sexta-feira, 5 de setembro de 2014

UM BELO DIA RESOLVI MUDAR…


UM BELO DIA RESOLVI MUDAR…
Publicado em 04/09/2014 por Paula Jácome

“Um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo que eu queria fazer… “

Resolvi cortar o cabelo, parar de me preocupar com o que o vizinho vai achar de mim, me livrar das expectativas, das sobre mim e das minhas. Lidar com o que está acontecendo agora. Agorinha…

Decidi parar de sofrer, de querer ser outra pessoa. Que mania essa de querer o tempo todo ser outra pessoa, de estar o tempo todo insatisfeito consigo mesmo… Enjoei. Decidi aceitar que sou só isso tudo mesmo. Algo pequeninamente genial. Absurdamente imperfeito. Alucinadamente sincrônico. Que não precisa se mover tanto, querer tanto, fazer tanto. Que pode ficar quietinha e inteirinha. E dançar! Bailar e girar pela vida afora.

Posso ser linda, leve, vento! Posso ser sagrada e louca. Menina e sábia, manhosa, enrolada, distraída, criativa, doída, horrorosa, monstruosa, bruxa, fada, mãe, esposa, Mulher, estudiosa, cozinheira, arrumadeira, professora, condutora, brincadeira, flor, malvada, mal falada, sedutora, lenhadora, quietinha, sorrateira, observadora, brava… Ou nada.

Aceito cada giro, cada parte, cada pedaço despedaçado de mim que junto e cato e que me fazem completa. Um círculo inteiro como o sol, feito de todos os raios de características que se compõem, se trocam, se encaixam, impõe, sobrepõe, contradizem, que posso usar, irradiar quando quero, preciso, ou sou acometida. Sou realmente, principalmente, acometida. E está tudo bem, está tudo fora de controle e muito bem.

Acho graça até do meu jeito que quer controlar quando aparece, pois vejo o medo que o constrói. Vejo essa vontade doida varrida de tentar colocar o mundo na palma das mãos, de fazer os outros participarem da brincadeira de bonecos da minha criancinha interna e tenho vontade de rir! Tamanha é a ilusão! Fazer caber o mundo na palma da mão! Se nem meus olhos são capazes de alcançar a magnitude do mar..

Até isso é pra mim aceitável. O medo. Mas não é o medo de querer que seja desse jeito. Mas o medo de não saber mesmo, porque não sabemos nunca é de coisa nenhuma. Não sabemos de nós mesmos… Como saber o caminho do vento? Mudamos o tempo todo de ideia. Mudamos as crenças. Os lugares, os gostos na boca, as necessidades, só não queremos ver, porque temos medo de deixar girar. E ficamos fingindo que o mundo cabe na mão (preciso repetir isso), que as ideias que temos são certas. Ou erradas.

É… Me deixar viver é enfrentar o medo. O medo de talvez de não ser amada. De dar uma cambalhota. Me deixar ser é abrir mão do medo de não ser aceita, querida, reconhecida, admirada, Barbie, boneco, robô e zumbi. É surtar, gritar, sussurrar, se jogar, brilhar, sujar, amar. Sem se julgar (?). Será que dá pra ficar um pouco frágil na vida? Pra aceitar que somos mesmo é frágeis sem tentar fingir tanto? Sem arrumar tantos subterfúgios (sucesso, beleza, carro, dinheiro) e ser só a gente mesmo? Sei lá…

Mas a verdade é que um belo dia resolvi mudar, e deixar o meu cabelo assim, como está.