quarta-feira, 4 de abril de 2012

GENTE FELIZ NÃO INCOMODA NINGUÉM!

GENTE FELIZ QUE NÃO INCOMODA NINGUÉM!

Uma guerra interna, outra externa que só o tempo, a paciência, a compreensão e muito amor podem curar.

O encontro semanal, falar dos problemas, achar que solucionou tudo internamente, a amizade, os comes, as bebidas, o tapume da solidão, o convencimento é tudo de bom que todo mundo quer e ninguém quer perder (inclusive eu).

Quando não se quer perder uma coisa zelamos por ela, não criamos uma dependência daquilo para ser feliz. Dependência não é felicidade.

O medo da solidão que já atormentou os nossos corações não pode ser um alicerce. O medo é uma fragilidade que se não for tratada torna-se destruidora. O medo torna as pessoas artificiais.

A dependência é uma ruína.

Não permitir, criar regras, não deixar que uma discussão evolua, cada um cuidando da sua vida (e ao mesmo tempo pensando na vida dos outros), sair para os bares, fazer festas e conviver sempre com as mesmas pessoas é continuar na solidão. Precisamos ter um ombro para aquelas horas decadentes e para as horas felizes também. Um ombro amigo e não um vínculo de dependência.

Sou uma pessoa de poucos amigos e aprendi a sair com a minha bolsa quando não tinha mais ninguém para sair comigo. Estas saídas foram as melhores da minha vida. Sabe por quê? Porque me permiti. Eu não precisava ser infeliz só porque naquele dia ninguém quis sair comigo. Escolhi ser feliz da maneira que sempre acreditei: permitindo novas experiências.

Como dizia um amigo: “estar na zona de conforto é muito confortável”. Ficar na zona de conforto é uma ilusão amarga.

Não sei se é a minha visão que está suja, mas se for olhar apenas para mim deixo de existir. Preciso olhar para o mundo.

A autotransformação para mim é como a frase: GENTE FELIZ NÃO INCOMODA NINGUÉM. Todo mundo lê e pensa: - “Gente feliz incomoda sim, incomoda aqueles que estão infelizes”. O que a maioria das pessoas não conseguem perceber é que quando uma pessoa está verdadeiramente feliz ela não incomoda nem os infelizes, porque ela lembra daquele ser que está infeliz. Um ser feliz não segue a sua vida exclusivamente sem pensar no próximo porque ele sabe que vai continuar na infelicidade.

O feliz que grita e mostra para o infeliz a sua felicidade é o mais infeliz de todos, porque a infelicidade nunca saiu dele.

Depois de chegar a esta conclusão e me dispor a ouvir a opinião de várias pessoas, onde uma maioria concordou e uma minoria que não se manifestou, e da qual, tinha muito interesse de ouvir me apontou: “a sua cara emburrada enche o saco de qualquer um a sua energia é muito pesada”.

Não disse nada na hora porque a minha ficha só caiu depois, porque nem estava pensando em felicidade. Quando dei conta do ocorrido concluí: A cara infeliz de ninguém nunca me incomodou. Quando estou verdadeiramente feliz não é uma cara fechada e triste que vai causar a minha infelicidade, diante de uma cara fechada simplesmente retribuo com um abraço e um sorriso, porque eu não sei o que está passando na cabeça da outra pessoa e não quero julgar ninguém, porém se precisar de ajudar me disponho a isto também.

Eu não sou emburrada, sou séria e sempre tive uma gargalhada de bruxa.

Funciona assim: chega sorrindo no trabalho todo mundo te incomoda, agora chega sério, ninguém te incomoda.

Sobre isto, fiquei muito tempo de castigo meditando: GENTE FELIZ NÃO INCOMODA NINGUÉM. Ver a felicidade para mim é como falar sobre gatos. NORMAL!

Neste instante não aprendi sobre felicidade, e sim, a perdoar os infelizes e ter um pouco mais de compaixão.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza

O Poder da Amizade



Todo Progresso é Resultado de Cooperação Carlos Cardoso Aveline

O texto a seguir foi publicado inicialmente na edição de maio de 2011 do boletim eletrônico “O Teosofista”.

“De todos os bens que a sabedoria proporciona para produzir a felicidade por toda a vida, o maior, sem comparação, é a amizade.”

(Epicuro)


A amizade é uma forma de afeto em que há um sereno respeito pela liberdade e pela autonomia de cada um.

Livre de apegos cegos, o sentimento de amizade não é necessariamente dirigido apenas a este ou aquele indivíduo em especial. Os sábios são amigos de todos os seres: a amizade pode ser incondicional. Por outro lado, cada amizade tem suas características específicas e possui uma capacidade própria de resistir a adversidades. “Amigos na dificuldade, amigos de verdade”, diz o ditado popular em língua inglesa.

A verdadeira amizade surge do eu superior, ou alma imortal. Ela corresponde ao primeiro objetivo do movimento teosófico moderno, que busca ser um núcleo de fraternidade sem fronteiras. A mesma ideia está presente no budismo, no taoísmo, no hinduísmo e outras filosofias orientais e ocidentais. A prática da amizade universal é pitagórica: Thomas Stanley, um filósofo do século 17, escreveu em sua obra sobre o ensinamento de Pitágoras:

“Há uma amizade e uma afinidade de todos por todos: entre deuses e homens, através da compaixão e do sentimento religioso; entre as diferentes doutrinas; entre a alma e o corpo (a parte racional e a parte irracional do ser humano) através da filosofia e das suas teorias; e entre os diferentes seres humanos...”[1]

A fraternidade universal é uma verdade básica que pode ser observada por todos. No mundo animal - assim como no reino humano - a regra geral é dada pela cooperação e pela amizade. A competição se dá no interior do processo de cooperação. É esta última que predomina. O escritor anarquista russo Piotr Kropotkin, um partidário da ação não-violenta, desenvolveu um cuidadoso estudo histórico mostrando de modo inegável que, ao contrário do que o darwinismo pensa, não foi a competição, mas sim a ajuda mútua, que possibilitou desde o início da vida a evolução das espécies.[2]

Tudo o que rodeia um cidadão - mesa, computador, ônibus, roupas, ruas, prédios - é resultado da cooperação de ajuda mútua. A civilização materialista leva seus cidadãos a esquecerem disso. Muitos pensam que a competição é central, e isto os torna infelizes. A maneira natural dos seres humanos relacionarem-se é através da amizade. Por que motivo é tão difícil seguir essa tendência natural? O ser humano cresce na luta com os paradoxos. Um poderoso jogo de pressões e conveniências ensina a ele desde cedo que é preciso desenvolver a competição. Assim se limita a amizade como impulso natural e se dificulta a plena ajuda mútua. Uma condição básica para que possamos voltar a viver plenamente a solidariedade consciente é ser autênticos, primeiro, com nós mesmos. Aceitar os outros como eles são, estimulando o melhor neles, e ser grato à vida inclusive pelas suas lições dolorosas, são hábitos realistas que nos tornam mais sábios e mais capazes de compreender a vida e de ser amigos.

Amar é melhor do que ser amado. Ser amigo é mais importante que ter amigos. Mas a única base sólida para a afinidade entre os seres humanos é um respeito sagrado de cada um por si mesmo. Este sentimento surge da percepção de que pertencemos à alma imortal existente em nosso próprio coração. Não temos uma alma, mas a alma nos tem. Nosso “eu superior” é nossa origem e nosso destino, e também nossa fonte de inspiração. O respeito por si mesmo está, pois, na origem do respeito pelos outros. Voltaire, o filósofo francês do século 18, escreveu:

“Amizade é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis, porque um monge, um solitário, pode não ser ruim e viver sem conhecer a amizade. Virtuosas, porque os maus não buscam mais que cúmplices. Os sensuais buscam companheiros de devassidão. Os interesseiros reúnem sócios. Os políticos congregam partidários. O comum dos homens ociosos mantêm relações. Os príncipes têm cortesãos. Só os virtuosos possuem amigos.”[3]

Assim, a verdadeira amizade é inseparável da ética e do altruísmo. O significado original da palavra “filosofia” é “amor pela sabedoria”, e Voltaire afirma:

“O filósofo é um amigo da sabedoria, ou seja, da verdade. Esse duplo caráter esteve presente em todos os filósofos. Não houve nenhum na Antigüidade que não desse exemplo de virtude aos homens e lições de verdades morais.” [4]

Sem dúvida, é comum encontrar gente que ignora qualquer diferença entre ser amigo e ser cúmplice. Deste ponto de vista, dois amigos devem apoiar um ao outro “em qualquer situação”, inclusive em ações contrárias à verdade e ao equilíbrio.

Os mafiosos criam os seus próprios “códigos de ética” e “compromissos de lealdade”. O uso da amizade em jogos de conveniências gera confusão e sofrimento. O pensador romano Cícero (106 a.C.- 43 a.C.) esclareceu esta questão há pouco mais de dois mil anos. Em seu tratado sobre a amizade, ele escreveu:

“Uma associação de pessoas sem fé nem lei não poderia se abrigar sob a desculpa da amizade (...). Essa é, portanto, a primeira lei que se deve instaurar na amizade: não pedir a nossos amigos senão coisas honestas, não prestar a nossos amigos senão serviços honestos, sem esperar que eles nos sejam pedidos; permanecer sempre confiante, banir a hesitação, ousar dar um conselho em total liberdade. No domínio da amizade, é preciso que predomine a autoridade dos amigos mais bem avisados, e que esta influência se aplique em acautelar os outros, não só com franqueza mas com suficiente energia, se a situação o exigir, para que o conselho seja posto em prática.” [5]

Amizade verdadeira é inseparável de sentimentos nobres, e Cícero explica:

“A amizade nos foi dada pela natureza como auxiliar das nossas virtudes, e não como cúmplice dos nossos vícios, para que a virtude de um, não podendo alcançar sozinha o supremo bem, o alcance apoiada na virtude do outro”. Para o filósofo romano, “há uma simpatia quase inevitável entre os bons entre si, que é o princípio da amizade instaurado pela natureza.”

Em outro trecho do seu tratado sobre a amizade, Cícero afirma:

“O amor, de onde provém a palavra amizade, é no seu primeiro fundamento simpatia recíproca (...). Na amizade nada é fingido, nada é simulado, tudo é verdadeiro e espontâneo.”[6]

O nível da franqueza existente entre amigos é um indicador da solidez do vínculo. Quando dois amigos usam muita cautela para não se ferirem mutuamente, a amizade pode ser superficial. Uma amizade mais profunda produz certa ausência de cuidado com as palavras, e torna possível um grau maior de espontaneidade. Às vezes isso só surge com o tempo: a confiança mútua raramente se constrói em um dia.

Toda amizade enfrenta testes, e, para Aristóteles, “somente a amizade entre pessoas boas é imune à calúnia”. Ele explica:

“É entre pessoas boas que encontramos a confiança, o sentimento de que uma nunca fará mal à outra, e tudo mais que se espera em uma amizade sincera. Nas outras espécies de amizade, todavia, nada impede o aparecimento de suspeitas”. [7]

Platão fazia deste sentimento uma virtude social e política, elemento auxiliar importante para a construção da sociedade ideal. Mas Epicuro, que viveu em um período de decadência política, via a amizade como um fim em si e dava a ela importância suprema.

Considerado um sábio por Helena Blavatsky, Epicuro tinha uma filosofia próxima à dos estóicos. Ele fundou uma comunidade em Atenas para viver com os amigos, o Jardim, e sua vida foi um exemplo de ética e autodisciplina. Para Epicuro, “de todos os bens que a sabedoria proporciona para produzir a felicidade por toda a vida, o maior, sem comparação, é a amizade”. E acrescentou: “A mesma convicção que nos inspira a confiança de que nada existe de terrível que dure para sempre, nem mesmo por muito tempo, também nos habilita a ver que dentro dos limites da vida nada aumenta tanto a nossa segurança como a amizade.” [8]

Na Bíblia, o Eclesiástico parece concordar com Epicuro. Primeiro o texto aconselha cautela (em 6: 7): “Se queres um amigo, adquire-o pela prova e não te apresses a confiar nele”. Pouco depois, o Eclesiástico acrescenta:

“Afasta-te de teus inimigos e acautela-te com teus amigos. Um amigo fiel é um poderoso refúgio; quem o descobriu, descobriu um tesouro. Um amigo fiel não tem preço, é imponderável seu valor. Um amigo fiel é um bálsamo vital, e os que temem o Senhor o encontrarão. Aquele que teme ao Senhor faz amigos verdadeiros, pois tal como ele é, assim é seu amigo (6:13-17).”

Amigos cometem erros. Mesmo numa amizade sincera pode ocorrer decepção. Por outro lado, devemos respeitar nossos adversários. O texto clássico de teosofia “Luz no Caminho”, de Mabel Collins, afirma o seguinte, sem meios termos:

“A inteligência é imparcial; nenhum homem é teu inimigo, nenhum homem é teu amigo. Todos são igualmente teus instrutores.” [9]

Carlos Castaneda ensina que o adversário é sempre um instrumento precioso do nosso crescimento, porque identifica as falhas que devemos corrigir e mostra como funcionam em nós o medo e o ódio, para que, então, estes dois sentimentos sejam extirpados pela luz da compreensão.

Outros autores, como Plutarco, destacam que os amigos freqüentemente acobertam nossas falhas, nos acostumam mal e nos levam a ficar preguiçosos, enquanto que os adversários nos mantêm alertas, nos obrigam a crescer e a superar a rotina que, de outro modo, nos engoliria. Tais testemunhos reforçam a idéia de que a verdadeira amizade é um processo livre de apego, em que o afeto não é colocado acima da sabedoria nem dos valores éticos, mas sim a serviço deles. A verdadeira amizade é nobre, e Khalil Gibran escreveu:

“Não deve haver outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento do espírito. Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação do seu próprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente coisas inúteis são apanhadas nela.”[10]

A frase de Gibran pode ser dura, mas ela é realista. Quanto mais cedo renunciarmos à auto-ilusão, melhor para nós. A verdadeira amizade requer desapego. Os “Versos de Ouro” de Pitágoras expressam a sabedoria teosófica, e neles podemos ler o seguinte sobre a combinação de firmeza com flexibilidade:

“Escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso. Aproveita seus discursos inspiradores, e aprende com os seus atos úteis e virtuosos. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro, porque a força da vida é limitada pela necessidade.” [11]


NOTAS:

[1] “Pythagoras, His Life and Teachings”, de Thomas Stanley, Philosophical Research Society, Califórnia, EUA, 1970.

[2] “El Apoyo Mútuo, Un Factor de la Evolución”, de Piotr Kropotkin, Ed. Proyección, Buenos Aires, 1970, 328 pp. Há uma edição em inglês: “Mutual Aid, a factor of evolution”, Peter Kropotkin, Dover Publications Inc., Mineola, New York, 2006, 312 pp.

[3] “Dicionário Filosófico”, Voltaire, Ed. Martin Claret, p. 23.

[4] “Dicionário Filosófico”, p. 232.

[5] “A Amizade”, texto de Cícero incluído no volume “Saber Envelhecer”, Ed. L&PM, Porto Alegre, 151 pp. Ver respectivamente as pp. 104 e 105.

[6] “A Amizade”, texto de Cícero incluído no volume “Saber Envelhecer”, Ed. L&PM, Porto Alegre, 151 pp. Ver respectivamente as pp. 91 e 131.

[7] “Ética a Nicômacos”, de Aristóteles, Ed. UnB, Brasília, terceira edição, 238 pp., ver p.157.

[8] “Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres”, Diógenes Laertios, Editora UnB, Brasília, 1977, 357 pp., ver p. 319.

[9] “Luz no Caminho”, Mabel Collins, Ed. Pensamento, SP, 85 pp., ver pp. 33-34.

[10] “O Profeta”, Gibran Khalil Gibran, Ed. ACIGI, RJ, 89 pp., ver p. 56.

[11] A íntegra de “Os Versos de Ouro de Pitágoras” pode ser facilmente encontrada pela Lista de Textos por Ordem Alfabética do website www.FilosofiaEsoterica.com , ou na seção de “Filosofia Ocidental, Clássica e Moderna” do mesmo website.

Momento de Reflexão

É o momento de refletir

É o momento de agir

É o momento de pensar

É o momento de perdoar.

É o momento de fazer o que não se pode fazer…

É o momento de escrever

É o momento de desculpar

É o momento de clarear.

É o momento de reflexão…

É o momento de amar

É o momento de sermos amados

É o momento de dar e receber carinho

É o momento de ser feliz.

É o momento de reflexão…

É o momento de um instante vivido

É o momento de uma dor sofrida e não esquecida

É o momento de lembrarmos e guardar.

É o momento de reflexão…

É o momento de partir e não voltar

É o momento de progredir

É o momento de construir

É o momento de despertar a mente.

Fonte: Padre Marcelo Rossi - Ágape

EGO E COMPAIXÃO



Vivi sem ser por anos e sobrevivi, meu ego me defendeu. Vivi em grupos bons e ruins e também sobrevivi. Agora sem Deus não sobrevivo. Viver com qualidade, ou não, vai depender exclusivamente de mim. A autotransformação não é olhar exclusivamente para mim, para o meu ego e viver a minha vida. A autotransformação é olhar para aquilo que preciso transformar olhando para o próximo, respeitando o próximo, amparando o próximo, dar sem a expectativa de receber em troca.

Penso que o bom seria: oferecer para participar do sucesso, da felicidade e de todo processo. É a atenção visando o bem estar do próximo e não a sua própria felicidade.

Amparar o próximo é fazer caridade. Caridade nua e crua.

Caridade não é tirar as roupas velhas do armário e dar para alguém. É tirar as roupas velhas do armário para vestir alguém é ver a roupa passar e não pensar: olha aquela roupa que doei esta ótima que arrependimento! Caridade é ver a sua roupa boa passando com outra pessoa e pensar: que bom que ela aceitou a roupa. É ver a roupa passando e não fazer diferença alguma em você, e sim, para a pessoa que recebeu e vestiu.

Não adianta fazer terapia e achar que melhorou porque consegue enxergar aquilo que você não vê em você. Sair falando para os outros, olha estou tão feliz, eu faço terapia e participo de um grupo (fechado) que me aceita. Não adianta falar para os outros o quanto você está melhor por ver o seu ego e continuar com ele ali, te domando.

Quer saber? Encontrei-me diante de uma situação da qual pensei que o problema fosse exclusivamente meu. Retraí-me por não saber controlar a minha raiva interior, mudei um padrão, fiquei de luto e tinha a certeza que não precisava esperar nada em troca. Mesmo assim fiquei magoada, quando percebi que quando ninguém vinha ao meu encontro, ninguém percebeu que havia mudado. Pensei: o padrão continua errado vou aprender o certo. Queria sim um pouco mais de atenção daquele “Grupinho em busca da autotransformação” porque acreditei que elas fossem mais especiais. Não tive do jeito que desejei. Veio à voz: talvez estas pessoas estejam te ajudando e você não consegue ainda perceber o esforço, na concepção delas o certo foi te ajudar assim. Senti um conforto e aceitei... Momentaneamente, novamente surge a voz: como que um grupo de autotransformação cruza os braços tão facilmente (teve exceções)?

Nada mais me interessava a não ser aquele “Grupinho” todo especial o qual sempre cativei.

Saí do grupo precisava digerir toda a informação que fritava o meu cérebro e não queria desrespeitar mais ninguém com a minha raiva.

Quando saí do grupo não senti solidão. Tinha outros amigos, outros grupos que consegui cativar simultaneamente e que notaram a minha mudança. Não tive ajuda de quem eu queria, do jeito que gostaria (do “Grupinho”), mas tive de outros grupos e consegui visualizar, me dei por satisfeita! Momentaneamente novamente...

Fiquei a pensar: porque estou preocupada com o “Grupinho Semanal – As mais legais”? É um desconforto tão grande conviver com este “Grupinho”. Que fique bem claro: o desconforto é meu. “As mais legais” são as mais legais mesmo! Aprendi muito com elas e sou eternamente grata.

Não conseguia compreender o porquê de estar ali, preocupada com aquele “Grupinho” todas com saúde, dinheiro, com problemas óbvios para serem curados e tinham principalmente o apoio uma da outra. Quando me lembrava de outros amigos, das pessoas com necessidades especiais e das vozinhas da sopa, me dava uma dor no coração queria fazer tudo por eles(as) e quando lembrava do “Grupinho” não queria fazer mais nada por elas.

Pensei: o ciclo não fechou continuei atormentada.

A minha persistência me fez voltar para o “Grupinho”. Na frente de todos movia com um esforço surreal e não conseguia sair do lugar e mais ninguém percebia o esforço (lógico teve exceções), agora entendo que o grupo também não domina o que faz. Não existe uma regra cartesiana, tudo é relativo.

Percebi a minha dor: dar sem querer nada em troca e ter compaixão pelo TER.

Dicionário: Lucileyma
TER = pessoas que trabalham e conseguem todo o conforto material possível e impossível da vida; pessoas sem nenhuma dificuldade física ou intelectual.
SER = o infeliz que não tem: carro, casa, emprego, comida, estudo, família, é deficiente físico, mental etc.

Na minha cabeça bipolar só merecia a minha compaixão aquelas pessoas excluídas da sociedade, nunca olhei para o incluído na sociedade, este, nunca teve a minha compaixão.

Conviver com o “Grupinho” que aparentemente tem de tudo foi à experiência mais dolorosa de todas que experimentei. Percebi que não tinha compaixão pelos iguais a mim (do mesmo núcleo da cadeia da sociedade).

Sempre soube conviver com o SER pelo amor e agora estou aprendendo a conviver com o TER pela dor.

Ter compaixão pelos desiguais eu sempre tive e nunca tive compaixão pelos iguais.

A digestão emocional ou o processo de autotransformação é complexo.

Conviver com as desigualdades sociais, conviver com os princípios fundamentais, defender o direito de todos, aceitar que não vou dar conta de todos e respeitar o meu limite foi fácil. Ver que até quando optei em sair do emprego, e hoje, com quase nenhum bem material também está sendo fácil. Agora, aprender a conviver com pessoas que tem o material, na busca da autotransformação, olhando apenas para o ego... isso foi difícil. Confesso que tenho uma antipatia por pessoas que tem de tudo e são infelizes, na minha cabeça quem tem de tudo tem a obrigação de ser feliz.

Sou assim, porém vou mudar. Viver com o ser na sua completude é muito mais fácil do que viver com o ter. Eu não tenho de tudo, aceito o que tenho e luto pelo que não tenho (mesmo parecendo uma coitada aos olhos dos outros).

Viver com o SER é seguir os ensinamentos de Jesus Cristo.

Minha opinião é: enxergar o ego, melhorar, ver e ajudar o próximo.
A autotransformação não é olhar para o meu ego e cuidar apenas da minha vida. Não é olhar para mim e assumir o que eu não sou para atender a realidade do outro. É olhar meu ego e zelar pelo próximo.

Aqui aprendi a ter COMPAIXÃO COM IGUALDADE; enxergar o benefício que a raiva me trazia e a andar em zonas de desconforto, isto devo ao “Grupinho”.

O benefício da raiva? Joguei fora. O aprendizado e o apoio do “Grupinho”? Agradeço do fundo da minha alma, uma parte do meu coração sempre estará com vocês, de corpo físico não mais. E a Compaixão com igualdade? Vou praticar.

Ah! Andarei em todas as zonas de desconforto.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza