quarta-feira, 13 de agosto de 2014

- 49 dias dos 100diasdeGRATIDÃO – ANIMAIS



ANIMAIS

- Estou pensando em arrumar um animal de estimação, para ver se eu mudo esse meu jeito e aprendo a me entregar, o que você acha?

- Sempre tive animais e tenho muita dificuldade de entrega, não confio nas pessoas. Não sei o que dizer... Aliás, você é a pessoa que está me ensinando a me entregar aos poucos. Nunca criei expectativas nesta relação, te amo e não te condiciono. Acho que vai chegar uma hora, que vou me entregar, sem fazer esforço e vou me encaixar perfeitamente em uma relação.

Na hora, não disse nada, mas, tive uma profunda preocupação com o animal. Animais são dependentes e vai que este indivíduo, adota um animal e depois abandona? Coitado do bichinho de estimação, meu coração travou, silenciei e mudei o rumo da prosa.

Posteriormente, motivos alheios, me levaram a meditar sobre a raiva, inveja, orgulho, apego, tristeza, maldade, falsidade; e o quanto que somos capazes de prejudicar o próximo para defender nossos interesses, na ilusão, de estar cativando e protegendo aquilo que imaginamos ser amor.

Aprendi com uma turma que “Semeia Corações”, que diante de um conflito emocional devemos nos entregar. Entregar aos sentimentos e deixar o corpo reagir. Com isto, me isolei do mundo, silenciei na minha zona de conforto, queria desacelerar os pensamentos e encontrar a minha paz, sem causar discórdia, ou, aumentar a dor existente neste conflito.

É estranho como tocamos em feridas sem perceber (inconscientemente falando), como somos todos um, em um imenso processo evolutivo e de como atraímos aquilo precisamos para crescer. De fato o Universo conspira ao nosso favor, basta estarmos dispostos a ouvir,  a aprender e principalmente: a aceitar.

Duas situações distintas me levaram ao desconforto de descobrir, mais uma vez, QUEM eu sou. Neste instante, lembrei, de: São Francisco de Assis, o Santo protetor dos animais.

Sou Franciscana de devoção! São Francisco curava os leprosos, não tinha medo de adquirir a doença. Sentia compaixão, curava com a oração, com o amor, com a Fé e com a imposição das mãos. Tinha premunições através dos sonhos, viajava em desdobramentos, conversava com os animais, era aficionado por borboletas azuis e sempre estava cercado de pessoas e animais...

As vozes, que me levaram ao conflito emocional, silenciaram, e de repente, percebi que: Arrumar um bicho de estimação, talvez mude a sua postura de vida para com o mundo, mas, duvido muito que conseguirá te proporcionar a tão sonhada entrega para com as pessoas.

É que esta entrega, só acontecerá, no dia em que fizermos a pazes com o passado, perdoar, recomeçar em estado de amorosidade, amando o próximo como a si mesmo, vivenciando o presente sem a imposição da razão que nos afasta de nós. Essa entrega ocorrerá no dia em que aprendermos a escutar a vozes do nosso coração; a amar ao próximo como a si mesmo sem restrição, com liberdade e com muito respeito.

Dizem, que: pessoas que amam os animais estão mais próximas de Deus. Concordo com esta afirmativa, mas, acredito, que na atualidade, pessoas que amam animais e que são adeptos à teoria: “prefiro bicho que gente”, estão tão machucadas, pois, desenvolveram o dom de conversar com bicho por não conseguir conviver com a maldade das pessoas. Falo isso por mim, com a intenção, que esta ilusão, ou este ciclo vicioso, transforme-se em virtuoso.

Lógico, que toda regra possui exceção, que pode ser exposta brilhantemente através da citação do livro; Um gato de rua chamado Bob:

Os gatos são notoriamente exigentes a respeito de quem eles gostam. Se um gato não gosta do dono, ele sai e encontra outro. Gatos fazem isso o tempo todo. Eles vão embora e passam a viver com outra família. Ver-me com meu gato suavizou-me aos olhos das pessoas. Ele me humanizou. Especialmente depois de eu ter sido tão desumanizado. De certa forma, ele estava devolvendo minha identidade. Eu tinha sido uma não pessoa; e estava me tornando uma pessoa novamente.” James Bowen

E sabe aquela tempestade mental que me abatera? Dissipou, com a mesma intensidade que chegou. É que São Francisco de Assis casou-se com a miséria, e eu, casei com a Felicidade.

Por: Lucileyma Carazza


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