quarta-feira, 16 de setembro de 2015

✳ A DANÇA DAS ESTAÇÕES ✳



Depois de muitos outonos
De tantas folhas,
De muitos enganos
De mil escolhas.
Depois de ventos ermos
E de velhos segredos,
Depois de todos os medos
E muitos enredos
Ela tece a teia de sua sina,
E vê de longe a menina
Que tinha sido um dia.
Abraça o inverno de sua alma fria
Buscando abrigo.
Com uma única certeza:
A de não ter confinado
O seu ventre vivo,
Num monte gelado.
Com delicadeza e maturidade,
Ela soube sem pressa,
Que foi preciso a morte
Para renascer em outra sorte.
Em uma paz serenada!
E por muitas primaveras,
Cultivando flores e cores
Depois de muitos sabores,
E tantos amores
Ela renova sua pele.
Se desdobra em mil faces
Se revira do avesso
Costura um monte de disfarces,
E remonta sua saga.
Dentro dela: mel e sangue.
Seu ventre sorri
Ele é terra, mar e mangue...
E uma vontade larga
De viver imensamente,
O verão que chega.
E com ele um bando de fadas loucas,
Dançando dentro dela,
Tentando fundirem-se em uma.
A resposta veio na única saída possível:
Seu olhar refletido no espelho.


Por: Juliana Cordeiro