quarta-feira, 19 de setembro de 2012

AMOR NA ERA DIGITAL: VOCÊ TEM GOSTO DE QUÊ?


Ah, não sei, não. O tempo do relógio não dá mais conta desse mundo. Você acorda e está lá: a cada dia uma nova invenção tecnológica é criada para enganar o deus Chronos. Olhamos pro lado e os bluetooths, wirelles, infra-vermelhos e conexões via satélite invadem nossas vidas e nos conectam com o planeta Terra num piscar de olhos. Palavras navegam por terra, água e ar e aparecem em tempo real para diminuir a distância e a solidão. Você liga o computador e: - Olá! Seu sorriso é visto do outro lado por uma webcam que te responde via Skype: - Bom dia! E assim seguimos: enviamos e-mails, falamos bobagens pelo facebook, usamos o Google para tudo o que não sabemos, namoramos pelo msn, compramos livros e sapatos on-line, mandamos mensagens com fotos para o celular de amigas distantes, dizemos “eu te amo" (não é esse o tempo de apertar “send”?). É, parece que, de repente, tudo que parecia estar longe, ficou mais perto. E confesso. Sou contraditória. Sou metade hippie, metade chique. Quero pé na grama, mas também tecnologia! Tenho uma amiga que já vi perguntando a mesma frase várias vezes e acho que virou mania: moço, tem entrada pra USB? Resposta positiva? Alivio!! Minha vida está salva por um décimo de segundo!

Mas o que será que me fez escrever esse texto cheio de bytes e palavras que se auto-corrigem? Hum… O coração avisa: é o vazio. Mesmo com essa rápida conexão que liga o mundo, eu nunca senti as pessoas tão desconectadas. Não só de si mesmas. Mas dos outros. Parece que a carência avança na mesma rapidez que a tecnologia progride. Muitas vezes preferimos manter relacionamentos com pessoas que juramos conhecer muito (mas que moram em outro hemisfério) sem ao menos sorrir pra aquele vizinho interessante que esbarrou em você. O que sinto é que o mundo anda carente. Carente do real. Sem poses, frases copiadas e fotos corrigidas em photoshops. Vem cá: a quem a gente quer enganar? Do quê a gente quer se esconder? Muito melhor usar a tecnologia a nosso favor e tomar apenas cuidado para não usa-la como barreira para camuflar nossos medos e defeitos. Afinal – vamos ser sinceros!- eu não vou saber se vc é legal porque sua imagem de 480 pixels me deixou de boca aberta. Ah, não mesmo! Quero conhecer as pessoas literalmente, ao vivo e a cores.

Quer me entender? Não será navegando como se eu fizesse parte de um clipe imaginário, mas sim de havaiana no final do dia, variando as palavras bem colocadas e o dialeto caipira, soltando um palavrão politicamente correto quando algo cai da minha mão . (Sorte nossa que a tecnologia ainda não conseguiu plugar o coração).
 
 
 
Autor: Desconhecido