terça-feira, 12 de julho de 2011

Abandonando Nossas Histórias



Nossas histórias do passado reforçam nossos medos e justificam nossos rituais de autoproteção. Sempre que nos conectamos com aquilo que queremos, também nos conectamos com todas as razões do por que não podemos obtê-lo. “Eu quero deixar meu trabalho, mas não posso... Eu quero comprometer-me com este relacionamento, mas não posso.” E assim, sempre, infinitamente. Queremos trazer nova energia às nossas vidas e, ao mesmo tempo, manter os nossos hábitos antigos. Queremos mudar, mas
temos medo.


De algum modo, preferimos nossa dor tal como ela é, porque é conhecida por nós. Pensamos que se fizermos uma mudança nas nossas vidas, as coisas poderiam piorar. A dor poderia ser maior. Preferimos uma dor conhecida a uma que desconhecemos, um sofrimento familiar a um não familiar.

Nossos egos estão profundamente comprometidos com o status quo das nossas vidas por ser algo previsível. Eis porque os planos heróicos do adulto espiritual para a transformação de nossas vidas, são inevitavelmente sabotados pelos medos da criança ferida, que não imagina que ela possa ser amada, portanto não pode ter uma visão da
vida sem dor. Para a criança interior ferida, qualquer promessa de libertação da dor é um truque que nos induz a baixar as nossas defesas, tornando-nos vulneráveis ao ataque.

Assim, nossos medos nos mantêm fechados para a possibilidade de uma mudança significativa em nossas vidas. O que dizemos que queremos não é realmente o que queremos. O adulto espiritual e a criança ferida são estranhos um para o outro e, quando isso acontece, a criança ferida sempre ganha. Infelizmente, isso não leva à felicidade nem da criança, nem do adulto. Leva tão somente ao prolongamento dos nossas já conhecidas dores e sofrimentos internos.

Então, nesse ambiente ambíguo da psique em guerra consigo mesma, entram em cena uma variedade de profissionais que se propõem a consertá-la: psiquiatras, conselheiros, pregadores, gurus de autoajuda. Cada um reivindica ter a resposta, mas cada solução
oferecida e recebida, apenas enquadra o problema. Quando pensamos que há algo errado conosco, reforçamos nosso desmerecimento. Quando tentamos nos consertar, reforçamos nossa crença de que algo em nós está quebrado.

Os profissionais empenhados a nos consertar acreditam em nossas histórias de rompimento e tentam nos curar. Eles reforçam nossas histórias. Se nossa história não é suficientemente atraente, eles nos ajudam a torná-la mais densa. Tudo gira em torno de um grande drama de pecado e salvação. Nunca lhes ocorre, nem a nós, que talvez nada esteja quebrado, que talvez não haja nada em nós que precise ser
consertado. Nunca se dão conta, nem nós, de que o único aspecto disfuncional em nossa situação é a nossa crença de que algo está quebrado, nossa crença de que nunca conseguiremos o que queremos.

Os problemas externos que observamos nas nossas vidas são projeções dos conflitos internos: “Eu quero, mas não posso ter.” Se nos permitíssemos ter o que queremos, ou se parássemos de desejá-lo por sabermos que não podemos tê-lo, esse conflito cessaria. Ter o que queremos, ou aceitar que não o podemos ter, põe fim ao nosso conflito. No processo, isso acaba com a nossa história.

Se tivermos o que queremos ou se houvermos obtido nossa paz em relação a não o termos, não teríamos mais história. Não haveria drama a procurar. Para manter em curso o drama da busca, você não pode encontrar o que está buscando. Encontrar amor, felicidade, alegria,etc., acaba com a história. “E eles viveram felizes para sempre...” Fim da história. Drama encerrado. Agora, o que segue?

A verdade é que não estamos prontos para abrir mão de nossos dramas. Nossa história tem-se tornado parte de nossa identidade. Nossa dor faz parte da nossa personalidade. Sem a dor, não sabemos quem somos. Abandonar nosso drama significa deixar o passado dissolver-se aqui e agora.

Se podemos fazer isso, já não importará o que aconteceu no passado. O Passado não tem poder. Não existe mais. Estamos escrevendo em uma lousa em branco.

Isto significa que agora somos totalmente responsáveis pelo que escolhemos. Não há mais desculpas. Não podemos culpar o passado ou o nosso carma pelo que acontece, porque não há mais passado, não há mais carma.

Quando deixamos de interpretar nossas vidas baseados no que aconteceu ontem ou no ano passado, o que acontece é neutro. É o que é. Não há sobrecarga.

A liberdade de se estar completamente presente e responsável neste momento é amedrontadora. Muito poucas pessoas desejam isso. A maioria das pessoas quer usar seu passado como um laço em volta do seu pescoço. Elas insistem em carregar suas cruzes e usar suas coroas de espinhos. Desse modo, se forem crucificadas, poderão dizer “Eu lhe falei que isto iria acontecer.” Outra profecia de autorrealização! (Another sel-fulfilling profphecy)

Nós permanecemos no drama porque o amamos. Ficamos arrastando nosso carma conosco porque estamos apegados a ele. Então, temos que curar todas as feridas imaginárias que pensamos ter. Não importa que estas feridas não sejam reais. Elas são reais o bastante para nós.

Assim, o drama continua. Procure, mas não encontre. Quero, mas não posso ter. Quero ser livre, mas quero também minha segurança.

Você não pode dizer a uma pessoa que está na prisão, recebendo três refeições por dia, que a liberdade é a sua própria segurança. Ela quer aquelas três refeições ao dia, não importa o que aconteça. Aí sim ela poderá falar sobre liberdade.

Quando você está apegado ao que já tem, como pode trazer qualquer coisa nova para si? Para trazer algo novo, fresco, imprevisível, precisa entregar algo velho, estagnado e habitual.

Se quiser que o criativo se manifeste dentro de você, deve entregar tudo o que não é criativo. Então, no espaço criado por aquela entrega, a criatividade entrará correndo. Se a xícara está cheia de chá velho e frio, você não pode despejar chá novo e quente nela. Primeiramente tem que esvaziar a xícara e, então, poderá enchê-la novamente.

Se você quiser abandonar seu drama, primeiro descubra qual é o seu investimento nele. Qual é o seu ganho por não encontrar, não se curar, não viver feliz para sempre?

E, então, seja honesto. Se não quiser abandonar a sua dor, fale a verdade. Diga: “Eu ainda não estou pronto para abandonar a minha dor”.Não diga: “Eu gostaria de acabar com a minha dor, mas não posso”. Isto é tudo. Você poderia acabar com isso, mas escolhe não fazê-lo. Talvez você aprecie a atenção que recebe sendo uma vítima.

A maioria das pessoas que reivindica estar no caminho espiritual, está apenas andando em círculos. Sempre estão dizendo: “Sim, mas...”. Sempre estão apresentando desculpas. Para a pessoa que aprendeu a aceitar sua responsabilidade, não existem desculpas. Ela sabe que tudo lhe pertence. Isso não tem nada a ver com mais ninguém.

Quando não está pronta, diz: “Eu não estou pronta”. Quando está, não tem que fazer quaisquer promessas, pois as ações fluem da disponibilidade, e ações sempre falam mais alto do que palavras.

Paul Ferrini

Medo da Intimidade




Pessoas que têm medo de amor pedem amor mesmo assim. Mas mesmo quando o amor vem a eles, não podem recebê-lo. Eles querem que o amor venha em uma forma e tamanho perfeitos, mas o amor nunca vem desta forma. Pessoas que têm medo de amor são ambivalentes com relação a dar e a receber. Enquanto você ficar distante, eles se sentem seguros e desejam a sua presença. Mas quando você chega perto, eles ficam assustados e lhe pedem para recuar ou ir embora. Isto é um comportamento emocionalmente importuno que os permite estar em relação e, ao mesmo tempo, evitar a intimidade e o compromisso. Seu trabalho é não julgar, analisar ou tentar consertar estas pessoas. Aceite-os como são. Envie seu amor a eles. Mas não viva com eles nem seja o parceiro deles. Mas se você ficar enredado numa tal uma relação, tem que enfrentar o fato que você também pode ter medo de receber amor. Por que mais você escolheria um parceiro que não pode dar amor?

Paul Ferrini
Medo da Intimidade

Se quer um homem, seja uma mulher!



Ouço algumas mulheres reclamando dos homens, tipo, que não existem mais daquele jeito,daqueles como o Clark Gable, com aquela cara de mau e A pegada… Os que nos amarram na cabeceira da cama, que nos jogam na parede e chamam de lagartixa! Nos enchem de paixão, nos levam às alturas e ficam ao nosso lado. Mas eu penso que pode ser – pode ser! – que nós estejamos é agindo errado com eles…

Porque homens não querem uma mulher que cuide. Quem cuida é a mãe! Portanto, não arrume a roupa na cama pra ele vestir depois do banho. Deixe-o te despir e desarrume a roupa DA cama com ele.

Eles também não querem ser nossos amigos, por exemplo, saber o quanto custou a escova que deixou nosso cabelo MARA, ou da fofoca do salão enquanto estávamos fazendo as unhas. Nem, muito menos, da nossa relação sadomasoquista com a depiladora… Eles querem só puxar nossos cabelos, sentir a tensão na unha e deslizar… Por tudo.

Os homens de verdade não querem sair com uma mulher que peça a conta, mesmo que você for ajudar a pagar, não peça. Também não se preocupe com a quantidade de picanha eles comem. O que querem mesmo são conversas livres, fogo no olhar e ficar sem ar. Aí, obviamente, vãoprecisar se cuidar, pra conseguir dar conta de todos os nossos poderes.

Eles não querem, ainda, nossa opinião sobre Brad Pitt ou o vestido que a Angelina Jolie usou no último Oscar. Muito menos sobre o relacionamento, dos dois, com a babá dos oito (?) filhos do casal. Por amor Divino, arranje um cabeleireiro ou uma amiga pra fazer esses comentários!

Nem comente, também, sobre futebol ou outras mulheres. Amigos são feitos pra isso, mulheres NÃO. Se por acaso você entender o que é um impedimento ou souber quem será a beldade que irá estrear a próxima capa da Playboy, cale-se. Confie em mim, e guarde esse segredo.

E, por favor, quando ele estiver com os amigos não ligue cinco vezes para o seu celular… Isso não, isso é o pior… Quando achar que o recreio acabou, tire uma foto de sua cinta liga e mande. Diga que está esperando e o aguarde vir bufando. Assim você não perde a compostura e, ainda, ganha uma noite apaixonada.

Cozinhe, acenda velas, coloque flores na mesa e leve o chantily pra cama. Revele, esconda, sutilize, encante, strip and tease, se deixe tomar… Não o queira em seu domínio, desampare-se em seus braços! Domine a si mesma, assuma a responsabilidade pelos seus desejos.

Não transforme a relação num jogo de vítima e algoz. Não espere que ele vá te completar ou compreender o que você nãodisse. FALE! Não se torne a mãe, ou o que vai ter é um filho. E não se mostre menina também, não há tesão que resista a isso. Se quer um homem, seja uma mulher! E, se quiser ser uma jogadora de futebol, tudo bem! E é claro que pode fofocar com o seu amor, ou mesmo pagar todas as contas. O que importa mesmo é que esteja inteira, pra ter um homem inteiramente ao seu lado. Entregue-se, permita-se amar e ser amada. Nós merecemos!

Por: Paula Jácome
http://chaentreamigas.com.br/

Será que eu sou?




Meu marido estava viajando há 15 dias e resolvi lhe preparar uma super-surpresa! Chamei uma amiga pra ajudar e compramos fantasias, brinquedos, óleos, bolinhas… Entreguei os filhos pra sogra cuidar, fiz um jantar e seu suquinho predileto, com um tempero mega-especial…

A amiga ainda estava lá quando ele chegou, cumprimentou e foi direto à geladeira tomar o santo suquinho. Percebendo que dali a pouco não teria mais lugar, ela avisa que já vai. Mas quem disse que o carro queria pegar?

O marido, que mesmo cansado e tarado é cavalheiro, foi ajudar. Tentou, tentou e não conseguiu, então decidiu levá-lo, empurrando, à oficina da esquina. Enquanto isso eu olhava perplexa, sem saber como dizer o que precisava ser dito… Acabei deixando minha irresponsabilidade seguir seu curso natural.

Ao chegar lá, logo se animou. Muito! Ficou assustado e olhou em volta, pra ver se encontrava algum calendário de mulher pelada que justificasse aquele entumescimento, vai ver viu de menesgueio e nem notou… Pensou também que poderia ser o perfume de sua mulherzinha (eu), que ele não via há tanto tempo, grudado na roupa, mas não, a graxa cheirava mais forte. Mesmo com as conversas sobre a rebimboca da parafuseta, ele não relaxava. Foi quando começou a ficar intrigado… Seria o mecânico? Já estava ali há tanto tempo e continuava assim… Incitado. Ficou sismado. Tinha assistido a um filme, esses dias, que dizia sobre uma tal Escala Kinsey, que todo mundo, inevitavelmente, tinha um lado homossexual. Mas esse lado resolveu se manifestar logo agora? Ali, em plena oficina? Já tinha achado alguns homens bonitos, é verdade, mas esse mecânico era barrigudo, sujo, um nojo… Será que essa seria sua fantasia mais secreta? Mas já tinha estado em outras oficinas antes… O que poderia ser? O assistente? Depois de duas horas, carro consertado, ele volta pra casa enduvidado: Será que virei gay?

Ao chegar, não conseguia olhar em meus olhos, então quis saber o que acontecera e ele se abriu, cabisbaixo:

- Hoje fiquei preocupado, enquanto estava na oficina, fiquei o tempo todo alinhado. Pensei o que poderia ser, na escala Kinsey, lembra? Sei não, alguma coisa não estava normal. Precisava falar, pois mesmo estando tudo bem agora, depois disso hoje, tudo pode mudar amanhã. Então não se assuste se eu aparecer algum dia com outro, se eu não conseguir me conter, porque o que senti… E só o que podia estar me causando isso era o mecânico. Então já está avisada, se quiser me deixar, que me deixe; se quiser ficar, que fique sabendo.

Assustada com sua seriedade, preocupada com sua possível curiosidade e com medo de aumentar a concorrência – porque homem como o meu não está fácil de arranjar – não me restou alternativa à contar a verdade:

- Amor, não encafifa, é que eu temperei o suco com viagra.

Acho que eu só não fui expulsa do quarto por conta do alívio que ele sentiu em ver reafirmada sua masculinidade!

Mas, atenção, não repitam essa experiência em casa, pode ser muito perigoso…

Por: Paula Jácome
http://chaentreamigas.com.br/

O Funeral de Corações




Amor é um funeral de corações
E uma ode à crueldade
Quando os anjos choram sangue
Sobre o nascimento das flores malditas
O funeral dos corações
E uma súplica por misericórdia
Quando amor é uma arma
Separando-me de você

Ela era o sol brilhando sobre
A tumba de suas esperanças e sonhos tão frágeis.
Ele era a lua pintando-a
Com ardor tão vulnerável e pálido.

Amor é um funeral de corações
E uma ode à crueldade
Quando os anjos choram sangue
Sobre o nascimento das flores malditas.
O funeral dos corações
E uma súplica por misericórdia
Quando amor é uma arma
Separando-me de você

Ela era o vento carregando
Todas as perturbações e medos, que ela por anos tenta esquecer
Ele era o fogo, inquieto e bravo
E você era como uma mariposa perto da chama

O herege badalo além da divindade
Uma oração para um deus surdo e cego
A última cerimônia para as almas sobre o fogo
Três pequenas palavras e uma pergunta: por quê?

Amor é um funeral de corações
E uma ode à crueldade
Quando os anjos choram sangue
Sobre o nascimento das flores malditas
O funeral dos corações
E uma súplica por misericórdia
Quando amor é uma arma
Separando-me de você

The Funeral Of Hearts
Him

Abrir Nossos Corações



O Processo de afinidade nos ajuda a estar com o nosso medo e a mover-se através dele. Em vez de projetar o nosso medo nos outros, nós assumimos a responsabilidade por ele e aprendemos a trazer amor para os nossos lugares feridos.

Devido ao trauma do passado, nossos corações estão defendidos. Estamos desconfiados das pessoas, não apenas das pessoas significativas, mas também das pessoas que realmente se preocupam conosco. Temos medo que eles também irão nos atacar ou abandonar.

Confiar nos outros é um grande problema para nós. No entanto, sabemos que só através da confiança poderemos experimentar a plenitude que nossos relacionamentos prometem. No passado, justificamos nossa falta de confiança por afirmar que os outros não mereciam a nossa confiança. Mas o Processo de Afinidade nos pede para sermos responsáveis por toda nossa experiência, incluindo a nossa experiência de não confiar.

Então agora, não posso dizer que, não confio, por causa de alguma coisa que você fez ou disse. Você pode até ter provocado a minha falta de confiança. Mas você não é responsável por ela. Tenho as minhas próprias razões para não confiar e isso nada têm a ver com você. De fato, talvez não seja em você, mas em mim mesmo, que eu não confio. De qualquer forma, a confiança é meu problema. É o meu coração que está fechado. Sou o único que está evitando amar. Sou o único que está sofrendo. Se eu quiser abrir meu coração, devo estar disposto a confiar em mim mesmo. Eu não tenho que começar com coisas grandes. Eu posso começar a confiar aos poucos.

Eu vejo o que gosto e me dou permissão para ter. Confio que sei o que é bom para mim, mesmo que isso não seja o que outros querem. Eu vou em direção a minha alegria a minha felicidade. Eu não questiono os outros.

Quando começo a confiar em mim, mesmo aos poucos, sou atraído às pessoas que estão aprendendo a confiar em si também. Amizades tornam-se mais gratificantes. As parcerias tornam-se menos sacrificantes.

Quando eu estou confiando em mim, já não estou vivendo o mito inconsciente de que não sou confiável. Já não estou projetando meus medos em outra pessoa. Não atraio mais um parceiro, que espelha a minha falta de confiança em mim mesmo. Não, em vez disso estou trabalhando conscientemente com a minha questão de confiança. Estou aprendendo a confiar em mim mesmo em coisas modestas. Estou construindo uma consciência de autoconfiança e, enquanto faço isso, estou demonstrando isso em todas as áreas da minha vida.

Quando paramos de projetar, podemos reconhecer nossos pontos fracos e trabalhar sobre eles sem sentir vergonha. Podemos ver nossos erros com compaixão e aprender com eles. Nós não precisamos de culpar os outros. Nós não precisamos nos sentir culpados e nos culpar. Nós podemos seguir em frente, sendo mais conscientes e despertando dos nossos padrões inconscientes de autonegação.

Uma das ironias dos relacionamentos é que ninguém mais pode abrir nossos corações. Podemos ter fechado nossos corações para proteger-nos dos outros, mas a verdade é que nós nos trancamos em nossos corações fechados. Somos os únicos que sofrem falta de confiança e falta de liberdade.

Somos os que devem abrir os corações, mas não vamos fazê-lo até nos sentirmos seguros. Precisamos ser capazes de criar segurança para nós mesmos. Precisamos ser capazes de criar segurança com os outros.

O Processo de Afinidade nos ajuda a fazer isso por oferecer orientações claras para a criação de um ambiente de amor e aceitação incondicional. E, neste ambiente, os músculos do coração, muito contraídos e temerosos, pode começar a se abrir uma vez mais.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Suportar Nossos Medos Com Compaixão



A verdade é que se pode aprender a suportar nosso próprio medo de uma forma de amorosa e com compaixão. É mais fácil lidar com o medo dos outros. Assim, parte do desafio é inteiramente pessoal. Precisamos aprender a amar a nós mesmos quando o medo vem à tona.

Isso significa que reconhecemos nosso medo e nos recusamos a projetá-lo em outra pessoa. E é aqui que começa o Processo de Afinidade. Quando eu estou fazendo o Processo de Afinidade e não tenho um julgamento a seu respeito, sei que o julgamento vem do meu próprio medo. Eu me aproprio do medo e assumo a responsabilidade em me amar através desse momento de medo, em vez de atacar você verbalmente.

O Processo de Afinidade me faz responsável por cada coisa que estou pensando ou sentindo. Se estou triste ou com raiva, a tristeza ou a raiva me pertencem. Mesmo que você apareceu para provocar essas emoções em mim, elas não são sua responsabilidade.

Ao insistir que cada pessoa assuma a responsabilidade pelo o que está pensando ou sentindo, o processo previne o aumento do medo. Isto faz uma trégua em meio ao conflito e dá a cada um uma lição de casa a fazer.

A minha lição é sempre estar com o meu medo quando ele vem à tona. A sua lição de casa é ficar com seu medo. Quando você se concentrar no que eu posso fazer ou dizer, você não pode ficar com seu medo. Quando eu me foco no seu comportamento ou palavras, eu não posso ficar com o meu medo.

Você pode provocar o meu medo, mas você não é a causa dele. A dinamite já estava lá à espera de ser acesa. Mesmo os fósforos já estavam lá. Qualquer um poderia ter vindo acender um fósforo. Aconteceu de ser você.

Quando eu tiro você do foco e enfrento diretamente meu medo, aprendo a me amar incondicionalmente. Eu aprendo a lidar compassivamente com meus próprios sentimentos de indignidade. Eu paro de esperar que você forneça o amor que me falta e aprendo a fornecer este amor a mim mesmo.

Quando estou ativamente amando a mim mesmo, então sou forte o suficiente para amá-lo através de nossos desacordos. Eu sou forte o suficiente para me dar suporte quando você não pode me dar.

Quanto mais amoroso sou comigo, mais fácil é para mim estar com pessoas que me julgam, criticam, ou atacam. Eu sei que não sou responsável pelo modo como eles se sentem a meu respeito, sou responsável apenas por aquilo que eu penso e sinto, sobre mim e sobre eles.

Meu amor por mim e por outros não é mais dependente dos acordos ou dos apoios. Para ter certeza, eu gosto de concordância e apoio, mas não vou deixar de amar quando eles não forem oferecidos. Na verdade, esses são os momentos que eu mais preciso me amar e aos outros também.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Origens do Processo de Afinidade



O Processo de afinidade foi desenvolvido para nos ajudar a percorrer através os nossos conflitos, sem destruir o amor que sentimos uns pelos outros. Vários anos atrás, eu comecei a participar em conferências para estudantes de Um Curso em Milagres. Muitas vezes, 200 a 300 pessoas estavam lá. Nós cantávamos, dançávamos, comíamos juntos e brincávamos juntos. Muitos de nós experimentaram uma intimidade com pessoas que acabáramos de conhecer que não havíamos experimentado antes em nossas vidas, mesmo com família, cônjuges e amigos. Quando nós estávamos dispostos a confiar e aceitar uns aos outros, nossa experiência era de dar e de receber amor. Estávamos em êxtase. Então, voltávamos para casa, voltando também para nossas velhas histórias, mecanismos de defesa e as nossas bolhas emocionais estouravam. Nós caíamos do nos sentir alegres, confiantes, expansivos e para sentir-nos tristes, defensivos e emocionalmente contraídos. Nós não podíamos trazer aquela confiança e a aceitação para casa. Tão logo nossos botões eram acionados pelos pais, filhos, amigos ou amantes, estávamos de volta ao viver no medo. Nós simplesmente não tínhamos as ferramentas necessárias para processar o nosso material egóico.

Em qualquer relacionamento, não importa quão bom ou confiável tenha sido ao início, as questões do ego estão sujeitas a subir à superfície. Quando começamos a ficar seguros com uma pessoa, nossos medos subconscientes começam a emergir para serem curados. Quando uma pessoa está tomada pelo medo, não demora muito para o outro reagir com medo também. Na verdade, o medo é contagioso. Se você não sabe como amar a si mesmo incondicionalmente, não tem muita chance de não reagir ao comportamento de distanciamento ou de ataque do outro.

Quando estamos com medo, ou tentamos assumir o controle ou fugimos. Luta ou fuga é a norma.

Raramente nos mantermos firmes, reconhecendo que o medo está chegando e assumindo a responsabilidade por ele. Quantas vezes dizemos ao nosso parceiro: "Eu sinto muito medo vindo que parece ter sido provocado por você, mas sei que este medo é meu e só preciso de algum tempo para lidar com ele. Se eu tentar falar com você sobre isso agora, eu vou fazer com que isso seja seu, e não meu. Mas não quero fazer isso. Quero sentir e me apropriar disso, compreendendo e depois voltar e falar com você sobre isso, mas só quando estiver pronto". Normalmente, quando o medo surge, ficamos na defensiva ou fugimos. De qualquer forma, queremos torná-lo um problema de outra pessoa. A outra pessoa, por sua vez, quer fazer seu medo ser nosso problema. O resultado é que ambos sentem a separação e ambos se sentem atacados.

Não importa o quanto tentemos, não vamos livrar-se do nosso material egóico. Ele virá à tona. Hoje, podemos aceitar uns aos outros e nos olhar olho no olho. Mas, amanhã poderíamos não concordar. Amanhã, podemos não nos sentir apoiados um pelo outro. E, em face da discordância e da falta de apoio, será que ainda aceitaremos uns aos outros? Nosso amor é condicional. Só nos amamos quando estamos de acordo e sentimo-nos apoiados mutuamente. Quando o acordo e o apoio se desfazem o amor, em geral, termina.

Jesus nos disse para "amar nossos inimigos". Ele poderia muito bem ter dito "Ame os seus amigos e amantes, quando eles param de ser solidários". É o mesmo desafio. Podemos amar e respeitar as pessoas que discordam de nós? Podemos amar as pessoas que nos julgam? Quando o medo surge em nosso relacionamento, podemos amar uns aos outros através do medo? Ou será que o amor desaparece logo que surgem nossos medos?

Relacionamentos bem sucedidos são aqueles em que o amor sobrevive ao ataque de medo. Eles levam tempo para se desenvolver. A confiança superficial não é suficiente. Medos profundos da infância podem facilmente perturbar. A confiança deve ser mais profunda que do nosso medo, ou que o medo do nosso parceiro.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

O Trabalho de Reconciliação



À medida que praticamos a consciência dos nossos julgamentos, vendo onde são originados, assumindo a responsabilidade por eles, e aceitando todos os aspectos não amados e conflitados em nossa consciência, nós gradualmente deixamos de exteriorizar a nossa dor e começamos a curá-la interiormente.
Essas compreensões são essenciais para nossa libertação da dor, do conflito e do nosso processo da cura em andamento:

* Cada um é responsável por tudo o que pensa, sente e experiencia.

* Todo julgamento que você tem sobre alguém mostra algum aspecto seu, que não você aprendeu a aceitar e amar.

* É sua responsabilidade aceitar e amar todos seus aspectos, especialmente as partes que não se sentem amadas e difíceis de serem amadas
.

Se podemos viver essas compreensões simples em uma base contínua, podemos entrar numa relação amorosa com nós mesmos e outros. Mas vivenciar isso requer prática.

A prática é necessária, não apenas quando estamos próximos da vida espiritual ou nos sentindo espirituais, mas quando a vida está contrariando nossas expectativas e nossos botões reativos estão sendo acionados.
Aqui estão duas diretrizes básicas para que a prática contínua de permanecer no coração:

* Quando os outros estão confusos, perturbados ou reativos em relação a você, dê apoio a eles para que assumam a responsabilidade pela experiência deles, mantendo um espaço aberto para o amor incondicional e para a aceitação por eles.

* Quando você esta confuso, triste ou reativo em relação aos outros, busque manter um espaço aberto de amor e aceitação incondicional por si mesmo, para que possa começar a assumir a responsabilidade por sua experiência.


Esta prática não é muito difícil entender. Não temos que ser gênios para saber o que nos pedem para fazer. No entanto, se você tentar praticar estas duas orientações, vai achar que elas são muito desafiadoras. Não é fácil manter um espaço aberto para si mesmo quando você está chateado, nem é fácil manter um espaço aberto para os outros quando eles são reativos. Ninguém disse que seria fácil. Simples, sim. Mas não é fácil!

É por isso que nós projetamos o Processo de Afinidade. É para ajudá-lo a praticar. Não com o seu cônjuge, seus pais, seu filho, seu chefe, as pessoas que realmente acionam seus botões reativos, mas com as pessoas que você ainda não conhece, mas que, como você, querem começar a olhar para seus julgamentos. Nossa intenção é fazer o mais fácil possível para você aprender este processo simples, mas desafiador de viver no coração.

Imaginamos que, uma vez que você estivesse engajado a praticar com estranhos, você poderia estender esta prática à sua casa. Então, quando seu parceiro gritasse com você no face a face, você saberia o que fazer, certo? Bem, talvez não imediatamente. Mas você teria algumas ferramentas para usar quando pequenos desentendimentos surgissem com o perigo de aumentar.

Porque, se você tem algum grau de habilidade em manter um espaço aberto e seguro para si e para outros, então você pode enfrentar pequenas discordâncias em seus relacionamentos. E você, junto a sua família e amigos podem começar a construir uma confiança necessária para assumir os tufões que surgem inesperadamente no oceano da vida.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Viver Nossa Atenção



Agora estou consciente do que é meu conflito interior. Então, da próxima vez que alguém ficar bravo e meus botões forem acionados, posso reconhecer primeiro para mim e depois para a outra pessoa, que estou com raiva e que não é fácil para mim expressar raiva. Eu poderia dizer a outra pessoa algo como: "Estou muito zangado com você agora, mas tenho medo de expressar a minha raiva, porque eu acho que se eu o fizer você vai me abandonar.” Afirmo a verdade da minha experiência, embora ela possa ser conflituosa. Eu aprendo a colocar-me do meu lado de uma forma que não me deixa assustado. É a chave que preciso para honrar tudo em mim.

Viver minha atenção consciente, significa dar espaço em minha vida para tudo de mim estar presente: a parte de mim que está com medo e a parte que está confiante, a parte que quer auto-expressão e à parte que busca aprovação ou aceitação. Ao permitir que tudo em mim seja visível para mim e outros, tenho menos chance de me sentir traído ou mal entendido.

Minha consciência, responsabilidade e aceitação das minhas decisões me ajudam a ser mais honesto comigo mesmo e mais presente aos outros. Eu dou pequenos passos para uma maior autenticidade, e na medida em que faço isso, fica mais fácil aceitar os outros como eles são.

Depois de tudo isso, cada falha que eu encontro no outro é uma reclamação que tenho contra mim. Toda luta contra meu irmão ou irmã ressalta o conflito que tenho dentro de mim. Eu não posso fazer as pazes com os outros, até me tornar consciente da fonte da paz em mim. Então, e só então, posso começar o trabalho de reconciliação interna e externa.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Aceitação



Quando estou me julgando, não estou me sentindo inteiro. Estou me sentindo em conflito ou dividido. Diferentes aspectos de mim estão em conflito e devem ser aceitos como são. Quando eu os aceitar, não resolvo o conflito. Apenas vejo e reconheço.

Aqui está um exemplo. Vamos dizer que eu julguei João por ele estar irritado, porque acho que ficar com raiva é ruim. Assim que eu vejo porque a raiva de João foi desencadeada mim, vejo que há uma parte de mim que está irritada e precisa ser reconhecida. Vejo também que eu tenho medo ou vergonha da minha raiva. Como resultado, eu a reprimo ou disfarço.

Quando John está furioso em sua expressão sem disfarces, fico chateado, porque ele está fazendo o que eu gostaria de fazer, mas não me permito fazer. Quando vejo a raiva de João, o meu relacionamento desconfortável para com minha própria raiva é acionado. Agora, graças a João, posso começar a olhar para minha relação com minha raiva. Eu posso aceitar a parte de mim que quer ficar com raiva para me defender, assim como a parte de mim que tem medo de ficar com raiva porque quero agradar os outros. Reconheço estes aspectos aparentemente opostos da minha própria consciência.

Mas só isso não irá curar imediatamente a minha divisão interna. Simplesmente, coloca a minha consciência compassiva lá. Isto sim é a cura, é trazer o amor.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Asumir Responsabilidade



Quanto mais nos tornamos conscientes dos nossos julgamentos, mais percebemos que realmente não tem muito a ver com as pessoas que estão sendo julgadas. Em vez disso, têm muito mais a ver com a forma de pensarmos sobre nós mesmos.

Não é o objeto onde projetamos o ridículo que nos diz alguma coisa, mas a consciência em que esse ridículo se originou. A mente que julga os outros não têm uma opinião muito elevada de si mesma. Ao invés de enfrentar essa falta de auto estima diretamente, prefere projetá-la em outros.

À medida em que esta consciência é praticada, começamos a ver que julgamos apenas quando não estamos nos sentindo bem ou quando alguém nos faz lembrar de alguma parte nossa que temos dificuldade em aceitar. Desta forma, começamos a assumir nossos julgamentos, em vez de projetá-los. Assim que cada julgamento aparece, dizemos: "Eu sei que isto não é sobre você, é sobre mim".

Assumimos a responsabilidade pelo conteúdo de nossa consciência, desviamos o foco dos outros. Só então estamos aptos a lidar diretamente com o fenômeno ódio a si mesmo. Podemos ver intimamente que partes de nós mesmos não podemos aceitar. Outras pessoas são apenas espelhos que nos ajudam a ver como nos julgamos.

Ao reconhecer que nosso julgamento tem origem em nossa consciência, vemos que há uma parte de nós mesmos que não se sente amado e aceito. Uma parte de nós julga os outros e, talvez, o mais importante é que uma outra parte de nós se sente julgada. Pode ser nosso adulto espiritual julgando a nossa criança ferida, ou pode ser a criança ferida julgando o adulto espiritual. Não importa. Se há julgamento acontecendo, existem separação e conflito, dentro de nossa consciência.

Uma parte de nós está em conflito com outra parte de nós. A aceitação é necessária para criar as condições para uma reconciliação deste conflito interno em nossa própria consciência.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Visão Que Não Julga



O objetivo de tudo isso é ir ao encontro dos conteúdos de nossa consciência, sem julgá-los e cultivar a compaixão, primeiro por nós mesmos e depois pelos outros. A ironia, claro, é que assim que nós desejamos amar e aceitar incondicionalmente, imediatamente tomamos consciência de nossos julgamentos.

Em nenhum lugar isto é mais aparente do que em nossas relações com os outros. Enquanto os autojulgamentos são, muitas vezes, escondidos em nossa psique, os julgamentos de outras pessoas estão sempre visíveis na superfície. Apenas no curso de um único dia, fazemos centenas de julgamentos. Nós não gostamos de alguém que fala em voz alta. Não gostamos de seu comportamento à mesa. Não gostamos da aparência de seu cabelo. E assim por diante.

Nossos julgamentos são tão comuns que raramente estamos cientes deles. Nós ficamos no piloto automático. Para viver no coração, não temos de parar de nosso fluxo constante de julgamentos sobre os outros, só precisamos tomar consciência deles. A consciência nos permite ir mais fundo.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação

Liberando os Outros




Um dos maiores impedimentos para encontrar o lugar da benção a si mesmo é nossa necessidade de culpar outros por nossos pensamentos, sentimentos ou experiências. A criançinha ferida em você e em mim quer dizer para a outra pessoa: "Você me deixou com raiva. A culpa é sua por eu estar chateado."

Enquanto culparmos outros, estamos tentando empurrar a responsabilidade de nossa experiência para alguém. Culpar os outros é a nossa maneira de negar nossa responsabilidade por nossos pensamentos, sentimentos e ações sem amor ("Não é por minha culpa que estou irritado"). É também nossa maneira de justificar as nossas ofensas ("Eu tenho o direito de estar com raiva"), ao invés de admiti-las e perdoá-las.

Nós não podemos manter o espaço aberto para nós mesmos enquanto estamos culpando outras pessoas. Quanto conseguirmos nos acalmar, é importante ficarmos conscientes das várias maneiras em que queremos culpar os outros. Desde a posição da testemunha, vemos nossa necessidade de culpar, sem nos identificar com ela. Ficamos apenas cientes de toda a raiva e mágoa internas.

Percebemos a vontade de atacar e punir os outros por nosso sofrimento. Passamos por essas camadas de vergonha e culpa, até que chegamos a um lugar vazio. Naquele lugar, podemos encarar como nos sentimos diretamente, sem fazer outros responsáveis. Naquele lugar, podemos liberar os outros e ficar compassivos em relação aos nossos sentimentos.

Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o
Caminho do Amor Incondicional e Aceitação