Gente,
humildemente…
Publicado
em 27/11/2014 por Paula Jácome
Gosto
de gente de verdade. Gente que atende o telefone e quando pergunto como vai,
responde mesmo. Diz que não está tudo bem não, que a vida anda difícil, mas vai
melhorar.
Gente
que tem coragem de carregar sua tristeza junto, ao longo do dia, que não tranca
a coitada no quarto pra ir trabalhar e volta pra chorá-la sozinha de noite.
Haja coragem pra isso, viu?
Gosto
de gente que fica verdadeiramente feliz por nossas conquistas, e que admite uma
ponta de inveja, um desejo de conquistar também. Muito gente isso, afinal, quem
não tem? Quem não quer pra si tudo de bom?
Gosto
de quem admite o ciúme por não ter sido convidado pra viagem. Que diz que ficou
com raiva, mas aceita e continua ali, pro que der e vier, contigo. Gosto muito
de quem fica, mesmo quando fazemos algo que não goste. Porque o que faço não
sou eu. E eu erro e, se estou muito próximo a alguém, certamente, uma hora ou
outra, vou frustrar. Gosto de quem briga pra continuar amigo, ou namorado, ou
marido. Detesto “tudos bens”…
Gosto
desse tipo de gente, humana, que perdoa, que insiste, que tem raiva, ciúme,
alegria, que sente dor. Que para tudo pra ver a borboleta azul passando, que
tem coragem de se jogar e dizer que ama, com todas as consequências que isso
possa acarretar. Gente que tem a cara de pau de, no meio do dia do trabalho,
interromper tudo pra fazer uma oração junto com você, pois te achou meio
desanimado na hora que te viu.
Gosto
do que se assume, do que tem peito pra viver o amor e a dor que vem
com ele. Gosto do que aproveita cada centímetro do dia, nem que seja pra não
fazer nada. Gosto de quem chama minha atenção quando estou fazendo uma besteira
homérica. Gosto de beijos molhados, abraços apertados e de telefones desligados
na cara, de raiva, no meio da conversa. Ando de chinelo de dedo o dia
inteiro.
Gosto
do que é de verdade, do que é real, do que se expressa. Gosto de quem sabe que
é gente, e aceita, humildemente essa condição, sem precisar fingir que está
tudo perfeito e bom e lindo e arrumando e sorridente e brilhante o tempo todo,
pois não está, pra ninguém. E isso é um dos preços de ser de carne e osso.
Gente, sente!
Felicidade
de showroom não me encanta, não me interessa. Prefiro a tristeza com os pés no
chão. Inclusive a minha.