EDUCAÇÃO
E TECNOLOGIA
Orientador: Michell Pradruzzi
RESUMO
O
presente artigo visa demonstrar a importância da tecnologia na educação.
Palavras-chave: Conhecimento;
Informática, Internet.
1. INTRODUÇÃO
As tecnologias como a internet e o computador
são meios de comunicação, informação e expressão, e os educadores devem
considerá-los como mecanismos para esses três meios, inclusive como uma forma
de expressão entre eles e os alunos. O uso das tecnologias é iminente, e estão
transformando as relações humanas em todas as suas dimensões: econômicas,
sociais e no âmbito educacional não têm sido diferente. A apropriação desses
meios de comunicação para a construção do conhecimento vem mobilizando os
educadores no sentido da seleção e utilização mais adequada dessas novas
tecnologias.
O desenvolvimento cognitivo do ser humano
esta sendo mediado por dispositivos tecnológicos, onde as novas tecnologias da
informação e comunicação estão ampliando o potencial humano. Observa-se que a
informação se disponibilizada através de tecnologias cada vez mais inovadoras,
o que demanda novas formas de se pensar, agir, conviver e principalmente
aprender com e através dessas tecnologias.
Em meio à complexidade do aprender faz-se
necessário a busca de novas metodologias de ensino, e o advento da internet
traz possibilidades que gera maneiras diferentes de se ensinar, nesse sentido é
necessário reavaliar a conduta dos profissionais da educação diante de tantas
ferramentas tecnológicas que estão inseridas no meio educacional.
2 –
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFORMATICA NO BRASIL
O
Brasil deu os primeiros passos, no caminho da informática educativa, em 1971,
de acordo com o livro Projeto Educom, quando, pela primeira vez, se
discutiu o uso de computadores no ensino de física (USP de São Carlos), em
seminário promovido em colaboração om a
Universidade de Dartmouth/EUA. As entidades responsáveis pelas primeiras
investigações sobre o uso de computadores na educação brasileira foram:
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Registros
indicam a Universidade Federal do Rio de Janeiro como instituição pioneira na
utilização do computador em atividades acadêmicas, por meio do Departamento de
Cálculo Científico, criado em 1966, que deu origem ao Núcleo de Computação
Eletrônica (NCE). Nessa época, o computador era utilizado como objeto de estudo
e pesquisa, propiciando uma disciplina voltada para o ensino de informática.
A
partir de 1973, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes) e o
Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional (Clates), dessa mesma
universidade, iniciaram, no contexto acadêmico, o uso da informática como
tecnologia educacional voltada para a avaliação formativa e somativa de alunos
da disciplina de química, utilizando-a para o desenvolvimento de simulações. Ainda
em 1973, surgiram as primeiras iniciativas na UFRGS, sustentadas por diferentes
bases teóricas e linhas de ação.
Segundo
o livro Projeto Educom, o primeiro estudo utilizava terminais de teletipo
e display (que eram telas de computadores bem diferentes das que
temos hoje) num experimento simulado de física para alunos do curso de
graduação. Destacava-se também o software Siscai, desenvolvido pelo
Centro de Processamento de Dados (CPD), voltado para a avaliação de alunos de
pós-graduação em Educação.
Essas e outras experiências foram realizadas até 1980, utilizando equipamentos
de grande porte. Nessa época, o computador era visto como recurso auxiliar do
professor no ensino e na avaliação, enfocando a dimensão cognitiva e afetiva,
ao analisar atitudes e diferentes graus de ansiedade dos alunos em processos
interativos com o computador.
Em 1975, um grupo de pesquisadores da Universidade de Campinas
(Unicamp), coordenado pelo professor Ubiratan d’Ambrósio, do Instituto de
Matemática, Estatística e Ciências da Computação, escreveu o documento “Introdução
de Computadores nas Escolas de 2o Grau”, financiado pelo acordo do Ministério
da Educação (MEC) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mediante
convênio com o Programa de Reformulação do Ensino (Premen)–MEC, existente na
época.
Em julho de 1975 e no ano seguinte, a Unicamp recebeu a visita de
Seymour Papert e Marvin Minsky, renomados cientistas criadores de uma nova
perspectiva em inteligência artificial, para ações de cooperação
técnica. Em fevereiro e março de 1976, um grupo de pesquisadores da Unicamp
visitou o MEDIA-Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts nos Estados
Unidos MIT/EUA, cujo retorno permitiu a criação de um grupo interdisciplinar
envolvendo especialistas das áreas de computação, lingüística e psicologia educacional,
dando origem às primeiras investigações sobre o uso de computadores na
educação, utilizando uma linguagem de programação chamada Logo.
A partir de 1977, o projeto passou a envolver crianças sob a coordenação
de dois mestrandos em computação. No início de 1983, foi instituído o Núcleo
Interdisciplinar de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp, já com o
apoio do MEC, tendo o Projeto Logo como o referencial maior de sua pesquisa,
durante vários anos.
Ainda no final da década de 1970 e início de 1980, novas
experiências, apoiadas nas teorias de Jean Piaget e nos estudos de Papert,
surgiram na UFRGS, destacando-se o trabalho realizado pelo Laboratório de
Estudos Cognitivos (LEC) do Instituto de Psicologia da UFRGS, que explorava a potencialidade
do computador usando a linguagem Logo. Esses trabalhos foram desenvolvidos,
prioritariamente, com crianças de escola pública que apresentavam dificuldades
de aprendizagem de leitura, escrita e cálculo, procurando compreender o
raciocínio lógico-matemático dessas crianças e as possibilidades de intervenção
como forma de promover a aprendizagem autônoma delas.
Com relação às ações do governo federal na busca pela
informatização da sociedade brasileira, segundo a professora Maria Candida
Moraes, o Brasil, a partir de meados da década de 1970, estabeleceu políticas
públicas voltadas para a construção de uma indústria própria, objetivando uma
maior garantia de segurança e desenvolvimento da nação. Tais políticas
condicionaram a adoção de medidas protecionistas para a área.
Dessa forma, o governo brasileiro deu origem à Comissão Coordenadora
das Atividades de Processamento Eletrônico (Capre), à Empresa Digital
Brasileira (Digibras) e à Secretaria Especial de Informática (SEI). Esta última
nasceu como órgão executivo do Conselho de Segurança Nacional da Presidência da
República em plena época da ditadura militar e tinha por finalidade
regulamentar, supervisionar e fomentar o desenvolvimento e a transição
tecnológica do setor.
Com a criação da SEI, como órgão responsável pela coordenação e
pela execução da política nacional de informática, buscava-se fomentar e
estimular a informatização da sociedade brasileira, voltada para a capacitação
científica e tecnológica capaz de promover a autonomia nacional, baseada em diretrizes
e princípios fundamentados na realidade brasileira e decorrentes das atividades
de pesquisas e da consolidação da indústria nacional. A busca de alternativas
capazes de viabilizar uma proposta nacional de uso de computadores na educação,
que tivesse como princípio fundamental o respeito à cultura, aos valores e aos
interesses da comunidade brasileira, motivou a constituição de uma equipe
intersetorial, que contou com a participação de representantes da SEI, do
Ministério da Educação (MEC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
como responsáveis pelo planejamento das primeiras ações na área.
Como princípio fundamental do trabalho desenvolvido, a equipe reconheceu
como prioritária a necessidade de consulta permanente à comunidade
técnico-científica nacional, no sentido de discutir estratégias de planejamento
que refletissem as preocupações e o interesse da sociedade brasileira. Para isso,
decidiu realizar o I Seminário Nacional de Informática na Educação, na
Universidade de Brasília (UnB), no período de 25 a 27 de agosto de 1981.
Esse seminário contou com a participação de especialistas
nacionais e internacionais, constituindo-se no primeiro fórum a estabelecer
posição sobre o tema, destacando a importância de se pesquisar o uso do
computador como ferramenta auxiliar do processo de ensino-aprendizagem. Desse
seminário, surgiram várias recomendações norteadoras do movimento e que
continuaram influenciando a condução de políticas públicas na área.
Foi nesse seminário que, ainda de acordo com a professora Maria
Candida Moraes, surgiu a primeira idéia de implantação de projetos-piloto em
universidades, cujas investigações ocorreriam em caráter experimental e
deveriam servir de subsídios a uma futura política nacional de informatização
da educação.
Em dezembro de 1981, foi divulgado o documento “Subsídios para a
Implantação do Programa Nacional de Informática na Educação”, que apresentou o
primeiro modelo de funcionamento de um futuro sistema de informática na
educação brasileira, elaborado por aquela equipe. Esse documento recomendava que
as iniciativas nacionais deveriam estar centradas nas universidades e não
diretamente nas Secretarias de Educação, pois era necessário construir
conhecimentos técnico-científicos para depois discuti-los com a sociedade brasileira.
Buscava-se a criação de centros formadores de recursos humanos qualificados,
capazes de superar os desafios presentes e futuros então vislumbrados.
Para a operacionalização da proposta, esse documento sugeria a
criação de uma comissão oficial – sob o amparo do MEC, com representantes da
SEI, do CNPq e da Finep – e de uma comissão executiva para exercer a função
mediadora entre a comissão oficial e a comunidade acadêmica, os centros-piloto e
as demais instituições de ensino e pesquisa interessadas. Para o início dos
trabalhos, o documento sugeria, em função dos escassos recursos disponíveis, a
seleção de cinco universidades representativas das diversas regiões brasileiras
para a implantação dos referidos centros, bem como o acompanhamento e a
avaliação por parte do poder público e posterior divulgação de seus resultados.
A partir da visão de que o equacionamento adequado da relação informática
e educação seria uma das condições importantes para o alcance do processo de
informatização da sociedade brasileira, o MEC assumiu, em 1982, o compromisso
de criar instrumentos e mecanismos que possibilitassem o desenvolvimento de
estudos e o encaminhamento da questão, colocando-se à disposição para a
implementação de projetos que permitissem o desenvolvimento das primeiras
investigações na área.
Ainda em 1982, foram elaboradas as primeiras diretrizes
ministeriais para o setor, estabelecidas no III Plano Setorial de Educação e
Cultura (III PSEC), referente ao período de 1980-1985, que apontavam e davam o
devido respaldo ao uso das tecnologias educacionais e dos sistemas de
computação, enfatizando as possibilidades desses recursos colaborarem para a
melhoria da qualidade do processo educacional, ratificando a importância da
atualização de conhecimentos técnico-científicos, cujas necessidades tinham
sido anteriormente expressas no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND),
referente ao período de 1975-1979.
Para melhor caracterização das ações na área, o MEC, a SEI e o
CNPq promoveram, em agosto de 1982, na Universidade Federal da Bahia, o II
Seminário Nacional de Informática na Educação, visando coletar novos subsídios
para a criação dos projetos-piloto a partir de reflexões dos especialistas das
áreas de educação, psicologia, informática e sociologia. Importantes
recomendações norteadoras da política de informática na educação originaram-se
desse encontro. Entre elas, a necessidade de que a presença do computador na
escola fosse encarada como um recurso auxiliar ao processo educacional e jamais
como um fim em si mesmo. Para tanto, propunha- se que o computador deveria
submeter-se aos fins da educação e não os determinar, reforçando dessa maneira
a idéia de que o computador deveria auxiliar o desenvolvimento da inteligência
do aluno e as habilidades intelectuais específicas requeridas pelos diferentes
conteúdos. Recomendou-se ainda, a partir do II Seminário Nacional de Informática
na Educação, que as aplicações do computador não deveriam se restringir ao 2o
grau, de acordo com a proposta inicial do governo federal, mas procurar atender
a outros graus e modalidades de ensino, acentuando a necessidade do caráter
interdisciplinar que deveria existir nas equipes dos centros-piloto, como
condição importante para garantir a abordagem adequada e o sucesso da pesquisa.
Em janeiro de 1983, foi criada, no âmbito da SEI, a Comissão
Especial no 11/1983 – Informática na Educação, por meio da Portaria SEI/CSN/PR
no 001/1983. Essa comissão tinha por finalidade, entre outros aspectos,
conforme Maria Candida Moraes, propor a orientação básica da política de
utilização das tecnologias da informação no processo de ensino-aprendizagem,
observando os objetivos e as diretrizes do Plano Setorial de Educação, Cultura e
Desporto, da política nacional de informática e do Plano Básico de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico do país, além de apoiar a implantação
de centros-piloto, funções essas intimamente concernentes ao âmbito educacional.
Em março de 1983, a Secretaria Executiva da referida comissão, atendendo
recomendações propostas, apresentou o documento Projeto Educom, que
consubstanciou uma proposta interdisciplinar voltada à implantação experimental
de centros-piloto com infra-estruturas relevantes para o desenvolvimento de
pesquisas, pretendendo a capacitação nacional e a coleta de subsídios para uma
futura política setorial.
Após a aprovação do Projeto Educom, a SEI divulgou o Comunicado SEI/SS
no 15/1983, informando o interesse governamental na implantação de
centros-piloto em universidades interessadas no desenvolvimento dessas
pesquisas, mediante ações integradas com escolas públicas, preferencialmente de
2o grau, estabelecendo, até mesmo, critérios e formas de operacionalização do
projeto.
Entretanto, pouco tempo antes, em novembro de 1982, foi criado o
Centro de Informática (Cenifor) do MEC, subordinado à hoje extinta Fundação
Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê), cujas atribuições regimentais
foram posteriormente reformuladas, em março de 1984, para melhor cumprimento dos
requisitos indispensáveis ao desenvolvimento e à coordenação das atividades na
área, tendo em vista o interesse da Secretaria-Geral do MEC em assumir a
coordenação do projeto. Coube ao Cenifor a responsabilidade pela implementação, pela coordenação e pela
supervisão técnica do Projeto Educom, cujo suporte financeiro e delegação de
competência foram definidos em Protocolo de Intenções assinado entre MEC, SEI,
CNPq, Finep e Funtevê, em julho de 1984.
A partir desse momento, o MEC assumiu a liderança do processo de
informatização da educação brasileira, procurando organizar-se para o
cumprimento de suas novas obrigações.
Um dos argumentos utilizados para a transferência do Projeto Educom
para o MEC era, de acordo com Maria Candida Moraes, o de que informática na
educação tratava de questões de natureza pedagógica relacionadas ao processo de
ensino- aprendizagem, envolvendo escolas públicas brasileiras e universidades,
na busca de subsídios para uma futura política para o setor educacional. Pesava,
também, nessa decisão, a questão financeira, pois, apesar de o acordo firmado
entre os organismos governamentais e o próprio estímulo para a implantação do
projeto ter-se originado na própria SEI, esta secretaria não havia previsto, no
seu orçamento, o montante de recursos capazes de dar a devida sustentação financeira ao
projeto, em termos de contrapartida negociada com o MEC. Assim, coube ao
Ministério da Educação, apesar de inúmeras dificuldades, garantir a sua
operacionalização.
Em 3 de outubro de 1984, foram firmados os primeiros convênios para
o início das atividades de implantação dos centrospiloto, entre a Funtevê/MEC e
as Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e Estadual de Campinas. Entretanto, em março de 1985, com o fim do
governo militar, profundas alterações funcionais ocorreram na administração
federal, com conseqüentes mudanças de orientação política e administrativa.
Nessa época, a nova administração da Funtevê/MEC iniciou a
operação desmonte do Cenifor, alegando seu desinteresse na pesquisa, relegando
os centros-piloto do Projeto Educom a uma situação financeira difícil e
insustentável, segundo o relato da professora Maria Candida Moraes. A partir
desse momento, iniciou-se o descumprimento da sustentação financeira do projeto
por parte do próprio MEC, iniciando um processo de disputa interna de órgãos
que pretendiam assumir a coordenação do setor.
Em fevereiro de 1986, logo após a criação do Comitê Assessor de
Informática na Educação da Secretaria de Ensino de 1o e 2o Graus Caie/Seps,
presidido pelo secretário-geral do MEC, iniciou-se uma nova fase. Esse comitê
foi constituído por profissionais de reconhecida competência técnico-científica
no país, procedentes de diferentes seguimentos da sociedade. Em abril do mesmo
ano, o comitê recomendou a aprovação do Programa de Ação Imediata em
Informática na Educação de 1o e 2o Graus, objetivando a criação de uma
infra-estrutura de suporte junto às secretarias estaduais de educação, a capacitação
de professores, o incentivo à produção descentralizada de software educativo,
bem como a integração de pesquisas que vinham sendo desenvolvidas pelas
diversas universidades brasileiras. Além disso, pretendia-se a consignação de
recursos financeiros no orçamento do Ministério da Educação, para o exercício
de 1987, necessários ao suporte operacional e à continuidade das ações em
desenvolvimento.
Ainda em 1986, foi lançado o I Concurso Nacional de Software Educacional.
O Programa de Ação Imediata, utilizando a abordagem sistêmic a no planejamento
de suas ações, apresentou uma lista de
projetos voltados ao atendimento das funções básicas referentes ao uso e à
aplicação da tecnologia, à produção, à pesquisa, ao desenvolvimento de recursos
humanos, além do atendimento às funções de apoio relativas ao fomento, à
disseminação e à divulgação da tecnologia de informática educativa. Como
importante estratégia de ação, propunha a convergência de esforços do setor
educacional em busca de autonomia tecnológica no país e a capacitação nacional
para que a sociedade brasileira fosse capaz de assumir o comando do seu próprio
processo de informatização, colaborando para o pleno desenvolvimento do país.
Uma das primeiras ações decorrentes do lançamento desse programa,
em 1986, foi recomendar a avaliação dos centrospiloto do Projeto Educom,
realizada por uma comissão de especialistas de alto nível, instituída pela
Portaria no 418 do MEC, de 16 de julho de 1986. Ao final do relatório, segundo
Maria Candida Moraes, a comissão alertava que os centros-piloto vinham desenvolvendo
as atividades a que se propuseram, não havendo
dúvidas quanto às suas reais possibilidades para a consecução de suas metas,
apesar dos atrasos no repasse das verbas, da descontinuidade da oferta de
bolsas por parte do CNPq, da falta de apoio financeiro da Finep e da SEI, que
haviam se retirado do processo, além dos descompassos existentes no nível de
coordenação administrativa do projeto.
O relatório solicitava a manutenção e o revigoramento do apoio
técnico e financeiro aos centros-piloto, maior intercâmbio entre os
pesquisadores, e que as atividades de pesquisa fossem a tônica principal desses
centros na busca de conhecimentos seguros que subsidiassem futuras decisões
políticas e possibilitassem condições de respostas na antecipação de problemas
e no reconhecimento de seus limites. Em maio de 1986, a Secretaria de
Informática do MEC assumiu a responsabilidade de condução das ações de informática
na educação e, conseqüentemente, a coordenação e a supervisão técnica do
Projeto Educom.
Coube a cada Secretaria de Educação definir os rumos de sua proposta,
de acordo com a capacidade técnico-operacional de sua equipe e possibilidades
de formação de recursos humanos. Ao Ministério da Educação competiu o repasse
dos recursos necessários à cooperação técnica entre os pesquisadores dos
centros-piloto do Projeto Educom e os professores das Secretarias de Educação,
além do fornecimento dos equipamentos necessários, de acordo com as
especificações propostas pelo Comitê Assessor do MEC.
No período de 1988 e 1989, 17 Cieds foram implantados em diferentes
Estados da Federação. Cada Cied, além de coordenar a implantação de outras
unidades, também cuidava da formação de recursos humanos para a implementação
das atividades no âmbito estadual. Além de atribuições administrativas, esses
centros transformaram-se em ambientes de aprendizagem informatizados,
integrados por grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e
especialistas. Cada Cied tinha como propósito atender alunos e professores de
1o e 2o graus e de educação especial, além de possibilitar o atendimento à comunidade
em geral, constituindo-se num centro irradiador e multiplicador da tecnologia
da informática para as escolas públicas brasileiras.
Ao final de 1988, a OEA, por meio de seu Departamento de Assuntos
Educativos, reconhecendo o esforço brasileiro nessa área, convidou o Ministério
da Educação a apresentar um projeto de cooperação multinacional envolvendo
outros países latino-americanos. Iniciava-se, então, naquela época, a primeira
coopera ção técnica internacional com o México, financiada pela OEA, para
avaliação do Projeto de Informática Educativa na Área de Educação básica: Projeto
Coeeba. Uma das primeiras ações de cooperação internacional proposta pelo
Brasil foi a realização de uma Jornada de Trabalho Luso-Latino-Americana de
Informática na Educação, realizada em Petrópolis, em maio de 1989, para
identificação de possíveis áreas de interesse comum relacionadas à pesquisa e à
formação de recursos humanos, capazes de subsidiar um futuro projeto
internacional sob a chancela da OEA. Essa jornada adotou como princípios
norteadores do trabalho a participação, a integração, a solidariedade e a
adequação das propostas às realidades de cada país, bem como o respeito à
multiculturalidade e à diversidade cultural, como requisitos fundamentais de
qualquer iniciativa de cooperação na área.
Estiveram presentes representantes de 15 países, incluindo Portugal
e países africanos que, mesmo não estando sob a jurisdição americana,
solicitaram participação. As recomendações obtidas foram consubstanciadas em
documento próprio e serviram de base à elaboração de um Projeto Multinacional
de Informática Aplicada à Educação Básica, envolvendo oito países americanos,
que foi apresentado à OEA, em 1989, em Washington, e aprovado para o período de
1990 a 1995. Conforme Maria Candida Moraes, o projeto ficou paralisado após
1992 por causa da falta de pagamento da quota anual brasileira que, por sua
vez, condicionava a participação do Brasil, impossibilitando, assim, a
realização das atividades previstas e acordadas com os demais países,
prejudicando a liderança latino-americana conquistada pelo Brasil, o que foi
muito lamentado pelos países integrantes do Acordo de Cooperação Técnica
firmado. A partir de todas essas iniciativas, foi estabelecida uma sólida base
para a criação de um Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe), que
foi efetivado em outubro de 1989, com a Portaria Ministerial no 549/GM. O
Proninfe tinha por finalidade: Desenvolver a informática educativa no Brasil,
através de projetos e atividades, articulados e convergentes, apoiados em
fundamentação pedagógica sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade política,
técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos
envolvidos. Apoiado em referências constitucionais (título VIII, capítulos III
e IV da atual Constituição brasileira) relacionadas às áreas de educação,
ciência e tecnologia, o Programa visava apoiar o desenvolvimento e a utilização
da informática nos ensinos de 1o, 2o e 3o graus e na educação especial, o
fomento à infraestrutura de suporte relativa à criação de vários centros, a consolidação
e a integração das pesquisas, bem como a capacitação contínua e permanente de
professores. Propunha, também, a criação de uma estrutura de núcleos
distribuídos geograficamente pelo país, a capacitação nacional por meio de
pesquisa e formação de recursos humanos, mediante um crescimento gradual em
busca de competência tecnológica referenciada e controlada por objetivos
educacionais. Simultaneamente à criação do Proninfe, cuja coordenação passou a
ser exercida por uma Comissão Geral de Coordenação subordinada à Secretaria-Geral
do MEC, foram iniciadas gestões junto à Secretaria Especial de Informática
(SEI) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), visando à inclusão de metas
e objetivos do programa como parte integrante do II Planin, Plano Nacional de
Informática e Automação, para o período de 1991 a 1993. O Planin foi aprovado
pelo Conselho Nacional de Informática e Automação (Conin), um colegiado que era
constituído pelos ministros de Estado das diferentes áreas setoriais e
representantes da indústria nacional e posteriormente transformado em lei.
A inclusão de objetivos, metas e estratégias no Planin ocorreu no
final de 1990. Acreditava-se que a política de informática na educação deveria
também estar em consonância com os objetivos e as diretrizes da política
educacional da área de ciência e tecnologia, como subsistemas interligados e
interdependentes.
A inclusão das ações do Proninfe foi importante para viabilização
de financiamentos de diferentes tipos de bolsas de estudos e outros benefícios
decorrentes. A área de informática educativa passou então a ser um dos
destaques do Programa de Capacitação de Recursos Humanos em áreas Estratégicas
(Rhae), do Ministério de Ciência e Tecnologia. Em seu documento referencial, o
Proninfe fundamentava-se na necessidade de intensa colaboração entre as três
esferas do poder público, no qual os investimentos federais seriam canalizados,
prioritariamente, para a criação de infraestrutura de suporte em instituições
federais, estaduais e municipais de educação, para a capacitação de recursos
humanos e busca de autonomia científica e tecnológica para o setor. Seus objetivos
e metas atendiam, também, aos preceitos constitucionais referentes à área de
ciência e tecnologia, solicitando tratamento prioritário à pesquisa científica
básica, voltada ao bem público e ao progresso da ciência na busca de soluções aos
problemas brasileiros. Seus objetivos, metas e estratégias vieram também a
integrar o Plano Nacional de Educação, o Plano Plurianual de Investimentos,
desdobrando-se, posteriormente, em metas e atividades de alguns planos
estaduais e municipais de educação, na tentativa de assegurar sua
operacionalização junto às bases estaduais e municipais na esperança de maior
fluência de recursos financeiros por parte das instituições governamentais.
Entre suas ações prioritárias destacavam-se as atividades voltadas
à capacitação de professores e técnicos dos diferentes sistemas de ensino,
desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, implantação de centros de
informática educativa, produção, aquisição, adaptação e avaliação de softwares
educativos.
Pretendia-se, também, facilitar a aquisição de equipamentos computacionais
por parte dos sistemas de educação pública, implantação de rede pública de
comunicação de dados, incentivo a cursos de pós-graduação na área, bem como acompanhamento
e avaliação do programa.
Em 1990, o Ministério da Educação aprovou o 1o Plano de Ação Integrada
(Planinfe), para o período de 1991 ao período de 1993, com objetivos, metas e
atividades para o setor, associados a um horizonte temporal de maior alcance. O
Planinfe, assim como o Proninfe, destacava, como não poderia deixar de ser, a
necessidade de um forte programa de formação de professores, acreditando que as
mudanças só ocorrem se estiverem amparadas, em profundidade, por um intensivo e
competente programa de capacitação de recursos humanos, envolvendo
universidades, secretarias, escolas técnicas e empresas como o Senai e o Senac.
A partir de 1992, em função de gestões realizadas em anos anteriores
e de uma firme determinação do ministro da Educação daquela época, foi criada
uma rubrica orçamentária específica no orçamento da União para o financiamento
das atividades do setor. Esta foi uma luta por mais de cinco anos pela
coordenação do programa, que acreditava em sua importância para a consolidação
das atividades planejadas na área, para que não ficassem à mercê de possíveis
injunções políticas, como de fato ocorreram.
Tanto o Programa de Ação Imediata quanto o Proninfe, em termos de
organização e funcionamento, visavam à capacitação contínua e permanente de
professores dos três níveis de ensino para o domínio dessa tecnologia em
ambientes de ensino e pesquisa, a utilização da informática na prática
educativa e nos planos curriculares, além da integração, da consolidação e da
ampliação de pesquisas e da socialização de conhecimentos e experiências
desenvolvidos.
Para tanto, foi prevista a criação de uma infra-estrutura de
núcleos ou centros distribuídos geograficamente pelo país, localizados em
universidades, Secretarias de Educação e escolas técnicas federais. Esses
núcleos, chamados de Centros de Informática na Educação, tiveram atribuições de
acordo com seus diferentes campos de atuação e em função da vocação institucional
de sua clientela, constituindo-se em Centros de Informática na Educação
Superior (Cies), Centros de Informática na Educação de 1o e 2o graus (Cied) e
Centros de Informática na Educação Técnica (Ciet). Em termos de organização e
funcionamento, o Centro de Informática na Educação Superior (Cies) ficou
vinculado a uma universidade, destinando-se a realizar pesquisa científica de
caráter interdisciplinar, formar recursos humanos, oferecer suporte aos Cied e
Ciet, além de supervisionar experiências educativas em andamento nos colégios
de aplicação. O Centro de Informática na Educação de 1o e 2o graus (Cied) ficou
subordinado a uma secretaria estadual ou municipal de educação, ao Colégio
Pedro II, ao Instituto de Educação de Surdos e ao Instituto Benjamim Constant,
tendo como função atender aos professores e aos alunos de 1o e 2o graus, aos
alunos de educação especial e à comunidade interessada. O Centro de Informática
na Educação Técnica, o Ciet, foi vinculado a uma escola técnica federal ou a um
Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), destinando-se à formação de
recursos humanos, à realização de experiências técnicocientíficas e ao
atendimento a alunos e a professores da escola na qual estava inserido.
Pretendia-se, com esses centros, a criação de novos ambientes que
possibilitassem novas dinâmicas sociais de aprendizagem, no sentido de resgatar
algo que a educação se propunha há muito tempo e pouco vinha realizando, ou
seja, os atos de pensar, aprender, conhecer e compreender, a partir do uso de novos
instrumentos. Planejou-se, então, a criação de ambientes que, por um lado,
possibilitassem o uso de recursos tecnológicos, usufruindo da interatividade e
da interconectividade que a máquina faculta, mas, ao mesmo tempo, associados a
processos de desenvolvimento humano que estimulassem autonomia, cooperação,
criticidade, criatividade e capacidade decisória, possibilitando, assim,
mudanças no paradigma educacional vigente.
A multiplicação desses ambientes para o atendimento à clientela de
educação básica foi planejada para ser difundida e realizada pelos Cied. Em
termos de planejamento, coube aos Cied, aos seus subcentros e aos laboratórios
a adoção de um processo de crescimento gradual e constante, a responsabilidade pela
formação da demanda nacional de professores e alunos, em colaboração com as
universidades, visando à introdução da informática no processo de
ensino-aprendizagem.
Foram concebidos como centros multiplicadores e difusores da
tecnologia de informática para as escolas públicas e, possivelmente, os maiores
responsáveis pela disseminação da semente catalisadora dos processos de
preparação de uma sociedade informatizada no Brasil.
Ao Ciet competia realizar experiências técnico-científicas,
capacitar o corpo docente de educação tecnológica para o uso e aplicação da
tecnologia da informática, colaborar na profissionalização do aluno em sua área
de especialização, propiciar uma melhor preparação para o mercado de trabalho,
favorecer o surgimento de pesquisas visando ao desenvolvimento de novas
metodologias para o ensino tecnológico, além de promover a definição e a
criação de sistemas, incluindo ambientes, modelos e programas computacionais
necessários à educação tecnológica, em suas diversas áreas de atuação.
Ao Cies ou Nies competia realizar estudos e pesquisas científicas de
caráter interdisciplinar para a ampliação das bases científicas e tecnológicas
na área, em consonância com as necessidades da comunidade nacional. Pressupunha
a construção de ambientes de aprendizagem enriquecidos e adequados ao desenvolvimento
cognitivo e socioafetivo dos alunos, visando à apropriação das novas
tecnologias pelas novas gerações Implicava modernizar os laboratórios,
desenvolver software utilizando técnicas de inteligência artificial,
interfaces ergonômicas homem–computador, pesquisar o desenvolvimento
de funções cognitivas nos indivíduos, criar e desenvolver micromundos
lingüísticos com linguagens artificiais, estudar processos cognitivos e
afetivos dos alunos e de várias outras atividades.
Competia ainda aos Cies ou Nies o aperfeiçoamento contínuo da
formação profissional, técnica e científica na graduação, na pós-graduação e na
extensão universitária, oferecendo cursos de especialização e atualização aos
professores da rede pública de ensino que não tinham condições de aprofundar seus
conhecimentos sem o amparo e a integração com a comunidade universitária. Dessa
forma, o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) definiu um
modelo de organização e funcionamento para a capacitação das atividades em todas
as áreas da educação nacional.
Para coordenação e gerenciamento de suas atividades foi criada uma
Comissão Central de Coordenação junto à Secretaria-Geral do Ministério da
Educação, constituída por representantes
de todas as secretarias-fim do MEC, além do Inep e da Capes. Sua
finalidade era criar um centro de gerenciamento nacional das atividades
desenvolvidas por uma estrutura produtiva de núcleos espalhados por todo o
país. O programa buscava, além de fomentar as atividades na área, incentivar, sobretudo,
a integração dos diversos centros constitutivos do sistema, promovendo e
articulando os processos de cooperação técnica e financeira para o setor.
De acordo com seus documentos, em termos de organização e
funcionamento, o Proninfe adotava como princípios de ação a descentralização
funcional e geográfica nos diversos níveis de organização; o crescimento
gradual baseado na experimentação pela capacidade de formação dos professores;
a importância à pesquisa e ao desenvolvimento centrados nas universidades e nas
escolas técnicas federais; a busca de competência tecnológica permanentemente
referenciada e controlada por objetivos educacionais. Para sua
operacionalização, apresentava uma estrutura matricial com duas vertentes. Uma
relacionada às funções produtivas de pesquisa, produção, uso e aplicação,
desenvolvimento de recursos humanos e disseminação. Outra, em função da
clientela, determinava a criação de cinco subprogramas destinados ao ensino
fundamental, à educação especial, ao ensino médio, ao ensino superior e à educação
não formal. Para cada uma de suas funções havia uma série de recomendações
sinalizando diretrizes importantes a serem observadas no desenvolvimento das
atividades.
Na área da pesquisa, por exemplo, o documento recomendava o
desenvolvimento prioritário da pesquisa básica e da aplicada a ser desenvolvida
por equipes interdisciplinares, cujos recursos deveriam ser canalizados para a
construção de ferramentas computacionais adequadas ao processo de ensino- aprendizagem,
estudos de avaliação do impacto da informática no setor educacional, bem como
levantamento do “estado da arte”.
Em termos de capacitação de recursos humanos, o programa dava
prioridade a propostas que fossem democratizantes e não determinadas por
interesses industriais e mercadológicos, baseadas na conscientização, e não no
adestramento, envolvendo maior participação da universidade e de outras
instituições de ensino superior, por serem centros de excelência de ensino,
pesquisa e extensão. Recomendava atenção prioritária à formação e ao aperfeiçoamento
de pesquisadores, preferencialmente articulados aos programas de pós-graduação.
Sugeria, ainda, que os programas promovessem a articulação entre
Secretarias de Educação, universidades e instituições, como o Senai e o Senac,
fortalecendo mecanismos de cooperação, intercâmbio, bolsas e estágios no Brasil
e no exterior.
De modo geral, na área de produção de software, o Proninfe estabelecia
como uma de suas diretrizes a criação de equipes interdisciplinares de produção
e avaliação de programas educativos computacionais, devidamente qualificadas
para análise de questões sociológicas, à produção e à introdução, no mercado
educacional, de softwares educativos de qualidade, provenientes de
grupos de pesquisa de reconhecida competência, no sentido de gerar padrões de
qualidade, além da criação de catálogos, banco de dados e glossários para
disseminação de informações e consultas na área.
No que se refere aos equipamentos, o Proninfe buscava uma configuração
básica de custo reduzido, que pudesse ser expandida modularmente e fosse capaz
de suportar a implantação dos laboratórios das escolas. Pretendia, também,
incentivar discussões e divulgações de tendências pedagógicas baseadas na
utilização de equipamentos produzidos pela indústria nacional, obedecendo a
padrões próprios, buscando, portanto, a definição do equipamento a ser
utilizado pela informática educativa no Brasil, em consonância com a política
de reserva de mercado vigente naquela época. Propunha, ainda, que o MEC atuasse
como mediador e indutor do processo de informatização da educação brasileira,
incentivando a indústria nacional a adequar seus equipamentos aos padrões que viessem
a ser definidos pela comunidade científica nacional em função de objetivos
pedagógicos.
O programa apresentava, como estratégias importantes, a padronização
dos equipamentos, visando à conectabilidade, compatibilidade e portabilidade
dos sistemas de informações, a criação de mecanismos que permitissem o
conhecimento do processo de informatização da sociedade e a participação da
comunidade. Recomendava o desenvolvimento de estudos com o Ministério das
Comunicações para diferenciação tarifária e a criação de núcleos regionais
ligados por rede pública de comunicação de dados.
Tanto o Proninfe quanto o Planinfe destacavam a necessidade de um
forte programa de formação de professores e técnicos na área de informática
educativa, acreditando que nenhuma mudança tecnológica ocorreria se não
estivesse profundamente amparada por um intensivo programa de capacitação de
recursos humanos. O Planinfe recomendava, ainda, que a formação de professores
e técnicos para a utilização desta tecnologia em educação levasse em conta o
exame das possibilidades e dos limites do uso da informática no sistema educacional,
considerando os aspectos da realidade escolar, as diferenças regionais, o
desemprego tecnológico e a baixa condição de vida. O Planinfe aconselhava
também uma avaliação crítica do significado da informática na educação, a
análise das consequências gerais da informatização como uso de tecnologias não
neutras e comprometidas com determinado modo de concepção da sociedade.
Reforçava, ainda, a ideia de que a tecnologia à disposição da educação poderia
colaborar para a compreensão dos processos cognitivos do indivíduo ao desenvolver
conhecimentos e como, a partir dessa tecnologia, poderia ser gerado o novo
conhecimento científico e crescer em espiral.
Promulgava a necessidade de mudanças nos papéis da escola, do
aluno e do professor e, conseqüentemente, nos conteúdos, nos processos e nos
materiais de ensino-aprendizagem, alegando que não se poderia incorporar o novo
sem reformular o antigo.
Em abril de 1997, foi criado, pela Portaria no 522/MEC, o Programa
Nacional de Informática na Educação (ProInfo) para promover o uso pedagógico da
informática na rede pública de ensino fundamental e médio. O programa é
desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (Seed), por meio do
Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (Ditec), em parceria com as
Secretarias de Educação estaduais e municipais.
O ProInfo funciona de forma descentralizada. Sua coordenação é de
responsabilidade federal, e a operacionalização é conduzida pelos estados e
municípios. Em cada unidade da Federação, existe uma coordenação estadual
ProInfo, cujo trabalho principal é o de introduzir as Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) nas escolas públicas de ensino médio e fundamental, além de
articular os esforços e as ações desenvolvidas no setor sob sua jurisdição, em
especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE). Para apoiar
tecnologicamente e garantir a evolução das ações do programa em todas as
unidades da Federação, foi criado o Centro de Experimentação em Tecnologia
Educacional (Cete).
Os NTEs são locais dotados de infra-estrutura de informática e
comunicação que reúnem educadores e especialistas em tecnologia de hardware e
software. Os profissionais que trabalham nos NTEs são especialmente
capacitados pelo ProInfo para auxiliar as escolas em todas as fases do processo
de incorporação das novas tecnologias. A capacitação dos professores é
realizada a partir desses núcleos nos quais os agentes multiplicadores dispõem
de toda a estrutura necessária para qualificar os educadores a fim de utilizar
a internet no processo educacional.
O laboratório de informática é um patrimônio que pode beneficiar toda
a comunidade, e o NTE é um agente colaborador.
Sua função é orientar o uso adequado desses instrumentos para promover o
desenvolvimento humano não apenas na escola, mas em toda a comunidade,
otimizando os resultados.
O Cete foi criado para viabilizar e apoiar as ações do ProInfo e
está situado na sede do MEC, em Brasília. Suas principais contribuições são:
• Estabelecimento de redes de comunicação.
• Divulgação de produtos.
• Disseminação de informações.
• Promoção do uso de novas tecnologias por meio de atividades nas
áreas de telemática e infra-estrutura de informações. da educação
3.
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO:
A tecnologia vem tomando o seu espaço e faz
necessário que o professor seja constantemente estimulado a modificar a sua
ação pedagógica. O uso adequada da tecnologia na educação é necessário a
capacitação de profissionais da educação, para que eles possam instruir os
alunos em como usar essas ferramentas para aprendizagem significativa. O
professor deve deixar de ser um simples transmissor do conhecimento e ser
converter em uma guia que orienta os alunos sobre o hábito de investigação
constante, e assim adquirirão a capacidade de saber onde consultar uma solução
adequada para uma problemática que se faça presente.
Diante do exposto se faz necessário o estudo
e a familiarização dos profissionais da educação com as ferramentas
tecnológicas, não sendo meros espectadores e executores de tarefas, mas sim
como peça participativa do processo, e tenha a consciência que a aula continua
sendo dele, e que o computador veio para auxiliá-lo.
O uso do computador em sala de aula passa a
ser necessário, o fato é que estamos começando a conviver com a indústria da
educação e com a engenharia didática, como se esses fossem fatores naturais ao
desenvolvimento tecnológico a que estamos submetidos. A ideia de que as
instituições escolares devam acompanhar esses avanços como forma de se
modernizar, garantido o uso adequado dessas novas tecnologias em salada de
aula.
Segundo um estudo feito pela professora com
especialização no “Uso das Tecnologias
na Educação”, Tereza Marta Ribeiro Mendes (2009), “Os computadores nos
desafiam a buscar ações inovadoras e a repensar o nosso papel de educadores no
atual contexto”, o computador deverá ser utilizado como ferramenta pedagógica,
e as escolas deverão se adequar com laboratórios de informática, segundo
Tereza, os alunos que aprendem algo pelo computador, se sentem mais motivados,
do que em aulas tradicionais, é o moderno, a novidade, abrindo o pensamento
cognitivo da criança.
Segundo
Moran (2009), “tudo que fizermos para inovar na educação
nos tempos de hoje será pouco”, ele vai nos dizer que quanto mais tecnologias,
maior a importância de profissionais competentes, confiáveis, humanos e
criativos. A educação é um processo de profunda interação humana, com menos momentos
presenciais tradicionais e múltiplas formas de orientar, motivar, acompanhar e
avaliar.
Nesse sentido, Chaves (2004) vem salientar que não se pode perder de vista o fato
de que a escola tem que preparar cidadãos suficientemente familiarizados com os
mais básicos desenvolvimentos tecnológicos, de modo a poder participar no
processo de geração e incorporação da tecnologia de que o país precisa para
sair do estágio de subdesenvolvimento econômico e de dependência cultural e
tecnológica em que se encontra. E a informática está no centro de toda essa
tecnologia.
O ambiente internet permite o aluno a
possibilidade de acessar as informações no seu próprio ritmo, nível de
interesse, profundidade e permitido a interatividade. As intervenções do
professor, dos demais alunos da turma, assim como as pessoas com as quais se
faça trocas pela Internet auxiliam na construção do conhecimento.
A informatização do conhecimento tornou mais
acessíveis todos os saberes, nesse sentido, é necessário que seja facultado ao
educando o acesso às tecnologias, a fim de cumprir efetivamente o papel social
da escola.
Maria
Elisabette Brisola Brito Prado (2010), vem dizer que de fato, o
professor, durante anos, vem desenvolvendo sua prática pedagógica
prioritariamente, dando aula, passando o conteúdo na lousa, corrigindo os
exercícios e provas dos alunos. Mas este cenário começou (e continua) a ser
alterado já faz algum tempo, com a chegada de computadores, internet, vídeo,
projetor, câmara, e outros recursos tecnológicos nas escolas. Novas propostas
pedagógicas também vem sendo disseminadas, enfatizando novas formas de ensinar,
por meio do trabalho por projeto e da interdisciplinaridade, favorecendo
aprendizado contextualizado do aluno e construção do conhecimento.
A formação continuada auxilia o profissional,
e expressamente o professor, a refletir sobre seu trabalho, ajudando-o a
problematizar o mal-estar, a revolta o desânimo. Quando problematizados, as
dificuldades podem ser diagnosticadas e posteriormente resolvidas com mais
consciência e método. Transforma-se, assim, a relação profissional perante os
problemas.
O professor será mais importante que nunca
nesse processo de inclusão da internet na educação, pois ele precisa se
aprimorar nessa tecnologia para introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia,
da mesma forma que um professor, que um dia, introduziu o primeiro livro em uma
escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o conhecimento, sem
deixar as outras tecnologias de comunicação de lado. Continuaremos a ensinar e
a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos
textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora também pelo computador, pela
informação em tempo real, pela tela em camadas e em janelas que vão se
aprofundando as nossas vistas.
Não há aprendizagem significativa se não
houver organização e seriedade na implantação das novas tecnologias na
educação. As vantagens de se utilizar as tecnologias como ferramentas
pedagógicas é estimular os alunos, dinamizar o conteúdo, e fomenta a autonomia
e a criatividade. As desvantagens talvez apareçam, quando não houver
organização e capacitação dos profissionais envolvidos, assim formando alunos
desestimulados, sem senso crítico.
À medida que o sistema educacional utiliza
das tecnologias no processo de ensino aprendizagem há uma diminuição da
exclusão digital, e a educação ultrapassa as paredes das salas de aula, os
especialistas costumam estar de acordo com um ponto básico, o computador pode,
sim, dar contribuições relevantes à sala de aula, mas tudo depende de como se
faz o uso da tecnologia, nesse contexto a postura do docente muda ele precisa
ser intuído a ser mediador dessas novas tecnologias.
É fato que se faz necessário a capacitação
dos professores para a implantação dessas novas tecnologias, pois é comum o
professor desenvolver em sala de aula uma pratica tradicional, e em um ou outro
momento utilizar os recursos tecnológicos, como uma ferramenta de apoio na sala
de aula. São atitudes que revelam a integração das mídias na pratica
pedagógica.
A informatização está provocando uma explosão
de saberes, precisamos rever o papel do professor nesse novo cenário, é preciso
educar para a vida, para a significação, o aluno precisa encontrar sentido no
que faz, cabe discutir o papel do computador, para o processo de aprendizagem e
a do professor como educador permanente.
A escola tem papel de formar cidadãos
conscientes, por isso é imprescindível que os professores acompanhe as
mudanças. A formação continuada auxilio o professor no seu desenvolvimento
profissional fazendo-o adquirir reflexão critica, permitindo avaliar a
qualidade de seu ensino.
Defendo o uso da tecnologia como ferramenta
pedagógica, o que eu concordo, pois a tecnologia gera novas possibilidades,
capacidade de pesquisa e poder de criação.
No dia de hoje todos devem manipular um
computador, porém, essa não é uma realidade. A maioria dos atuais professores
estudou em uma época em que a informática não fazia parte do dia-a-dia, e os
professores que estão se formando para o futuro, poucos estão sendo preparados
para mudar essa realidade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, observou-se que o uso de tecnologias educacionais, computadores e internet são ferramentas fundamentais e positivas para auxiliar o processo de aprendizagem, e que a formação continuada do professor é fundamental para que ele esteja preparado para esse cenário.
Conclui-se que os computadores são utilizados
como ferramentas de apoio, pois quando usado de forma adequada gera
aprendizagem significativa, há um aumento da criatividade e motivação nos
alunos, ou seja, a aula se torna mais dinâmica.
Referências
Bibliográficas:
CHAVES, Eduardo O C. O uso de Computadores em escolas: Fundamentos “In: Eduardo O C. e
SETZER, Waldemar W. O uso de computadores
em escolas: Fundamentos e Críticas. São Paulo, Scipione, 1988.
MENDES. Tereza Marta Ribeiro. Curso de Inclusão digital. Disponível
em: http://www.barbacenadiginatal.com.br/notícias/curso-de-inclusao-digital-i.html
-
acesso julho de 2015.
MORAN, José Manuel. A integração das tecnologias na educação. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof.omoran/integracao.htm -
acesso julho de 2015.
MORAN, José Manuel. Educação em tempos de twiter. Disponível em http://eca.usp.br/prof/moran/twitter.htm -
acesso julho de 2015.
ALVES, Rubem. Sobre o poder e o saber. O Estado de São Paulo, São Paulo, 17 jan.
1982.
ALMEIDA, Maria E. B. & PRADO,
Maria E. B. B. Um retrato da informática
em educação no Brasil. 1999. Endereço Eletrônico: http://www.proinfo.gov.br.
BEARD, Ruth M. Como a criança pensa. 9. ed.. São Paulo: Ibrasa, 1991.
FISCHER, Julianne. Sugestões para o desenvolvimento do
trabalho pedagógico.
FLORES, Angelita Marçal. A informática na educação: uma proposta
pedagógica. Tubarão, 1996. 86 p. Monografia (Especialização em
Informática). Coordenadoria do Curso de Especialização em Informática.
FONSECA, Lúcio. Tecnologia na Escola. 2001. Endereço Eletrônico: http://www.aescola.com.br/aescola/seções/20tecnologia/2015/11/0002.
MORAES, Maria Candida. Novas tendências para o uso das tecnologias
da informação na educação 1998. Endereço Eletrônico: http://www.edutecnet.com.br/edmcand2.htm.
OLIVEIRA, V. B. & FISCHER, M. C.. A microinformática como instrumento de
construção simbólica. OLIVEIRA, V. B.. Informática em psicopedagogia. São
Paulo: Editora SENAC SP, 1996.
PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.
SETTE, S. S. et al. Formação de professores em informática na educação. Endereço
Eletrônico: http://www.proinfo.gov.br.
VYGOTSY, L. et al., Pensamento e Linguagem. São Paulo,
Martins Fontes, 1989