sexta-feira, 16 de março de 2012

Os gatos.




Os egípcios não construíram esfinges à toa.
Um gato não é apenas um gato.
Os gatos não são os melhores amigos do homem.
Os gatos têm sexto sentido, sete vidas e são independentes.
Ele não esta nem aí para você.
Porém, quando um humano resolve ter um gato...
É mais ou menos assim: tudo pode ficar divinamente maravilhoso ou um pesadelo pode acontecer em sua casa, ou, em sua vida.
A casa deixa de ser sua.
A casa é exclusivamente do gato.
O melhor lugar da casa é do gato.
Se um gato afasta de você ele pode estar querendo te dizer: não concordo com você.
Se ele fica doente ele pode esta querendo te dizer: sare.
Se ele passa o rabo nas suas pernas ele pode esta querendo te dizer: Não fique assim.
Se ele cassa um rato, um passarinho ou uma barata e leva para sua cama, ele pode esta querente te dizer: este é o meu presente para você.
Se ele for macho e urinar na sua cama, na sua casa ou nas suas costas de madrugada, ele esta apenas querendo te dizer: Eu te amo.
Se ele some ou morre é porque definitivamente é o momento de partir.
A energia vital acabou. Ele não tem mais nada para oferecer
Ele já fez tudo que ele podia fazer por você.
E às vezes, você nem percebeu.
Os gatos não aceitam quaisquer pessoas. Eles aceitam as pessoas que eles admiram.
Os gatos foram enviados a terra para proteger a alma humana, sem quem nós percebêssemos.
Um gato é uma distração, uma beleza, uma pirraça e uma brincadeira.
Uma amizade que não é fácil de ser conquistada.
Um gato é um seguidor daquilo que você é.
Um amor incondicional que é retribuído exclusivamente com um “romronar”.
Depois que um gato te conquista ... o vínculo não acaba jamais.
Você nunca vai deixar de amar um gato.
Você passa a amar todos os gatos.
Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza

"O Grito da Mulher Selvagem"



Mulher não é jardim, mulher é floresta. A selva nasce em seu interior e mostra sua face na superfície feminina. No entanto, lutando contra a natureza, a mulher insiste em ser jardim. Não é sua culpa. A cultura se desenvolveu de tal forma que a opinião masculina prevaleceu e a mulher foi condenada a se transformar em jardim para sempre. Porém, o que ninguém sabia é que é impossível ocorrer tal metamorfose de forma permanente. Nós, mulheres selvagens, quando disfarçadas de jardins, estamos fadadas, assim como a Cinderela, a voltarmos a nossa natural e antiga forma.
Nossa floresta interior esconde domínios que nem sequer imaginamos que existam e, de repente, acontece uma explosão e assistimos ao surgimento de uma nova erva daninha em nosso quintal. Aguentamos caladas, mostrando um sorriso para o mundo a nossa volta, mas um grito ecoa nas raízes da floresta e a mulher selvagem que existe em cada uma de nós se desespera. Enlouquecida, a mulher vai em busca das melhores armas de seu arsenal para lutar contra as pragas que despontam em seu jardim. A tarefa é árdua. O mato silvestre parece não ter fim. As rosetas machucam... E a mulher selvagem uiva de dor.
Depois de tanto lutar contra sua natureza, a mulher selvagem avalia os resultados: ainda está insatisfeita. Seu jardim não está tão florido, os frutos de suas árvores são pequenos, a grama não exibe a coloração esverdeada desejada, as borboletas que aparecem não são as mais bonitas e raras... Nenhum de seus artifícios parece contentá-la e, em seus olhos, a mulher selvagem exibe chamas, pois ela sabe que seu trabalho durará pouco e logo o desflorestamento recomeçará. A mulher selvagem está cansada de se fantasiar de flor.
Bom mesmo seria assumir e exibir, sem vergonha, a sua floresta. Expor suas plantas nativas, colher os frutos silvestres e soltar as feras. A mulher selvagem quer correr descalça sem se preocupar com a dor, quer deixar o mato tomar conta de tudo e os galhos crescerem em paz - sem podas -, impedindo os olhares curiosos de visitantes indesejados... A mulher selvagem quer mostrar sua natureza feroz e destemida, provando que sua alma jamais poderia se satisfazer estando presa em um limitado e domável jardim. Sob o disfarce que exibe, a mulher selvagem grita, pois sabe que não há muito mais a fazer.

Texto de "Junie Nunes de Souza"

Simplesmente




Posso te amar assim, só assim, sem concordar com você. Posso só estar ali, ao seu lado, no calor lânguido. Sem precisar provar nada ou querer tanto. Sem condenar seus julgamentos, sem distorcer cada sentimento, sem precisar do seu amor de volta. Só adorando cada segundo do momento. Posso te amar assim, simplesmente.

Posso não te pedir nada, e ainda rir dos seus pensamentos tresloucados, das suas preferências inconfessas, de seus ex e futuros amores dispersos. Posso ouvir aquilo tudo que sussurra pra dizer, pra esconder até de si. Posso guardar, dividir com você.

Posso não querer nada de você. Não esperar nem que se cuide, nem que se cale, que não beba, que se morda, que me fale, que queira a vida, que procure saídas. Que pague as contas, que se esforce, que melhore, que corra, que busque, que emagreça, que não adoeça. Posso não querer nada de melhor pra você e te deixar aí, seguindo o seu caminho que por tantas vezes cruza o meu. Posso só curtir as interseções em que estamos juntos.

Posso tão somente ficar com você. Assim, sem exigências ergométricas, sem desejos ecumênicos, sem, ao menos, aprovar suas escolhas. Sem consentir com a sua tagarelice doida, sem me preocupar com os preços que teremos que pagar, sem qualquer pesar, sem expressar alguma experiência. Sem ensinar nada. Até porque, como poderia? Como poderia querer julgar suas atitudes se não vivi cada uma de suas dores? Se não passei por todos os mesmos minutos que você? Como posso daqui, de mim, realmente compreender o que se sente daí, de você?

Mas eu posso simplesmente estar ali, como se não houvesse nada melhor a fazer do que jogar fofocas no ventilador de domingo. Como se não houvesse sabor melhor que o das gargalhadas deitadas na cama – o som de gargalhadas deitadas é uma das coisas mais intimas que já senti. Posso ser eu aqui e permitir que você seja você, daí.

Porque não há mesmo nada melhor a fazer quando o que eu só quero é ficar ao seu lado e, naquele momentinho, naquele pedacinho de tempo, te dar o melhor de mim. . . Inundar o tempo inteiro, em um quadrado de amor infinito.

Mas é que por muitas vezes eu confundi doar com exigir, abraçar com proteger, escutar segredos com sermonear, estar ao lado com fazer algo. Por muito tempo ainda eu pensei que te amar era te mostrar os passos que precisava dar, afinal, quantas bobagens já fez? O quanto do que você mesmo quis já faz parte da sua história? Pensava no absurdo que isso significa e me prontificava a impedir.

Achei mesmo que precisava exigir que pisasse onde eu já pisei, onde eu piso, pois assim, seria mais fácil. Seria mais seguro te dar o meu amor. Mas descobri que não, que não é. Que assim eu não dou ou tenho amor, só tenho segurança; obviamente. E a segurança não me preenche o peito, não gargalha na cama, não aceita velhos cafés, não para pra sentir, não se entrega ao vínculo que se forma. Ela analisa e exige repetir o que já é conhecido, sem experimentar, sem considerar quem é você. E assim, sem te perceber não posso me relacionar. E fico só.

Mas agora, eu posso fazer diferente, posso fazer o que verdadeiramente quero. E quero te dar o meu amor inteiro, por qualquer pedaço de momento em que nos encontrarmos. E assim, eu posso seguir com o meu coração cheio, plena.

por uma tarde com a minha avozinha…
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Toda dor é uma forma de amar




Uma coisa eu sei de viver: A dor é uma forma de amar.

Eu estava viajando e tive que voltar às pressas. Quando entrei no portão, minha irmã do meio veio chorando, aos prantos me abraçar… E eu quis abraçar e chorar também.

Pedi que não ficasse assim perto de mim. Disse que não precisava estar tão triste, como que pra consolá-la… Mas eu sentia uma tristeza infinita, queria desmoronar.

Ela olhou assustada pra mim. Concordando com o que eu dizia, mesmo sem sentir o que eu falava. Mas racionalmente fazia sentido, meu pai já estava doente há tanto tempo… Eu queria me ajoelhar no chão, desintegrar.

Decidi que ia ser forte, que seguiria em frente. Engoli a respiração com todo o sentimento que brotava… Eu queria o ombro dela. Queria chorar junto a tristeza que era nossa, era nossa igual.

Eu dei um passo pra traz… Eu queria honrar a vida que meu pai teve, o tanto de amigos que conquistou, tudo o que me ensinou, os passeios de bicicleta, as músicas altas de domingo, mas não pude. Eu estava apavorada…

Esse foi o pior dia da minha vida. O dia em que meu pai morreu.

Meus olhos marearam tão somente. Eu escolhi não me entregar. Me lembro bem do segundo em que fiz essa escolha. Dois passos dentro do portão da minha casa. E fiquei plantada lá. Uma parte da minha alma se fincou naquele momentinho e não mais saiu, por mais anos que se passassem. E como essa parte de mim fez tanta falta… Quantas explicações tive que inventar pra minha angústia…

Não conseguia estar melhor, não via o amor que tinha pra mim na vida, as pessoas que estavam comigo agora. Era como se eu estivesse olhando pra traz, praquele dia. Eu só queria achar qualquer coisa que me tapasse o vazio que ficou. O vazio de não haver conseguido viver esse amor, em forma de dor, pelo meu pai. (Ao interromper a dor que fluía, interrompi o amor. Amor que naquele momento tinha uma forma triste. Um ar de impotência. Um gosto assustado. Um jeito meio amargo.)

E essa tristeza guardada me corroeu. Por tanto tempo eu procurei uma chave pra mudar as coisas que não podem ser mudadas. Em vão, eu tentei encontrar algo que consertasse a minha angustia, alguma coisa ou pessoa que pudesse culpar por tudo aquilo que eu sentia… Uma chave que me aproximasse do meu pai, que o trouxesse de volta. Como se eu pudesse…

O que eu não entendia era que não podia fazer mais nada, a única coisa que me restava para honrar a vida de quem eu amei tanto, eram as lágrimas. E elas eram boas. Puras. Preciosas. Valiam gargalhadas, passeios na chuva, caçadas a vaga-lumes, piques de esconder, longas conversas sobre o universo, comemorações de todas as conquistas… Apoio… Representavam tudo o que já vivemos e que não poderíamos mais viver juntos. Representavam o meu filho, que eu carregava na barriga naquele dia, e que meu pai não poderia conhecer, tudo o que eles não brincariam.

Custei a compreender o que é tão simples… Que eu precisava aceitar. Permitir que o amor que engoli, com medo da dor, se manifestasse. Precisava dar um lugar pra essa tristeza no meu coração. Tristeza, que agora, eu quero que siga comigo, pois faz parte da minha história, me dá profundidade. E quando eu a vir, nos olhos distantes de alguém que já passou por dias dos piores, vou reconhecer e encontrar a compaixão, dar lugar também para aquela humanidade.

É que a dor precisa fluir e ser sentida pra honrar pessoas e situações que, às vezes, não podem ser diferentes, quando não podemos fazer nada, quando a vida é maior do que nós. E, agora que aprendi que toda dor é um jeito triste de amar, de vez em vez me recolho ao silêncio e espero, quietinha, tanto amor se manifestar.

Taí o meu carnaval, sem confetes ou serpentinas.
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Dói mais, mas é MUITO mais gostoso!





Pode ser que a superficialidade seja uma forma de mascarar uma grande sensibilidade. Uma forma de se proteger, pra não sofrer tanto… De esconder o que tem no coração pra não se machucar. Talvez a raiva seja um jeito de afastar a tristeza, uma forma de encontrar forças pra seguir apesar de tudo pelo que já passei. E, quem sabe a segurança, a força, a certeza, sejam meios de não ter que enfrentar as dúvidas, de fugir das surpresas da vida, jeitos de tentar transformar o mundo em um quadrado seguro, quando, em verdade, ele é uma bola flutuando no espaço?

O medo deve servir para dizer que não quero fazer nada, vou ficar parado sem correr o risco de viver, apesar de ser impossível não estar na vida, quando se está aqui, vivo. Engraçado? Não, triste. E a confusão acontece, porque não posso sair daqui ainda, dessa forma estranha de viver, com a qual nem eu mesmo concordo, que prefiro manter o status quo, apesar do meu coração ser tão machucado pelo que eu mesmo estou fazendo. Sabe-se lá por qual necessidade minha, que estou esperando que alguém atenda.

O esforço para ser competente pode ser um jeito de compensar o medo de não ser amado, falar pros outros, ou escrever no meu caso, um jeito de falar pra si mesmo. Apontar os defeitos alheios serve pra distrair o mundo, e a si próprio, das suas dificuldades.

E se a indiferença for um jeito de não sofrer, por eu te amar tanto, que fico apavorado quando frustra as minhas expectativas e acabo me afastando? Só pra não me arriscar a me machucar demais?

É, eu fico cansada só de pensar… Eu me desgasto em lembrar o tamanho da volta que dou pra tentar provar quem eu sou, e, fazendo isso acabo deixando de lado o que realmente sou, acabo por não fazer o que quero, por me distanciar de mim… Por uma ilusão de que assim você poderá me amar mais e eu vou me sentir melhor e vou ser mais feliz (?), mais seguro. Uma ilusão, uma mentira que não se concretiza nunca e, se por acaso se concretizar, se por acaso você realmente me amar mais por esse personagenzinho que eu inventei, eu não vou acreditar, simplesmente porque sei que o que você está amando não sou eu, mas um boneco que criei.

É… seria muito difícil se não fosse tão fácil… Seria muito difícil se não fosse só uma pirraça pra forçar o mundo a ser do jeito que eu quero, pra fazer o que eu quero, pra me amar o tanto que eu desejo. Seria muito difícil, se assumir as incertezas como certas, seguir apesar do medo, olhar para as minhas próprias dificuldades, alimentar as minhas necessidades, não inventar tantas expectativas, não querer tanto dos outros, sentir a tristeza, enfrentar que o mundo é do jeito que é, aceitar que muitas vezes não posso fazer nada, entender que eu só quero e preciso dar amor (receber de volta é um bonus), andar por aí com o peito aberto, deixar fluir, não fosse mais fácil. É… seria muito difícil, se não fosse mais fácil. Seria muito difícil largar a ilusão, se não fosse mais fácil SER.

Tá, dói mais, mas é MUITO mais gostoso!

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