MESMO
LUGAR
Ao despertar deparei-me com a sensação de estar no mesmo lugar. Enraizada em ciclos, modinhas, vitrines, exposições, problemáticas, crenças, dores, morte, renascimento, exclusão, ciclos viciosos e sobrevivência.
Não consegui fazer o que havia
programado, diversos fatores externos me incomodaram, mas a verdade é que os
fatores não são externos, e sim, internos. Por mais que exista uma sorriso na face,
uma gargalhada estonteante, uma vontade imensa de viver e aproveitar todos os
segundos, existe um vazio um buraco, que por mais que eu lute, nunca é preenchido.
Acabei me envolvendo em
arrumação, ambiente bagunçado é sinônimo de mente barulhenta, desequilíbrio
emocional, ou sei lá... pode ser apenas TOC, mas nesta cabeça que sobrevive a
transtornos mistos, limpeza e a rotina são importantes para uma mente
equilibrada, acho que aprendi isso com os japoneses, com seus famosos 5s.
Ligo o som e me deparo com Jão.
Amo o Jão! Ser comparado pela mãe do Cazuza como o Cazuza da atualidade é uma
responsabilidade sem precedentes. Jão começou aos 18 anos, e aos 24 anos me
deparei com o seu último show. Lindíssimo diga de passagem, um estádio inteiro
com uma juventude cantando e chorando os seus versos... Ao fim do show Jão
disse: “está é a minha última turnê, acredito que não amadureci, escrevo e falo
as mesmas coisas desde dos 18 anos, preciso amadurecer”.
Levei um soco no estômago e
fiquei com isso na cabeça o dia inteiro. Fui atrás do primeiro texto que
escrevi: O anseio pela outra metade. Escrevi para o meu irmão. Ele havia
acabado de se acidentar e eu fiquei do lado dele o tempo todo nas primeiras 24
horas. Sentada naquele caixão frio (era assim que chamava o HMC), me coloquei
em estado meditativo e em oração, suplicando pelo meu irmão. Na época estava
lendo algum livro de filosofia...
Neste sentido me dispus a
comparar o meu último texto, com aquele primeiro texto tão distante. O
último e o primeiro mencionam a mesma coisa, mas com emoções distintas.
Talvez, assim como Jão, não tenha
amadurecido, por mencionar o amor todas as vezes que escrevi, fato é que o
vocabulário era mais rico, formal, informativo, enfadonho como textos
jurídicos, elitizado e extremamente intelectualizado... me dei conta que mudei,
talvez tenha me tornado uma adolescente de meio século com uma linguagem
coloquial, informal, nada informativa e muito mais emotiva... e está tudo
bem...
Observação: não revisei o texto acima, uma vez que a imperfeição faz parte.
Meu primeiro texto:
O ANSEIO
PELA OUTRA METADE
Embora queira ficar com você dia e noite, nada
muda no Ano Novo!
Apesar do Ano Novo ser tradicionalmente um
momento de recomeço, o que quer que esteja me afastando parece ser um obstáculo
permanente. Mesmo assim a minha necessidade por ele não é menor.
Ah o AMOR!
Para uma pessoa que está amando parece
intuitiva e clara: pensamos que sabemos o que significa amar sem ter que
analisar. Mas quando refletimos melhor, o verdadeiro significado do “termo
amor“ torna-se mais difícil de definir.
O quê significa para um ser humano dizer que o
amor é essencial para a vida?
O amor talvez seja o nosso anseio pela outra
metade; particularmente significa muito mais.
Aristofanes1 conta uma história acerca da
origem da humanidade, que revelaria a natureza do amor. Em tom de humor, ele
sugere que houve uma época em que não existiam dois sexos, mas sim três: seres
masculinos, femininos e andrógenos, que possuíam órgãos sexuais de ambos os
sexos. Os seres humanos costumavam ter quatro braços, quatro pernas e dois
rostos; eram criaturas redondas que se moviam dando cambalhotas pelo chão. Como
os Deuses viam nos seres humanos uma ameaça, decidiram que um modo de
limitá-los seria cortando-os pela metade; por isso, cada ser humano foi
dividido em dois. Cada parte que constitui o presente estado da humanidade é
apenas a metade da criatura original, sempre em busca da sua outra metade. O
AMOR consiste em encontrar o resto de nós mesmos; nós, em nossa condição, não
somos inteiros. Quando alguém encontra sua “outra metade”, Aristófanes diz:
“Essas pessoas são magnificamente tocadas por
um senso de amizade e familiaridade e Eros2, e nunca mais querem se separar,
nem por um instante. Essas pessoas são as pessoas que passam a vida toda ao
lado uma da outra, mas sequer são capazes de dizer o que desejam para si,
estando com o outro. Não se pode pensar que é por causa da relação sexual que
duas pessoas amam estar juntas. É, na verdade, a alma de cada um que
deseja claramente algo mais, que não é capaz de expressar com palavras; ela
sente o que precisa e, ainda que de modo obscuro, intui tal coisa”.
Cada um de nós é incompleto sozinho e precisa
ser amado para ser inteiro novamente. Nenhum ser humano é auto-suficiente; pelo
contrário, todos nós temos a necessidade de uma pessoa que nos complete.
Existem pessoas que usam a imagem do amor
romântico e o desejo de reencontro com a pessoa amada para descrever um
problema político fundamental.
Percebo que o “AMOR” tem
abrangência muito maior do que pensamos. Podemos amar não apenas uma pessoa;
mas a família, os amigos, um país, um povo, os animais, a natureza, um esporte,
a humanidade, o trabalho, a caridade, a paz a justiça social etc.
Considerar o amor romântico a única forma de
amor é insuficiente.
Com amor não há violência, ele possui virtudes
clássicas de justiça, temperança, moderação e sabedoria.
Ame o próximo.
Inspiração e dedicação: Víctor Nelson R. L.
Carazza
1 - Aristófanes, em grego antigo
Ἀριστοφάνης, (c. 447 a.C. - c. 385 a.C.) foi um dramaturgo grego. É considerado
o maior representante da Comédia Antiga.Nasceu em Atenas e, embora sua vida
seja pouco conhecida, sua obra permite deduzir que teve uma formação
requintada. Aristófanes viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de
Péricles. Aristófanes foi testemunha também do início do fim daquela grande
Atenas. Ele viu o início da Guerra do Peloponeso, que arruinou a hélade. Ele,
da mesma forma, viu de perto o papel nocivo dos demagogos na destruição
econômica, militar e cultural de sua cidade-estado. À sua volta, à volta da
acrópole de Atenas, florescia a sofística -a arte da persuasão-, que subvertia
os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua civilização.
Conta-se que teve dois filhos, que também seguiram a carreira do pai.
2 - Eros ( do grego antigo :
Ἔρως , "Sexo Amor"), na mitologia grega , era o deus primordial do
amor sexual e beleza. Ele era também adorado como uma divindade da fertilidade.
Seu Romano contrapartida foi o Cupido ("desejo"), também conhecido
como Amor ("amor"). Na Teogonia de Hesíodo faz dele um deus
primordial, enquanto em alguns mitos, ele era o filho das divindades Afrodite e
Ares. Em Platão, Simpósio, ele foi concebido pelo Poros (abundância) e Penia
(Pobreza) com o aniversário de Afrodite. Como Dioniso, era algumas vezes
referido como Eleutério, o "libertador".
Por: Lucileyma
Carazza, em 18/12/2010.
