terça-feira, 3 de abril de 2012

Espelhos!



Às vezes pode ser apenas o meu ego. Posso estar dando voltas para não enxergar e negando a ajuda de um atalho. Às vezes pode ser apenas um espelho. Às vezes pode ser eu com a minha maldade e/ou com a minha bondade.

Uma dúvida constante bate na minha cabeça insistentemente: como saber se o que falo, sinto e faço , está certo ou errado? Como saber se é o meu ego ou se é verdadeiramente o meu ser?

Uma coisa é fato: existe uma mágoa imensa no meu peito, uma sensação de ser descartável, uma impotência, um vazio. Por mais que eu tenha fé e vejo as bênçãos que me são proporcionadas, ainda sinto este vazio.

Alguma coisa ainda precisa ser resolvida, mais o quê?

Existem ambientes que transito com uma leveza e me sinto tão confortável, e outros, que me levam a um desconforto insuportável. Seria fácil se optasse apenas pelo conforto. Mas não! Opto sempre pelo mais difícil.

Talvez seja teimosa e opto por aquilo que nunca vou ter, ou talvez seja forte por estar lutando por um ideal; talvez seja uma pirraça que não consigo expressar.
Uma pirraça, uma intolerância, uma falta de amor e uma falta de compaixão? Esta sou eu?

Conviver com aquilo que você não consegue perdoar, sentar-se a mesa do lado do seu inimigo (aquele que literalmente te traiu) e perceber que você precisa ter compaixão até por aquela barata nojenta; pedir que uma foto seja rasgada por não suportar enxergar aquilo que você não quer ver (e não ser atendida); ver todas as pessoas felizes em sua volta (menos você) e ainda querer que elas comunguem da sua dor; Deixar as pessoas livres e ver que a vida continua sem você e que para elas, tudo bem. O cabelo cair, a coluna doer, prostrar em cima de uma cama e saber que é só você que sai de cima dela, porque foi você que se colocou ali. Apanhar de paulada nas costas do mundo espiritual por ignorar aquilo que lhe foi dado? Parecer invisível, por não estar de corpo físico presente e sentir-se completamente abandonada. Estas são as curas? Tenho que passar por estas dores? A culpa é minha? Preciso sentir dor para aprender?

Sim, esta é a cura, tive que passar por estas dores. Não consegui aprender com o amor, então, aprendi com a dor. Um tirano que não sabe perdoar, que não tem uma gota de compaixão, um traidor que não se enxerga e um grupo. Uma ilusão de respeito. Foi assim que comecei uma guerra. Dois espelhos e um grupo. Um espelho tocando na ferida, o outro, fugindo da feriada e um grupo que não sabe mais o que fazer.

Um grupo extremamente forte e ao mesmo tempo tão frágil. Esta sou eu? Forte e frágil?

Uma pessoa extremamente boa e ao mesmo tempo tirana. Esta sou eu? Boa e tirana?

Uma pessoa que trai e não tem noção alguma daquilo que fez? Esta sou eu? Traidora e sem percepção?

Uma pessoa extremamente falsa e ao mesmo tempo supérflua? Esta sou eu? Falsa e supérflua?

Uma pessoa extremamente inteligente e que busca o conhecimento o tempo todo? Esta sou eu? Inteligente e burra?

Uma pessoa com muita compaixão e ao mesmo tempo sem um pingo de compaixão? Esta sou eu? Amor e ódio?

Uma pessoa com muitos princípios e ao mesmo tempo sem princípio algum? Esta sou eu? Ética e sem princípio?

Uma pessoa competente e ao mesmo tempo insegura? Esta sou eu? Competente e incompetente?

Uma pessoa que escuta e vê o que ninguém mais vê e que não consegue entender o que todos veem? Esta sou eu? Médium e ignorante?

Um suicida e ao mesmo tempo incompetente por estar viva? Esta sou eu? Morte e vida?

Uma pessoa que não confia e que quer ser confiável? Esta sou eu? Insegura e não confiável?

Uma pessoa que não escuta e que ao mesmo tempo não fala? Esta sou eu? Surda e muda?

Uma pessoa que aponta e que não consegue enxergar o óbvio? Esta sou eu? Verdade e mentira?

Preciso me polir todos os dias, antes nem sabia quem eu era.

Percebi um ciclo constante de maldade. Uma maldade de saber que estar fazendo mal para alguém e mesmo assim o faz. Fico irrita quando as pessoas me magoam e não percebem. Fico irrita, me esbravejo e depois me arrependo. Eu não tinha consciência deste ciclo e as pessoas não sabem quem eu sou, elas sabem o que eu sou.

Melhor é sarar aquilo que te magoou e esquecer aquilo que não esta ao seu alcance, o outro não tem consciência, o outro nem sabe, porém você sabe. Quando fui tirana me senti infinitamente pior, porém quando aprendi a controlar a raiva me senti muito melhor.

Precisei aprender com a dor a minha maldade, porém, existem qualidades em mim que aprendi com muito amor. Vou apegar-me às qualidades e ao aprendizado, o tempo cura o restante.

Aqui aprendi quem eu sou através dos meus espelhos. E o mais legal? É que eu nunca gostei de espelhos.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza