quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

BESOURO


Assim fui chamada recentemente.
Na hora não gostei.
Porque os besouros andam em estercos.
Vivem na merda...
Depois ouvi a explicação:
O besouro voa sem ter a mínima condição de voar.
A aerodinâmica não lhe dá a mínima condição de voo,
E mesmo assim, ele voa.
E assim é você.
Voando como um besouro.
Na hora dei boas gargalhadas...
Com o tempo senti angustia...
Tão pouco tempo e já percebeu o segredo.
O segredo de não ter condições de voo.
Assim me entrego.
Paro de fingir,
Que não preciso de nada.
E assim te espero.
Sonhando...
Com um pouco de esperança,
Antes inexistente em mim.
Por favor volte.
Volte  e me proporcione um momento de voo.
Com condições favoráveis.
Estou cansada e preciso descansar ...

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza

O FIM DA ESTAÇÃO



Gratidão pelo amor que nasceu em mim.
Gratidão por ter dado o primeiro passo, ao seu lado,
Para a cura da raiva existente em mim.
Estes aprendizados vão ficar.
Percebo que estamos em uma encruzilhada.
Já me coloquei, no seu lugar, um milhão de vezes.
Consigo perceber a dificuldade,
O medo de se apegar.
O pavor de perder a liberdade.
E egoisticamente falando, chego a pensar:
A liberdade foi uma conquista árdua? Ou, apenas mais um esparadrapo na alma?
Tipo assim: estou livre e feliz!
E vejo uma dor.
A dor de por várias vezes ter deixado de ser,
Por sentir-se constantemente preso a um presente não idealizado.
Vivenciando o que tem para hoje,
Sempre com indigestão.
Esta foi uma constante em sua vida.
Com isto, o passado ficou cheio de “se”.
E um presente, que não se liberta deste ciclo-vicioso,
Para tornar-se virtuoso,
Surge com as desculpas e as justificativas:
“Tem pouco tempo que nos conhecemos.
A falta de tempo,
Preciso trabalhar,
Tenho muita coisa para fazer e;
Vai se acostumando,
A minha vida é uma correria assim...”
Ressalto que amor é suspiro.
Sem justificativas...
E suspiro!
No íntimo, sei que o que ele mais quer é  preservar a família desconstituída.
Provar para família sanguínea e para toda a sociedade,
Que não é mais aquele moleque libertino de cabelos longos encaracolados.
E com isto, 24 horas é pouco.
Pouco para sentar, respirar e curtir tudo aquilo que o universo lhe proporciona hoje.
E aceitar?
Sim, aceitar definitivamente o que tem para hoje.
E sentir que aquele moleque libertino é o “mais legal de todos”.
Com isto, olho para mim.
Não sei se é o meu ego querendo me afastar de ti.
Porque o meu ego é assim,
Faz-me correr das pessoas que amo.
Ou se é o  meu egoísmo,
Ou apenas, uma compaixão por mim mesma.
Só sei que existe uma ansiedade em mim.
Causada pelo tempo e pela falta de tempo,
E por todas as justificativas.
Tentei dizer sem julgar e apontar.
Aquele apontar com o dedinho,
E solto um sorriso,
Porque me lembro de ti!
Ainda não consigo não julgar e não apontar,
Porque ainda estou aprendendo a conversar.
A falar principalmente de mim.
Que é o único ser, do qual posso falar.
Com uma certeza no peito: abro mão.
Abro mão de mim e de você.
E de toda a doçura existente em nós.
Não quero um buraco negro no peito.
Não quero ficar mais triste e nem muito menos fazer cobranças.
Não do seu lado.
Não sei ser light não sendo.
Sou intensa mesmo!
Também não quero ser vista como uma coitada chorona.
Muito menos nos colocar em situações constrangedoras.
E definitivamente! Não quero mais me sentir excluída da vida deste homem.
Deste homem de ombros largos e com mãos reveladoras.
Que conscientemente precisa andar só,
E, inconscientemente, precisa do porto seguro e da paz encontrada.
Sinto uma dualidade,
Que me causa ansiedade.
E aquele romance de uma estação só?
Talvez tenha sido o mais intenso da minha vida.
E agora? Quero e preciso descansar.
Porque um coração ansioso trabalha demais.
Vamos aquietar as nossas vidas.
Por isto, hoje e sempre, abro mão de você.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza

Monstros de Gelatina

E os filhos crescem e chegam em casa mostrando que a tarefa deles é a produção de um texto, e ainda dizem que só a gente pode ajudá-los a fazer isso. Mas aí, na hora que você vai ajudar, ele já fez tudo sozinho… E só me restou ficar orgulhosa…
“Foi uma vez que existia um reino lindo com muitos habitantes! O Rei era corajoso e muito forte. A Rainha era inteligente e boa. A princesa, meiga e gentil.
Um dia, ela caminhava na floresta e achou um monstro de três metros de altura. Correu e, aí, no castelo, estava tudo em gosma. E ela viu que o monstro já tinha passado lá, e ficou com sua família. E o monstro estava lá quando ela chegou, lutando com o príncipe. E ele ficou dentro do monstro, todo de gelatina.
Aí, lá em cima, um guarda, dos poucos que sobreviveram, tomou a gosma e ele adorou! E, ao rei, falou:
- Rei, o monstro é comestível.
- Então avise ao príncipe, ingênuo!
Chegando lá, ele disse:
- Dá pra parar de lutar um minuto?
E o príncipe e o monstro pararam. E o guarda cochichou para o príncipe:
- O monstro é de comer.
E, sem perguntas, o príncipe comeu o monstro e se casou com a princesa.
E viveram felizes eternamente!”
E, apesar de genial, pelo menos pra mim, que sou a mãe, meu filhote sentiu medo de ler o texto na escolinha, em frente à todos os coleguinhas… Uma pena…
- Oh filho… Por que não leu o texto na sala?
- Fiquei com medo…
- Mas medo de quê?
- Das pessoas rirem de mim…
- Mas você nunca vai saber se elas vão rir de você, se não tentar ler. Esse medo é de uma coisa que ainda não aconteceu, que está só na sua cabeça. E ela está te atrapalhando, porque você fez essa linda história e não mostrou pra ninguém… Olha que triste… Seria legal você enfrentar o medo, como o príncipe, no seu texto, enfrentou o monstro…
Ficou olhando pra mim um tempo, parado, pensando:
- Ah, tá! Entendi. O medo é igual ao monstro. Ele, na verdade, não é um monstro, ele é de mentira, de gelatina.
Aí, EU parei e pensei, pensei e pensei:
- Isso, meu filho! Isso mesmo!
E fiquei mais uma vez orgulhosa, e, apesar de não ter sido exatamente o que eu disse… Não é que é isso mesmo?
Não é que os medos, as vergonhas, os ciúmes, as inseguranças as quais reagimos todos os dias, esses monstros horrorosos que nos paralisam, que nos impedem de ser quem somos, de dar o melhor que temos, de ser livres, de ser inteiros, de falar o que queremos… Não é que esses monstros, na maioria das vezes, são falsos? São coisas que inventamos, que não experimentamos, que nem tentamos, que estão ou no passado ou no futuro da gente?
Coisas que a gente imagina, só imagina, que podem acontecer, coisas que a gente não tem coragem de enfrentar, com medo e rirem da gente, de não concordarem com a gente, de a gente fazer papel ridículo, da gente não ser aprovado… Como se precisasse de certificado pra ser gente?
E, quando experimentamos, bum! Muitas das vezes descobrimos que o monstro é de gelatina, que não era tão horrível assim, e que a gente tá fugindo à toa, que a gente pode vencer ele. E, pode ser, pode ser… Que até gostemos do sabor!
Do sabor de provar a vida!
 
Por: Paula Jácome - http://chaentreamigas.com.br/?p=6180