APENAS UMA HISTÓRIA DE UM COMERCIAL DE MARGARINA
Toda
história tem várias versões e várias frações. Não somos apenas um momento,
somos vários fragmentos.
Talvez
este seja o fim, mas prefiro acreditar que é apenas o recomeço.
Nem
todas as “tríades” são sagradas como: “Pai, Filho e Espírito Santo”; talvez por
tabus ou preconceitos, mas acredito fielmente que somos capazes de amar mais de
uma pessoa ao mesmo tempo, por afinidades, interesses, empatia, sintonia e
sexo.
Existe
uma tríade real ao qual sou adepta: pai = cérebro, mãe = coração e filho =
ventre(útero); nós seres humanos oscilamos nesta energia, às vezes, nos
encontramos, e outras vezes nos perdemos, pois, muitas das vezes vivemos
racionalmente, outras vezes emocionalmente e muitas outras instintivamente. O
certo seria estarmos conectados em nossos corações, mas na realidade estamos
sempre perdidos entre o racional, emocional e o instinto...
Voltando
a Tríade da história... o motivo desse texto...
Um
caso de amor e guerra, onde nos expomos aos melhores e piores sentimentos.
Vivenciamos a luz e as trevas... sim... nós três... tenho certeza.
- Posso dizer por que
presenciei o pior que existe em mim. - Sim! Me relacionei pela primeira vez na
vida com uma pessoa comprometida... não foi muito difícil me relacionar, aqueles
olhos azuis de pescador me fisgou de um jeito... A partir daí foram mensagens,
telefonemas e encontros calorosos. Por um tempo acreditei que ele tinha dúvidas
e que não era feliz... Foi tão fluídico, para não dizer fácil, possuíamos
afinidade e muita química. Na minha cabeça, homens que estão no início de um
relacionamento não são capazes de trair, por estar envolvido por demais... mas
foi uma ilusão... minha...
Nessa
história passaram-se meses, dos quais ele vinha em minha casa semanalmente,
lógico, no horário em que você estava trabalhando, ele também dormiu aqui
algumas vezes... até que um dia... ele viajou com você e postou fotos românticas da viagem... Fiquei com ódio
e te disse tudo sobre a vida dele, mas você preferiu acreditar nele. O pior foi
que: uma semana depois ele voltou como se nada tivesse acontecido.
Continuamos
com esse romance controverso... sim, eu me apaixonei por ele. Ele é integro,
atencioso, inteligente, trabalhador, prestativo e incrivelmente sexual...
-
Quanto a mim? Não enganei ninguém, a não ser a mim mesma...
Nos
sentíamos culpados, pois, somos pessoas íntegras e queremos o bem comum...
terminávamos e voltávamos todas as semanas... um cabo de guerra emocional,
racional e sexual sem fim...
Posteriormente,
bebi algumas garrafas de Chandon e enlouqueci. Sentei na porta da sua casa. Queria
descontar toda a minha raiva, prejudicar esse relacionamento de “comercial de margarida”...
só que, para minha surpresa, ele quem chegou, e não, você... Fui tão cruel,
pois, descontei em uma criança linda a minha raiva... Ele entrou em desespero e
só sabia chorar pela família... pensei que naquele momento teríamos colocado um
ponto final, afinal, nenhum homem confiaria em uma mulher capaz de despejar a
verdade no ventilador. Nenhum homem confiaria em uma mulherzinha (foi disso que
ele me chamou)...
Doce
ilusão, uma semana depois, estava ele na minha casa, na minha cama e em meus
braços... desde então, nunca saiu... sempre esteve aqui...
Me
sentia tão mal... pequena, vulgar, puta... mas no fundo eu não era nada disso. Sou
centelha divina, sou solo sagrado e simplesmente amei um homem que amava
outra... no fundo, nós dois sabíamos que ele amava as duas e que não conseguia
viver sem elas...
Todas
as vezes que os via na rua, quase morria (no bar, na lanchonete, no beco, na
sorveteria, na igreja, na rua) todos encontros casuais... com isso, parei de
sair para não ver e não sentir dor e culpa.
-
Senti! Muita culpa... me coloquei no seu lugar... tentei deixar essa história
para lá muitas vezes, mas, ele sempre voltava e eu sempre abria a porta...
nossos encontros eram como êxtase. A
droga te leva ao céu e posteriormente ao inferno...
Amo
e te amei, nessa vida e em outras também. Às vezes me pergunto o que estou
plantando, o que estou colhendo? Porque simplesmente não me liberto e esqueço
essa história. O que preciso aprender ainda?
Por
vezes me peguei olhando para essa família de “Comercial de Margarina”... poxa!
Precisava ser tão cruel? Morar do lado da minha casa, frequentar a mesma
igreja...
Morri
quando ficou noivo, quando comprou o apartamento, quando colocou aquela aliança
gigantesca, quando constituiu união estável para beneficiar filhos, quando
chegava com aquela gargantilha de prata e com a foto de vocês entalhada...
Morri
quando ficou doente por não poder estar ao seu lado... morri quando veio a
minha casa no momento que ainda deveria estar em repouso... fizemos amor...
para mim sim... eu não faço sexo, e sim, faço amor... fiz amor todas as vezes
que estive com você...
Morri
todas às vezes que viajou com a família, todos aniversários, festas
comemorativas em que não estivemos juntos... eu sozinha... você aí... vivendo e
curtindo muito...
Morri
muito mais quando me ligou bêbado e veio até a minha casa... eu, dormindo...
você trabalhando em uma construção com o irmão mais velho... você chegou com um
sorriso lindo e todo sujo... fizemos amor... como só dois escorpianos sabem
fazer... dormimos... você só chegou às 5 da manhã em casa porque tive
compaixão... Mas para uma família “Comercial de Margarina” isso não é nada
demais... é só ir ao shopping que tudo se resolve...
E
hoje... - Hoje??? Você defende o comercial e esquece dos seus pecados, da
cumplicidade e da vivencia. Você faz questão de me lembrar que sou apenas uma
mulherzinha...
No
fundo sabemos muito bem quem somos... Somos duas mulheres incríveis, objetivas,
práticas e independentes vivendo com um homem mergulhado em medo e mentiras...
São
três anos... três anos... talvez eu não me ame... mas e você?
A
sua enfermidade é apenas o seu medo de perder a “Familia Comercial de Margarina”.
A sua enfermidade é apenas o seu reflexo nas pessoas, o seu julgamento e o pânico
das pessoas que você ama descobrirem quem você é.
Você
não errou por amar duas mulheres! Você errou em enganar essas mulheres, na
verdade você enganou a si mesmo!
Que
Jesus perdoe os “meus” (nossos) pecados...
Por: Lucileyma Carazza