segunda-feira, 4 de junho de 2018


PROPÓSITOS




PROPÓSITOS

Em diversos momentos
Estive longe...
Da essência do meu ser
Fui como água corrente
Que tempo levou.
Das adversidades
Um propósito:
O regaste da mulher que eu sou.
Sinto muito amor
Mas o meu amor por mim é maior
Minha vingança
É apenas o reflexo da sua alma.
Sinto muito
A cicatriz está exposta
Mas a cura é imediata
Não sou terreno baldio
Sou solo sagrado

Por: Lucileyma Carazza

APENAS UMA HISTÓRIA DE UM COMERCIAL DE MARGARINA



APENAS UMA HISTÓRIA DE UM COMERCIAL DE MARGARINA

Toda história tem várias versões e várias frações. Não somos apenas um momento, somos vários fragmentos.

Talvez este seja o fim, mas prefiro acreditar que é apenas o recomeço.

Nem todas as “tríades” são sagradas como: “Pai, Filho e Espírito Santo”; talvez por tabus ou preconceitos, mas acredito fielmente que somos capazes de amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, por afinidades, interesses, empatia, sintonia e sexo.

Existe uma tríade real ao qual sou adepta: pai = cérebro, mãe = coração e filho = ventre(útero); nós seres humanos oscilamos nesta energia, às vezes, nos encontramos, e outras vezes nos perdemos, pois, muitas das vezes vivemos racionalmente, outras vezes emocionalmente e muitas outras instintivamente. O certo seria estarmos conectados em nossos corações, mas na realidade estamos sempre perdidos entre o racional, emocional e o instinto...

Voltando a Tríade da história... o motivo desse texto...

Um caso de amor e guerra, onde nos expomos aos melhores e piores sentimentos. Vivenciamos a luz e as trevas... sim... nós três... tenho certeza.

- Posso dizer por que presenciei o pior que existe em mim. - Sim! Me relacionei pela primeira vez na vida com uma pessoa comprometida... não foi muito difícil me relacionar, aqueles olhos azuis de pescador me fisgou de um jeito... A partir daí foram mensagens, telefonemas e encontros calorosos. Por um tempo acreditei que ele tinha dúvidas e que não era feliz... Foi tão fluídico, para não dizer fácil, possuíamos afinidade e muita química. Na minha cabeça, homens que estão no início de um relacionamento não são capazes de trair, por estar envolvido por demais... mas foi uma ilusão... minha...

Nessa história passaram-se meses, dos quais ele vinha em minha casa semanalmente, lógico, no horário em que você estava trabalhando, ele também dormiu aqui algumas vezes... até que um dia... ele viajou com você e postou  fotos românticas da viagem... Fiquei com ódio e te disse tudo sobre a vida dele, mas você preferiu acreditar nele. O pior foi que: uma semana depois ele voltou como se nada tivesse acontecido.

Continuamos com esse romance controverso... sim, eu me apaixonei por ele. Ele é integro, atencioso, inteligente, trabalhador, prestativo e incrivelmente sexual...

- Quanto a mim? Não enganei ninguém, a não ser a mim mesma...

Nos sentíamos culpados, pois, somos pessoas íntegras e queremos o bem comum... terminávamos e voltávamos todas as semanas... um cabo de guerra emocional, racional e sexual sem fim...

Posteriormente, bebi algumas garrafas de Chandon e enlouqueci. Sentei na porta da sua casa. Queria descontar toda a minha raiva, prejudicar esse relacionamento de “comercial de margarida”... só que, para minha surpresa, ele quem chegou, e não, você... Fui tão cruel, pois, descontei em uma criança linda a minha raiva... Ele entrou em desespero e só sabia chorar pela família... pensei que naquele momento teríamos colocado um ponto final, afinal, nenhum homem confiaria em uma mulher capaz de despejar a verdade no ventilador. Nenhum homem confiaria em uma mulherzinha (foi disso que ele me chamou)...

Doce ilusão, uma semana depois, estava ele na minha casa, na minha cama e em meus braços... desde então, nunca saiu... sempre esteve aqui...

Me sentia tão mal... pequena, vulgar, puta... mas no fundo eu não era nada disso. Sou centelha divina, sou solo sagrado e simplesmente amei um homem que amava outra... no fundo, nós dois sabíamos que ele amava as duas e que não conseguia viver sem elas...

Todas as vezes que os via na rua, quase morria (no bar, na lanchonete, no beco, na sorveteria, na igreja, na rua) todos encontros casuais... com isso, parei de sair para não ver e não sentir dor e culpa.

- Senti! Muita culpa... me coloquei no seu lugar... tentei deixar essa história para lá muitas vezes, mas, ele sempre voltava e eu sempre abria a porta... nossos encontros eram como êxtase.  A droga te leva ao céu e posteriormente ao inferno...

Amo e te amei, nessa vida e em outras também. Às vezes me pergunto o que estou plantando, o que estou colhendo? Porque simplesmente não me liberto e esqueço essa história. O que preciso aprender ainda?

Por vezes me peguei olhando para essa família de “Comercial de Margarina”... poxa! Precisava ser tão cruel? Morar do lado da minha casa, frequentar a mesma igreja...

Morri quando ficou noivo, quando comprou o apartamento, quando colocou aquela aliança gigantesca, quando constituiu união estável para beneficiar filhos, quando chegava com aquela gargantilha de prata e com a foto de vocês entalhada...

Morri quando ficou doente por não poder estar ao seu lado... morri quando veio a minha casa no momento que ainda deveria estar em repouso... fizemos amor... para mim sim... eu não faço sexo, e sim, faço amor... fiz amor todas as vezes que estive com você...

Morri todas às vezes que viajou com a família, todos aniversários, festas comemorativas em que não estivemos juntos... eu sozinha... você aí... vivendo e curtindo muito...

Morri muito mais quando me ligou bêbado e veio até a minha casa... eu, dormindo... você trabalhando em uma construção com o irmão mais velho... você chegou com um sorriso lindo e todo sujo... fizemos amor... como só dois escorpianos sabem fazer... dormimos... você só chegou às 5 da manhã em casa porque tive compaixão... Mas para uma família “Comercial de Margarina” isso não é nada demais... é só ir ao shopping que tudo se resolve...

E hoje... - Hoje??? Você defende o comercial e esquece dos seus pecados, da cumplicidade e da vivencia. Você faz questão de me lembrar que sou apenas uma mulherzinha...

No fundo sabemos muito bem quem somos... Somos duas mulheres incríveis, objetivas, práticas e independentes vivendo com um homem mergulhado em medo e mentiras...

São três anos... três anos... talvez eu não me ame... mas e você?

A sua enfermidade é apenas o seu medo de perder a “Familia Comercial de Margarina”. A sua enfermidade é apenas o seu reflexo nas pessoas, o seu julgamento e o pânico das pessoas que você ama descobrirem quem você é.

Você não errou por amar duas mulheres! Você errou em enganar essas mulheres, na verdade você enganou a si mesmo!

Que Jesus perdoe os “meus” (nossos) pecados...

Por: Lucileyma Carazza