quarta-feira, 11 de junho de 2025

FOGO DE PAIA

 


FOGO DE PAIA

Em uma rotina frenética e sem freio, com metas estabelecidas, onde o ter prevalece e o ser desaparece. Onde ser assertivo é sinônimo de falta de educação.

Nos deparamos com frustações, angústias, ansiedades, falta de caráter e julgamentos. Ser autêntica, carinhosa, gargalhar, improvisar é sinal de loucura eminente e até mesmo de vulgaridades... somos taxadas, rotuladas, estagnadas, chamadas de ingênuas, românticas, rebeldes, ignorantes e até mesmo infantil... só não me xingam de “piranha”(inferno), e tem mais, se o seu anseio for o de não fazer nada, apenas ouvir o silêncio, dormir por 36 horas e degustar da sua própria companhia... você sempre será totalmente incompreendida, e, principalmente, excluída.

Vivemos cercados em mentiras, egos inflados, ciclos viciosos e armadilhas das quais nos(me) permitimos cair. A sociedade sabe julgar e decapitar num piscar de olhos, as vezes me sinto na era Trovadoresca, para não dizer na Idade Média ou das trevas.

Ando de saco cheio e andei rogando mudanças um tanto quanto descrente, sem saber o que quero e para onde ir. Com esse sentimento de desesperança o Universo se vinga e me soca a cara em benevolência e generosidade, para variar dos desconhecidos, o belo, o bonito e o virtuoso surge de onde menos esperamos.

Não existe controle... a entrega, sem planejamento tem sido a melhor colheita. Reconheço essa entrega como uma preciosidade da vida. Aproveito cada segundo e reverencio.

Talvez seja apenas a tolice de um coração generoso que duvida da sua própria capacidade, que se julga e se cobra.

Recentemente, num breve período de tempo, e por duas vezes consecutivas, recebi o mesmo elogio.

Um, escrito por um amigo que me acompanha há cinco anos, e sem ele, os últimos tempos teriam sido muito mais complicado. Esse amigo não nasceu, ele estreou, alguns o coparam com o ator Jason Momoa, que fez o personagem do Aquaman... mas para mim, ele é muito mais bonito! Ele é revestido em altruísmo. As vezes tenho vontade de colocar um capacete porque ele sabe me ler e consegue ouvir os meus pensamentos. Sempre me reporto ao que ele me escreveu para lembrar de quem eu sou: “O que você tem de mais impressionante, é o seu coração, o seu senso de justiça, o carinho com o próximo, a vontade de rir, sorrir e fazer bem a quem a rodea”... e me emociono muito todas as vezes que leio. Me emociono todas as vezes que conversamos e todas as vezes que ele me abraça e me dá um beijo carinhoso na cabeça... Existe sinceridade, cumplicidade, entrega, amor, ética, alegria, inteligência e muita gargalhada. Somos dois Franciscanos que se encontraram no acaso.

Mas, ainda continuo com aquela sensação de portas fechadas, descrente, seguindo com um sorriso no rosto... de uma hora para a outra o Universo escancara na sua cara a sua preciosidade. Boas-vindas chegam.

Acordo com uma proposta de emprego, que talvez seja dar um ré, mas que pode apartar o desconforto de não saber o que se quer... Saio ainda descrente para comprar um presente para minha mãe que vai chegar; a posteriori, passo no lugar que mais detesto ir na vida, o tal do supermercado... e mais uma vez sou abençoada... um senhor lindo e humilde me olhou na seção de verduras e disse: seu pescoço está travado. Respondi: - Está dando para perceber? Estou sofrendo com isso há mais de um mês. Ele sorriu e me disse: Estamos conversando mentalmente desde da hora que você entrou, chegue em casa e tome um banho e me explicou como seria banho. Na hora perguntei: - Qual a sua religião? Ele respondeu: - Sou Católico Apostólico Romano, mas tenho um dom e sou lingado a 2000 watts de energia. Eu sorri e pedi: - Me benze?

E assim, fui benzida no meio do supermercado. Ouvi palavras amorosas e caridosa de um desconhecido. Ele disse que me benzeu porque teve a permissão Divina pelo fato de eu ter um coração bom. Caí num choro compulsivo, o coração ficou leve, o pescoço sem dores, transbordando em gratidão e compaixão.

Das palavras ouvidas deste humilde e ilustre desconhecido eu só me lembro que: o copo precisa transbordar... e concordo em gênero, número e grau.

Ciclos se fecham e outros se abrem.

 

Por: Lucileyma Carazza