de assumir responsabilidade por sua própria vida e, fazendo-se vitima, usa seu estado deprimente para deixar o seu codependente culpado. Solução.

1) O codependente deixa de fazer escolhas pelo outro e passa viver sua própria vida, cortando assim o cordão umbilical. Reconhece que ser um salvador do outro é uma pretensão e que salvar significa na verdade o oposto, é infantilização do outro, mantê-lo na condição de objeto e não de sujeito.
2) O dependente assume a responsabilidade pela própria vida fazendo-se sujeito e responsabilizando-se por suas escolhas. Só assim, irá aprender com seus erros até um dia acertar.

 Isso implica para o dependente, sair da zona de conforto, significa enfrentar o próprio medo e testar na realidade a própria capacidade de enfrentar a vida sozinho e assumir o peso da liberdade que vem junto com a responsabilidade.
Quando o dependente se decide aventurar nessa direção funcional, ou então, o codependente passa a ser funcional e decide viver sua própria vida se desvinculando neuroticamente, o dependente está sujeito a recuar por medo de não dar conta, como um pássaro que se recusa a dar seu primeiro vôo e prefere regredir para o velho lugar da vitima, um lugar sofrido, porém seguro como um ninho, porque é um lugar que já lhe é conhecido.

Neste recuo do dependente para uma crise aguda, o codependente é forçado, ou melhor, é tentado a voltar ao seu lugar antigo onde será ele que terá que fazer alguma coisa e decidir algo que, como sempre, não irá funcionar.
Por isso é dado o nome de relação disfuncional à essa dupla de repetidores sofridos. Ao codependente é importante aceitar a crise regressiva do dependente com confiança e não fazer nada a não ser entregar seu controle remoto ao dependente para que ele mesmo assuma sua direção na vida.

Ao dependente é necessário reconhecer sua crise como um medo de voar e, reconhecendo isso, confiar em si mesmo. Apesar do seu passado atestar sua incompetência, ele deve aceitar o desafio do crescimento, pois se o ninho agora é tão opressivo a ponto de levar à insanidade, o vôo é libertador porque liberta da dor e conduz à aventura. Paz
Sérgio Condé

Rudolf Steiner



Forjando a armadura
Nego-me a me submeter ao medo
Que me tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada
Que me torna pequeno e mesquinho
Que me amarra.
Que não me deixa ser direto e franco
Que me persegue,
que ocupa negativamente minha imaginação,
Que sempre pinta visões sombrias.
No entanto, não quero levantar barricadas por medo do medo
Eu quero viver, e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por ter medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro e não para encobrir o meu medo...,
E quando me calo quero fazê-lo por amor
E não por temer as consequências das minhas palavras
Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar
Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros pelo medo de que possam impor algo a mim,
Por medo de errar, não quero tornar-me inativo.
Não quero fugir de volta ao velho, ao inaceitável,
Por medo de não me sentir seguro de novo.
Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de que, senão, poderia ser ignorado.
Por convicção e amor
Quero fazer o que faço
E deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor
E quero crer no reino que existe em mim.

Poema de Rudolf Steiner