terça-feira, 12 de julho de 2011

Será que eu sou?




Meu marido estava viajando há 15 dias e resolvi lhe preparar uma super-surpresa! Chamei uma amiga pra ajudar e compramos fantasias, brinquedos, óleos, bolinhas… Entreguei os filhos pra sogra cuidar, fiz um jantar e seu suquinho predileto, com um tempero mega-especial…

A amiga ainda estava lá quando ele chegou, cumprimentou e foi direto à geladeira tomar o santo suquinho. Percebendo que dali a pouco não teria mais lugar, ela avisa que já vai. Mas quem disse que o carro queria pegar?

O marido, que mesmo cansado e tarado é cavalheiro, foi ajudar. Tentou, tentou e não conseguiu, então decidiu levá-lo, empurrando, à oficina da esquina. Enquanto isso eu olhava perplexa, sem saber como dizer o que precisava ser dito… Acabei deixando minha irresponsabilidade seguir seu curso natural.

Ao chegar lá, logo se animou. Muito! Ficou assustado e olhou em volta, pra ver se encontrava algum calendário de mulher pelada que justificasse aquele entumescimento, vai ver viu de menesgueio e nem notou… Pensou também que poderia ser o perfume de sua mulherzinha (eu), que ele não via há tanto tempo, grudado na roupa, mas não, a graxa cheirava mais forte. Mesmo com as conversas sobre a rebimboca da parafuseta, ele não relaxava. Foi quando começou a ficar intrigado… Seria o mecânico? Já estava ali há tanto tempo e continuava assim… Incitado. Ficou sismado. Tinha assistido a um filme, esses dias, que dizia sobre uma tal Escala Kinsey, que todo mundo, inevitavelmente, tinha um lado homossexual. Mas esse lado resolveu se manifestar logo agora? Ali, em plena oficina? Já tinha achado alguns homens bonitos, é verdade, mas esse mecânico era barrigudo, sujo, um nojo… Será que essa seria sua fantasia mais secreta? Mas já tinha estado em outras oficinas antes… O que poderia ser? O assistente? Depois de duas horas, carro consertado, ele volta pra casa enduvidado: Será que virei gay?

Ao chegar, não conseguia olhar em meus olhos, então quis saber o que acontecera e ele se abriu, cabisbaixo:

- Hoje fiquei preocupado, enquanto estava na oficina, fiquei o tempo todo alinhado. Pensei o que poderia ser, na escala Kinsey, lembra? Sei não, alguma coisa não estava normal. Precisava falar, pois mesmo estando tudo bem agora, depois disso hoje, tudo pode mudar amanhã. Então não se assuste se eu aparecer algum dia com outro, se eu não conseguir me conter, porque o que senti… E só o que podia estar me causando isso era o mecânico. Então já está avisada, se quiser me deixar, que me deixe; se quiser ficar, que fique sabendo.

Assustada com sua seriedade, preocupada com sua possível curiosidade e com medo de aumentar a concorrência – porque homem como o meu não está fácil de arranjar – não me restou alternativa à contar a verdade:

- Amor, não encafifa, é que eu temperei o suco com viagra.

Acho que eu só não fui expulsa do quarto por conta do alívio que ele sentiu em ver reafirmada sua masculinidade!

Mas, atenção, não repitam essa experiência em casa, pode ser muito perigoso…

Por: Paula Jácome
http://chaentreamigas.com.br/