Por Ana Laranjeira
Constantemente publicamos aqui no site do CERS dicas e orientações da consultora em concursos Lia Salgado. Lia é colunista do G1 e sempre traz sugestões eficazes de como organizar da melhor forma os estudos. Como acreditamos que o verdadeiro desafio do concurseiro é manter a motivação, compartilhamos com vocês esses ensinamentos para que não fujam dos seus objetivos por falta de estímulo.
No artigo que divulgamos hoje, Lia explica, tanto para quem está começando agora quanto para concurseiros de longa viagem, como organizar seu tempo de maneira produtiva em apenas 10 passos. Confere:
*Lia Salgado, colunista do G1, é fiscal de rendas do município do Rio de Janeiro, consultora em concursos públicos e autora do livro “Como vencer a maratona dos concursos públicos”
Encontrar tempo para estudar é, talvez, o maior desafio a ser enfrentado por quem decide se candidatar a uma vaga na administração pública. Numa vida que normalmente já é corrida, é preciso abrir espaço para aulas e estudo, se possível diariamente. Muita gente chega a desistir antes mesmo de tentar, por imaginar que um projeto desse tamanho não caberia na sua rotina.
Como fazer, então? Uma boa providência, para quem trabalha, é imaginar que está iniciando uma faculdade. Isso dá uma dimensão aproximada do tempo que deverá ser disponibilizado na semana, da dedicação necessária e do prazo razoável para o êxito do projeto. Não estamos querendo dizer que somente depois de 4 ou 5 anos você será aprovado, mas é preferível ter um horizonte de longo prazo a criar uma expectativa de solução muito rápida e se frustrar ou colocar uma carga de cobrança excessiva, que pode levar à desistência.
1) Como organizar o tempo
A vantagem é que na “faculdade fictícia” os horários devem começar mais reduzidos e ser gradativamente aumentados – começar com 1 a 2 horas por noite, aumentando até 3 ou 4 horas, sempre cuidando de fazer intervalos de 15 minutos no meio do período de estudo e reservando de 6 a 8 horas para dormir (menos do que isso prejudica a memorização dos conteúdos).
Caso você pretenda fazer um curso presencial, pode optar por assistir às aulas aos sábados e, assim, economizar tempo e custo de deslocamento. Se preferir, pode assistir às aulas à noite e estudar nas noites vagas e no sábado. O mesmo se aplica para quem escolheu cursos via internet ao vivo. Quem optar por cursos gravados, a sugestão é intercalar dias de aula e estudo, incluindo o sábado.
Para quem trabalha em esquema de escala, com dias alternados, a solução é reservar as horas de estudo nos dias de folga. Também as aulas via internet gravadas se ajustam melhor a esse tipo de rotina. O candidato pode alternar aula e estudo a cada dia de folga ou assistir às aulas num dia e estudar no outro, conforme for mais conveniente.
2) Como fazer um planejamento
O mais importante é fazer um planejamento real e possível, de acordo com a sua realidade de tempo e de outras tarefas a seu cargo. Não é a quantidade de horas dedicadas ao estudo que garante a aprovação, mas a continuidade da preparação. Além disso, com o passar dos meses, o número de aulas necessárias vai sendo diminuído e o tempo disponível para o estudo, aumentando. E é bom que seja assim: depois de um tempo de preparação, bastam aulas pontuais de alguma disciplina nova ou mais difícil para o candidato. É o trabalho individual e progressivo de revisar e aprofundar a teoria, fazer exercícios e resolver provas anteriores que vai efetivamente sedimentar o conhecimento.
3) Como se concentrar
Depois de longos anos sem contato com os livros e com tantas outras demandas na cabeça, como fazer o cérebro entender que é hora de estudo? Grande parte dos candidatos são pessoas adultas, com responsabilidades de trabalho, família e casa.
Um planejamento real, mensal, colocado no papel (ou computador), que contemple todas as atividades - com definição de horário de início e fim de cada período de estudo, e também com as matérias a serem estudadas a cada dia -, coloca cada coisa no seu lugar, estabelece claramente a prioridade de cada momento (essencial para a concentração) e elimina a confusão de fazer uma coisa pensando em outra.
Mas, não é só isso. Se a forma de estudar for entediante, o cérebro vai tentar fugir da sensação de desconforto e a distração será inevitável.
4) Como manter o foco
O estudo dos tempos de escola, quando apenas líamos a matéria para tentar fixá-la, é a única forma de estudo conhecida pela maioria de nós. Isso funcionava para pequenos conteúdos, mas o candidato a um concurso público precisa ter conhecimento profundo sobre diversas disciplinas, o que significa compreender e reter até o dia da prova uma quantidade enorme de informações. São meses ou anos de estudo contínuo, incluindo novas matérias e mantendo as anteriores.
Sem dúvida, tudo passa pelo estudo da teoria, mas isso deve acontecer de forma dinâmica.
Uma estratégia eficiente de iniciar o contato com conteúdos novos é fazer a leitura de um ponto por vez, a partir de anotações de aula, conjugada à leitura do mesmo ponto em um livro para concursos, seguida imediatamente da resolução de exercícios sobre o assunto, com consulta à teoria. A compreensão e fixação natural são facilitadas, porque os exercícios exigirão retornos sucessivos à teoria e um olhar mais atento, permitindo que o candidato perceba detalhes e informações que passariam despercebidas numa simples leitura. Vale lembrar que, nesse primeiro momento, o candidato não deve ficar preocupado com a memorização, mas tão somente com o entendimento dos conteúdos.
5) Como testar seu conhecimento
Depois de vista toda a teoria de uma disciplina, o candidato precisa colocar o seu conhecimento à prova, resolvendo questões de concursos anteriores. Isso é importante para que o candidato possa perceber o nível de profundidade exigido nas provas e como está o seu conhecimento naquela matéria. A partir dessa verificação será possível retornar à teoria para aparar as arestas.
Em disciplinas exatas, tais como matemática e raciocínio lógico, a dificuldade pode não estar na compreensão da teoria, mas na prática mesmo da resolução de questões. Nesse caso, o melhor é fazer dezenas, até centenas de exercícios, para ganhar confiança e agilidade.
6) Como revisar o conteúdo
Outra dificuldade nesse tipo de estudo é garantir que a qualidade de conhecimento se mantenha, mesmo com o passar do tempo. É uma situação bem semelhante à de um equilibrista de pratos: se algum prato deixar de rodar, vai cair e quebrar. Também o candidato precisa manter todas as disciplinas ativas, para que não caiam no esquecimento.
Para revisar rápida e periodicamente diversas disciplinas com extensos conteúdos é preciso preparar um material de qualidade. E isso pode ser utilizado como uma etapa avançada do estudo. Depois que o candidato chegar ao fim da teoria de uma matéria, deve repetir o processo inicial de leitura/exercícios, incluindo aí a elaboração de fichas-resumo. Trata-se de esquemas, quadros, tópicos organizados com poucas palavras, que permitam uma revisão de todos os assuntos.
O tempo investido nesse trabalho é amplamente recompensado pelo resultado – sedimentar e organizar as informações que o candidato já possui. Podem-se utilizar fichas de papelaria, separadas por disciplina, numeradas e organizadas por tópicos, a fim de facilitar a consulta. São mais eficientes do que os resumos tradicionais, porque são mais rápidas de serem confeccionadas e mais objetivas na hora das revisões. Além disso, presas por um elástico, são práticas para acompanhar o candidato a qualquer lugar.
7) O que fazer com as matérias difíceis?
Pode acontecer de, mesmo com toda a estratégia e dedicação, o candidato ter reais dificuldades para compreender e avançar numa matéria. É uma situação relativamente comum e não deve ser motivo para desespero, muito menos para desistência – nem quanto ao projeto nem quanto à disciplina em questão.
Muitos concursos cobram matérias de diversas áreas de conhecimento e é natural que o candidato sinta mais facilidade em algumas disciplinas do que em outras. Como se fosse um jogador fraco que você não pode dispensar nem deixar no banco de reservas, a solução é investir mais para superar as deficiências.
Fazer um módulo específico da disciplina (de preferência com professor diferente, para ter a oportunidade de nova abordagem/didática) costuma oferecer excelentes resultados porque, mesmo com dificuldades, o assunto já foi visto anteriormente, e voltar ao início com o apoio de um professor pode ser suficiente para sanar as dúvidas. Providência similar pode ser adotada utilizando-se um novo livro (que seja bem recomendado para concursos) sobre o assunto e estudando a matéria desde o início, como se fosse a primeira vez.
8) O edital ainda não saiu. Devo estudar?
Outro grande desafio para quem se prepara para concursos públicos é o longo tempo de preparação – praticamente uma maratona. E esse fato é agravado quando não há nenhum edital publicado para a área de interesse do candidato. Mas esse tempo, se bem aproveitado, pode garantir a aprovação quando a oportunidade surgir, porque os editais vão acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Quem mantiver o ritmo de estudo estará em boa vantagem em relação aos outros candidatos quando o edital for publicado. E isso é motivo suficiente para garantir a motivação. O planejamento mensal também ajuda a preservar a regularidade da preparação, que deve ser permanente até a aprovação. Apenas o foco é que precisa ser ajustado na iminência de algum edital.
9) Não passou? Veja o fazer para não desanimar
Mesmo se o candidato vier a ser reprovado em algum momento, é importante seguir estudando. Outros editais virão e o conhecimento acumulado de concursos anteriores da mesma área servirá de patamar para o seguinte.
Interromper o estudo até a publicação de novo edital ou desistir do projeto seria jogar fora todo o investimento já feito, e o pior – o movimento para transformar a própria vida. Isso sim seria muito ruim. Além disso, algum tropeço num projeto dessa grandeza não é nada demais e faz parte da trajetória de quase todo candidato. Muitos aprovados nos primeiros lugares em seus concursos precisaram enfrentar uma ou mais reprovações durante o percurso.
10) Passou? Continue estudando mesmo assim
Deixamos aqui um alerta: mesmo depois de aprovado, o ideal é que o candidato continue a estudar e prestar novos concursos. Isso porque a nomeação/contratação pode acontecer até o fim do prazo de validade do concurso, que pode ser de até 2 anos, prorrogáveis por mais 2.
Assim, o mais prudente é buscar novas aprovações. E isso não deve ser difícil, pois o candidato aprovado mostra que conquistou excelência no conhecimento e amadurecimento para fazer provas. Mantendo-se na mesma área de concursos, que cobram muitas matérias em comum, a tendência é que passe a colecionar aprovações e, com isso, aumente as suas chances de tomar posse mais rapidamente.
Depois, o problema será decidir em qual órgão ficar, quando for chamado para assumir novos cargos por conta de outras aprovações. Mas esse é um ônus que todo candidato deseja enfrentar.
Fonte: http://renatosaraiva.com.br/noticias/2972/COMO+ENFRENTAR+10+DESAFIOS+NA+HORA+DE+ESTUDAR+PARA+CONCURSOS.html