quinta-feira, 23 de outubro de 2025

PRESENTE

 



PRESENTE

 

O resgate de valores é plausível e visível, talvez sejam inapropriados, ultrapassados, ou fora de moda. Autocuidado, compaixão, perdão, amor, muito amor, não sei de onde sai tanto amor, ando transbordando amor ou fedendo à amor... ando em retidão com os meus princípios com esperança...

Uma tranquilidade que nunca fora minha, visitada pela ansiedade que insiste em perturbar, penso que estou louca, mas talvez, a alma não tenha aceito ainda esse novo padrão vibratório, o padrão de não ser reativa. O padrão de apenas ser em amorosidade.

Existe, pela primeira vez, o anseio genuíno pela outra metade. Não sei se já fui contemplada, se desperdicei, ou se serei contemplada... Acredito que tenha fugido insistentemente à entrega, fazendo pirraça e esbravejado, sendo forte o suficiente para vivenciar exclusivamente a solitude, mas ando a ansiar... suspiro em amorosidade e liberto um sorriso.

Sempre estive a procura, um vazio no peito, uma fuga insistente e resistente em não receber amor, me afastei dos que mais amei por não saber amar, com isso, vivi um deserto fértil em transformação lenta, sempre a observar, em aprendizado constante...

A natureza sempre fora o porto seguro solitário. O transformar das estações e dos dias a parceria itinerante. O sentir o cheiro do tempo mudando, olhar para o céu por horas sem um motivo aparente, sentir a chuva chegando, saber que a temperatura vai cair simplesmente em ver a cor laranja do céu... observar o mar e conhecer as suas nuances, perceber a alteração da estação ao ver os ninhos dos pássaros, a mudança das cores nas plantas e sentir os animais mais ávidos ou hibernos, a Lua a amante intuitiva, o vento aquele que descabela, o Sol, o abraço de um amor fraterno. O alvorecer é pura exuberância, é o despertar, é a luz que irradia e aquece. A magia é o fechar os olhos e presenciar a aurora boreal sem nunca ter ido até ela... sinto falta das cigarras e dos vaga-lumes...mas hoje recebi a visita de quatro borboletas azuis gigantescas, presença marcante de São Francisco de Assis.

Vivo entro dois mundos, o dos vivos e o dos mortos, e às vezes me confundo sem saber ao certo qual das presenças são reais...

Há uma mudança interna no amago da alma, muito profunda e sinto que o tempo parece gritar: viva, sinta-o esvaindo!

Respeito a liberdade, reverencio a mulher que me tornei e agradeço aos meus antepassados. Apesar de tudo, estou maravilhosamente bem, cicatrizes são as únicas marcas que melhoram com o tempo.

Estou no fim de uma jornada onde o único interesse é o de transbordar em amor.  Talvez seja a última chance de viver em amor, ou um amor.

Sei, que do alto daquela colina, supliquei, não sei se alcancei a graça ainda, mas sinto o coração aberto e entregue. Voltei a suspirar, a ter brilho nos olhos e aposentei as máscaras do meu ego. As vezes sinto uma convulsão emocional por ser intensa demais. Me descontrolo. Respiro... Me acolho, aceito e ouço a voz de sempre: vai dar tudo certo.

Sinto medo, mas como dizem os estudiosos da mente humana: “o medo pode ser associado a um sinal de desejo”.

Viva o presente, aceite, apenas aceite e ame!

Por: Lucileyma Carazza