FOGO DE PAIA
Em uma rotina frenética e sem
freio, com metas estabelecidas, onde o ter prevalece e o ser desaparece. Onde
ser assertivo é sinônimo de falta de educação.
Nos deparamos com frustações, angústias,
ansiedades, falta de caráter e julgamentos. Ser autêntica, carinhosa, gargalhar, improvisar é sinal de loucura eminente e até mesmo de vulgaridades...
somos taxadas, rotuladas, estagnadas, chamadas de ingênuas, românticas,
rebeldes, ignorantes e até mesmo infantil... só não me xingam de “piranha”(inferno), e tem mais, se
o seu anseio for o de não fazer nada, apenas ouvir o silêncio, dormir por 36
horas e degustar da sua própria companhia... você sempre será totalmente incompreendida,
e, principalmente, excluída.
Vivemos cercados em mentiras, egos inflados, ciclos viciosos e armadilhas das quais nos(me) permitimos cair. A
sociedade sabe julgar e decapitar num piscar de olhos, as vezes me sinto na era
Trovadoresca, para não dizer na Idade Média ou das trevas.
Ando de saco cheio e andei
rogando mudanças um tanto quanto descrente, sem saber o que quero e para onde ir.
Com esse sentimento de desesperança o Universo se vinga e me soca a cara em
benevolência e generosidade, para variar dos desconhecidos, o belo, o bonito e
o virtuoso surge de onde menos esperamos.
Não existe controle... a entrega,
sem planejamento tem sido a melhor colheita. Reconheço essa entrega como uma
preciosidade da vida. Aproveito cada segundo e reverencio.
Talvez seja apenas a tolice de um
coração generoso que duvida da sua própria capacidade, que se julga e se cobra.
Recentemente, num breve período de
tempo, e por duas vezes consecutivas, recebi o mesmo elogio.
Um, escrito por um amigo que me
acompanha há cinco anos, e sem ele, os últimos tempos teriam sido muito mais
complicado. Esse amigo não nasceu, ele estreou, alguns o coparam com o ator
Jason Momoa, que fez o personagem do Aquaman... mas para mim, ele é muito mais
bonito! Ele é revestido em altruísmo. As vezes tenho vontade de colocar um
capacete porque ele sabe me ler e consegue ouvir os meus pensamentos. Sempre me
reporto ao que ele me escreveu para lembrar de quem eu sou: “O que você tem de mais
impressionante, é o seu coração, o seu senso de justiça, o carinho com o
próximo, a vontade de rir, sorrir e fazer bem a quem a rodea”... e me
emociono muito todas as vezes que leio. Me emociono todas as vezes que conversamos
e todas as vezes que ele me abraça e me dá um beijo carinhoso na cabeça... Existe
sinceridade, cumplicidade, entrega, amor, ética, alegria, inteligência e muita
gargalhada. Somos dois Franciscanos que se encontraram no acaso.
Mas, ainda continuo com aquela
sensação de portas fechadas, descrente, seguindo com um sorriso no rosto... de
uma hora para a outra o Universo escancara na sua cara a sua preciosidade. Boas-vindas
chegam.
Acordo com uma proposta de
emprego, que talvez seja dar um ré, mas que pode apartar o desconforto de não
saber o que se quer... Saio ainda descrente para comprar um presente para minha
mãe que vai chegar; a posteriori, passo no lugar que mais detesto ir na vida, o
tal do supermercado... e mais uma vez sou abençoada... um senhor lindo e humilde
me olhou na seção de verduras e disse: seu pescoço está travado. Respondi: - Está
dando para perceber? Estou sofrendo com isso há mais de um mês. Ele sorriu e me
disse: Estamos conversando mentalmente desde da hora que você entrou, chegue em
casa e tome um banho e me explicou como seria banho. Na hora perguntei: - Qual a
sua religião? Ele respondeu: - Sou Católico Apostólico Romano, mas tenho um dom
e sou lingado a 2000 watts de energia. Eu sorri e pedi: - Me benze?
E assim, fui benzida no meio do supermercado.
Ouvi palavras amorosas e caridosa de um desconhecido. Ele disse que me benzeu
porque teve a permissão Divina pelo fato de eu ter um coração bom. Caí num
choro compulsivo, o coração ficou leve, o pescoço sem dores, transbordando em gratidão
e compaixão.
Das palavras ouvidas deste
humilde e ilustre desconhecido eu só me lembro que: o copo precisa
transbordar... e concordo em gênero, número e grau.
Ciclos se fecham e outros se abrem.
Por: Lucileyma Carazza