quarta-feira, 15 de maio de 2013

Se não tivesse amor, nada seria



 

Se não tivesse amor, nada seria

E eu que achava que só estava buscando o meu filhinho na escola.
- Mãe, tenho uma coisa terrível pra te contar…
- O quê?
- Ah, primeiro… Olha aqui meu boletim!
Fiquei apavorada, ele estava tentando me amansar com o boletim. O que teria feito de tão errado?
- É que eu fiz uma coisa chata. Eu fui fazer seu cartãozinho de dia das mães na escola e ficou muito feio, vou ter que refazer…
- Mas o que você fez?
- Eu fui tentar fazer fogos de artifício e acabou ficando tudo rabiscado.
- Ah, filho! Está tudo bem, não tem problema. – as gentes que somos mães adoramos cartõezinhos de qualquer maneira…
Ficamos calados um tempo e ele soltou:
- É que com isso eu acabei percebendo que amo muito poucas coisas na vida.
- Ãh? Como assim? Por quê? – me assustei – Você fez isso de propósito? A professora brigou com você? – quase entrando em modo leoa.
- Não… Eu só percebi que amo poucas coisas na vida…
SÓ? COMO ASSIM? Era o que queria berrar, mas dei espaço pra ele falar.
- E senti um vazio… Isso me deixa muito triste…
E quase arrebenta o meu coração.
- Eu sei. É triste mesmo…
O ar se calou por um tempinho…
- Filho, você é muito especial. Todo mundo é especial na verdade, e o seu jeito de ser especial é isso de você perceber o que está no seu coração.
- É, eu sou igual a você…
Me enchi.
- Todo mundo sente esse vazio, mas fica tentando encher ele com coisas. Tem gente que compra roupa, tem gente que trabalha muito pra não sentir ele, tem gente que tenta ser mais importante que os outros… Só pra não sentir esse vazio… – disse.
- É. Entendi. Mas acho que nada disso adianta…
- Verdade… Mas o que você acha que adianta? O que você acha que enche esse vazio?
- Ah… Acho que o amor enche o vazio…
- Hum… – de orgulho – E como é que você pode conseguir amor?
Ele pensou um pouco. Olhou e respondeu sem obviedade alguma:
- Amando?
Transbordei. Belisquei sua bochecha:
- Filho, você é muito especial. É um presente lindo!
Que eu agradeço a Deus por ter me confiado.
E então o anjo que havia passado por ali, por alguns minutos, voltou a ser criança.
- Meu irmão vai morrer de inveja do meu boletim, né mãe? Eu só tirei notão! – com a voz mais sapeca.
É, esse é o meu menino de 9 anos… Dizendo coisas que eu percebi semana passada e que muita gente ainda não viu… Não adianta buscar tantas coisas, não é o carro zero que faz falta, não é o sucesso profissional que vai te deixar alegre, saber mais coisas não te faz realmente feliz, a segurança também não vai trazer paz, por mais que organize a vida, surpresas vão ocorrer, não é o corpo perfeito no verão que enche o coração… Ainda que falássemos as línguas dos homens e dos anjos, se não tivermos amor, nós nada somos…