PRESENTE
O resgate de valores é plausível e visível, talvez sejam
inapropriados, ultrapassados, ou fora de moda. Autocuidado, compaixão, perdão,
amor, muito amor, não sei de onde sai tanto amor, ando transbordando amor ou
fedendo à amor... ando em retidão com os meus princípios com esperança...
Uma tranquilidade que nunca fora minha, visitada pela
ansiedade que insiste em perturbar, penso que estou louca, mas talvez, a alma
não tenha aceito ainda esse novo padrão vibratório, o padrão de não ser reativa.
O padrão de apenas ser em amorosidade.
Existe, pela primeira vez, o anseio genuíno pela outra
metade. Não sei se já fui contemplada, se desperdicei, ou se serei contemplada...
Acredito que tenha fugido insistentemente à entrega, fazendo pirraça e
esbravejado, sendo forte o suficiente para vivenciar exclusivamente a solitude,
mas ando a ansiar... suspiro em amorosidade e liberto um sorriso.
Sempre estive a procura, um vazio no peito, uma fuga
insistente e resistente em não receber amor, me afastei dos que mais amei por
não saber amar, com isso, vivi um deserto fértil em transformação lenta, sempre
a observar, em aprendizado constante...
A natureza sempre fora o porto seguro solitário. O
transformar das estações e dos dias a parceria itinerante. O sentir o cheiro do
tempo mudando, olhar para o céu por horas sem um motivo aparente, sentir a
chuva chegando, saber que a temperatura vai cair simplesmente em ver a cor laranja
do céu... observar o mar e conhecer as suas nuances, perceber a alteração da
estação ao ver os ninhos dos pássaros, a mudança das cores nas plantas e sentir
os animais mais ávidos ou hibernos, a Lua a amante intuitiva, o vento aquele
que descabela, o Sol, o abraço de um amor fraterno. O alvorecer é pura
exuberância, é o despertar, é a luz que irradia e aquece. A magia é o fechar os
olhos e presenciar a aurora boreal sem nunca ter ido até ela... sinto falta das
cigarras e dos vaga-lumes...mas hoje recebi a visita de quatro borboletas azuis
gigantescas, presença marcante de São Francisco de Assis.
Vivo entro dois mundos, o dos vivos e o dos mortos, e às
vezes me confundo sem saber ao certo qual das presenças são reais...
Há uma mudança interna no amago da alma, muito profunda e
sinto que o tempo parece gritar: viva, sinta-o esvaindo!
Respeito a liberdade, reverencio a mulher que me tornei e
agradeço aos meus antepassados. Apesar de tudo, estou maravilhosamente bem,
cicatrizes são as únicas marcas que melhoram com o tempo.
Estou no fim de uma jornada onde o único interesse é o de
transbordar em amor. Talvez seja a
última chance de viver em amor, ou um amor.
Sei, que do alto daquela colina, supliquei, não sei se
alcancei a graça ainda, mas sinto o coração aberto e entregue. Voltei a
suspirar, a ter brilho nos olhos e aposentei as máscaras do meu ego. As vezes
sinto uma convulsão emocional por ser intensa demais. Me descontrolo.
Respiro... Me acolho, aceito e ouço a voz de sempre: vai dar tudo certo.
Sinto medo, mas como dizem os estudiosos da mente humana: “o
medo pode ser associado a um sinal de desejo”.
Viva o presente, aceite, apenas aceite e ame!
Por: Lucileyma Carazza
