ANIMAIS
- Estou pensando em arrumar um animal de
estimação, para ver se eu mudo esse meu jeito e aprendo a me entregar, o que
você acha?
- Sempre tive animais e tenho muita
dificuldade de entrega, não confio nas pessoas. Não sei o que dizer... Aliás,
você é a pessoa que está me ensinando a me entregar aos poucos. Nunca criei expectativas
nesta relação, te amo e não te condiciono. Acho que vai chegar uma hora, que
vou me entregar, sem fazer esforço e vou me encaixar perfeitamente em uma
relação.
Na hora, não disse nada, mas, tive uma
profunda preocupação com o animal. Animais são dependentes e vai que este
indivíduo, adota um animal e depois abandona? Coitado do bichinho de estimação,
meu coração travou, silenciei e mudei o rumo da prosa.
Posteriormente, motivos alheios, me levaram
a meditar sobre a raiva, inveja, orgulho, apego, tristeza, maldade, falsidade;
e o quanto que somos capazes de prejudicar o próximo para defender nossos
interesses, na ilusão, de estar cativando e protegendo aquilo que imaginamos
ser amor.
Aprendi com uma turma que “Semeia Corações”,
que diante de um conflito emocional devemos nos entregar. Entregar aos
sentimentos e deixar o corpo reagir. Com isto, me isolei do mundo, silenciei na
minha zona de conforto, queria desacelerar os pensamentos e encontrar a minha
paz, sem causar discórdia, ou, aumentar a dor existente neste conflito.
É estranho como tocamos em feridas sem
perceber (inconscientemente falando), como somos todos um, em um imenso
processo evolutivo e de como atraímos aquilo precisamos para crescer. De fato o
Universo conspira ao nosso favor, basta estarmos dispostos a ouvir, a aprender e principalmente: a aceitar.
Duas situações distintas me levaram ao
desconforto de descobrir, mais uma vez, QUEM eu sou. Neste instante, lembrei,
de: São Francisco de Assis, o Santo protetor dos animais.
Sou Franciscana de devoção! São Francisco
curava os leprosos, não tinha medo de adquirir a doença. Sentia compaixão,
curava com a oração, com o amor, com a Fé e com a imposição das mãos. Tinha
premunições através dos sonhos, viajava em desdobramentos, conversava com os
animais, era aficionado por borboletas azuis e sempre estava cercado de pessoas
e animais...
As vozes, que me levaram ao conflito
emocional, silenciaram, e de repente, percebi que: Arrumar um bicho de
estimação, talvez mude a sua postura de vida para com o mundo, mas, duvido
muito que conseguirá te proporcionar a tão sonhada entrega para com as pessoas.
É que esta entrega, só acontecerá, no dia em
que fizermos a pazes com o passado, perdoar, recomeçar em estado de
amorosidade, amando o próximo como a si mesmo, vivenciando o presente sem a
imposição da razão que nos afasta de nós. Essa entrega ocorrerá no dia em que
aprendermos a escutar a vozes do nosso coração; a amar ao próximo como a si
mesmo sem restrição, com liberdade e com muito respeito.
Dizem, que: pessoas que amam os animais
estão mais próximas de Deus. Concordo com esta afirmativa, mas, acredito, que
na atualidade, pessoas que amam animais e que são adeptos à teoria: “prefiro
bicho que gente”, estão tão machucadas, pois, desenvolveram o dom de conversar com
bicho por não conseguir conviver com a maldade das pessoas. Falo isso por mim, com a intenção, que esta
ilusão, ou este ciclo vicioso, transforme-se em virtuoso.
Lógico, que toda regra possui exceção, que
pode ser exposta brilhantemente através da citação do livro; Um gato de rua chamado
Bob:
“Os
gatos são notoriamente exigentes a respeito de quem eles gostam. Se um gato não
gosta do dono, ele sai e encontra outro. Gatos fazem isso o tempo todo. Eles
vão embora e passam a viver com outra família. Ver-me com meu gato suavizou-me
aos olhos das pessoas. Ele me humanizou. Especialmente depois de eu ter sido
tão desumanizado. De certa forma, ele estava devolvendo minha identidade. Eu
tinha sido uma não pessoa; e estava me tornando uma pessoa novamente.”
James Bowen
E sabe aquela tempestade mental que me
abatera? Dissipou, com a mesma intensidade que chegou. É que São Francisco de
Assis casou-se com a miséria, e eu, casei com a Felicidade.
Por:
Lucileyma Carazza
-
50 dias dos 100diasdeGRATIDÃO