quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO


“aviso esse texto do Um Curso em Milagres comentado por mim é bem grande. só pra quem se interessa em Um Curso em Milagres”.
No UCEM podemos ler (abaixo) estes dois parágrafos no Segundo Capítulo: A SEPARAÇÃO E A EXPIAÇÃO - no item VI: Medo e conflito:

5. O medo é sempre um sinal de tensão, surgindo todas às vezes em que o que queres conflita com o que fazes. Essa situação surge de duas maneiras: primeiro, podes escolher fazer coisas conflitantes, seja simultaneamente ou sucessivamente. Isso produz um comportamento conflitante que te é intolerável, porque à parte da mente que quer fazer uma outra coisa é ultrajada. Segundo, podes comportar-te como pensas que deverias, mas sem quereres inteiramente fazê-lo. Isso produz um comportamento consistente, mas acarreta grande tensão. Nos dois casos, a mente e o comportamento estão em desacordo, resultando em uma situação na qual tu estás fazendo o que não queres totalmente fazer. Isso faz surgir um senso de coerção que usualmente produz fúria e a projeção está propensa a vir em seguida. Sempre que há medo, é porque ainda não escolheste em tua mente. Portanto, a tua mente está dividida e o teu comportamento inevitavelmente vem a ser errático. A correção ao nível do comportamento pode deslocar o erro do primeiro para o segundo tipo, mas não obliterará o medo.

6. É possível alcançar um estado no qual trazes a tua mente para a minha orientação sem esforço consciente, mas isso implica em uma disponibilidade que ainda não desenvolveste. O Espírito Santo não pode pedir mais do que aquilo que estás disposto a fazer. A força para fazer vem da tua decisão não dividida. Não há tensão em fazer a Vontade de Deus tão logo reconheças que ela é também a tua. A lição aqui é bastante simples, mas particularmente propensa a não ser vista. Portanto, vou repeti-la, urgindo para que a ouças. Apenas a tua mente pode produzir medo. Ela faz isso sempre que está conflitada em relação ao que quer e produz tensão inevitável, porque o querer e o fazer estão em discordância. Isso pode ser corrigido só através da aceitação de uma meta unificada.
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O medo ocorre quando aquilo que você quer conflita com o que você faz. Há dois tipos de conflito. Ambos os tipos, entretanto, tornam-se somente compreensíveis quando você reconhece uma coisa crucial: Em ambos os tipos, a mente é dividida entre o que nós podemos chamar nosso lado "melhor, idealista, baseado em perfeccionismo exigências etc." e o nosso lado "inferior, medroso, carente, dependente, que não deveria ser do jeito que é... etc.". 

Estão aqui descritos os dois tipos de conflitos: 

1. Você quer coisas opostas - você quer o mais nobre e melhor e você também quer o que é inferior - e isto resulta num comportamento conflitante. Você então faz coisas contraditórias sucessivamente ou simultaneamente. Sempre que uma parte de você faz uma coisa, a outra parte de sua mente que quer fazer outra coisa é ultrajada, porque ela não está conseguindo fazer o que quer. 

2. Você comporta-se consistentemente: você expressa somente o lado melhor de sua mente. Mas sua mente está dividida ainda; o lado inferior ainda está lá, querendo atuar um outro tipo de comportamento. Este lado consequentemente é frustrado constantemente. O resultado não é diferente do primeiro caso. Uma parte de sua mente que não está sendo expressada é ultrajada. Não está fazendo o que quer. 

Quando você está experimentando o primeiro tipo de conflito, parece que seu erro está no nível comportamental: Você está fazendo coisas ruins ao lado das coisas boas que faz. 

Então você tenta corrigir nesse nível. Você faz seu comportamento consistente; refletindo só o lado melhor de você, e deixa o lado inferior sem expressão. Tudo o isto, entretanto, apenas movimenta o problema do primeiro tipo ao segundo tipo. Mas nós ainda temos uma pergunta sem solução:

Se, como diz o texto: "O medo é sempre um sinal de tensão, surgindo todas às vezes em que o que queres conflita com o que fazes. “ 

Por que esta discórdia entre o querer e o fazer causam o medo?

Nós já vimos, o que o causa o ultraje de uma das partes é porque a parte do querer não expressada não consegue o que quer. Eu posso somente concluir que o medo é produzido em uma forma muito similar ao ultraje. A parte de sua mente que não está sendo expressada torna-se receosa de que nunca irá conseguir o que quer.

O comentário sobre a projeção ("Isso faz surgir um senso de coerção que usualmente produz fúria e a projeção está propensa a vir em seguida.”) parece importante. Você fica com raiva pelos resultados de seu próprio conflito interno, mas então você projeta a responsabilidade pela sua condição lá fora, no mundo exterior (em pessoas, em eventos, em situações, em como foi seu passado e as suas conseqüências atuais). Agora você pensa que o seu problema é uma falha do mundo e que o fato de você não estar conseguindo o que você quer vem, virá ou veio de fora. O mundo o está privando, ficando no meio do seu caminho, não sendo justo. Isto conduz ao medo do mundo, medo de que o mundo continuará a impedir você de ter o que você quer.

Para ver este processo basta olhar para nossas próprias vidas. É porque nós nos prestamos em fazer coisas opostas, expressando ambas as partes de nossa mente, que nos afligimos. Caso tentarmos fazer nosso comportamento mais consistente, expressando somente nossas melhores intenções, a parte inferior de nossa mente torna-se quase vulcânica em sua impotência e frustração.

Quem aguenta permanecer assim por muito tempo, ficando neste ping-pong, para a frente e para trás, entre os dois tipos de conflito, sem encontrar solução?

Assim, visto corretamente, estes dois parágrafos descrevem um dilema humano universal. 

O problema não se encontra em tentar encontrar a correção no nível do comportamento. Não há nenhuma maneira resolver conflitos nesse nível.

Enquanto a mente estiver dividida, o problema permanece. É óbvio, então, onde é que a correção deve ser encontrada. Na cura da divisão em nossas mentes!

Enquanto os objetivos continuam a ser divididos entre a parte de você que é "nobre" e a que é "inferior", você estará no primeiro ou no segundo tipo do conflito, e provavelmente, sujeito a saltar para frente e para trás entre eles. A solução, portanto só pode ser unificar o seu objetivo. Saber que aquilo que você quer realmente não pode ser dividido entre dois campos irreconciliáveis. Você então escolhe que Deus e a Sua orientação ou que a orientação do Ser Verdadeiro dentro de você é a única coisa que você quer realmente. A Vontade de Deus e os teus desejos verdadeiros são, na verdade, exatamente os mesmos. Quando o querer se unifica assim, você descobre que isto é verdade. Então sua mente pode se colocar sob a orientação de Deus ( que é o mesmo que teu Ser Verdadeiro) sem esforço consciente. Só então não haverá nenhuma tensão em fazer a vontade de Deus, porque você terá a convicção que a vontade de Deus é também a tua própria.

Um conflito nunca se soluciona no nível em que ele foi colocado, mas ele pode ser facilmente resolvido num nível superior ao que foi colocado. Mas para subir o nível de compreensão é necessário a humildade e a humildade começa com reconhecimento de que nós não sabemos como resolver nossos conflitos. Nossos conflitos são inventados pelo nosso ego e ele não quer que sejam resolvidos. A irresolução é sua meta já ele nos quer impotentes, pois não nos ama. A humildade nos faz desistir de resolver por conta própria, nos faz implorar por uma resposta superior, por uma resposta de nível superior de consciência onde nos pode ser dada uma maravilhosa mente não dividida.

A humildade não acredita na arrogância que o ego quer nos vender em querer resolver o impossível. Mas a humildade acredita que a resposta virá quando ela for pedida com humildade.

Sergio Condé