DA
CULPA
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Estou desejando o que não devia. Querendo o que não tinha que querer.
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Como?
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Eu quero algo que não atende as expectativas. Dos amigos, dos familiares, do
mundo... As auto-espectativas gigantes que juntei todos esses anos em que
passei tentando agradar todas as pessoas a minha volta.
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Mas, por quê?
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Pra ser amada... Abri mão de mim pra pertencer... Mesmo sem querer. Medo... Por
medo de ficar só.
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Sério?
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É. E, ao querer o que não devia, me culpo. E, antes que os outros me julguem,
me puno.
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E, como faz isso?
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Desta vez, ficando triste. Ja engordei, me sabotei profissionalmente, me
deprimi, desisti de coisas que amava... Desta vez, não me permitindo a alegria.
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Então, você, por querer algo que não está de acordo com o que o mundo espera de
você, se pune, se entristece, se culpa. Antes que seja julgada...
-Sim.
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E o que sente disso tudo?
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Na verdade, raiva. De mim, pois não me sustento, não me posiciono. Das pessoas,
que me julgam pra me limitar. Mas não assumo isso também, nem pra mim, ou
estaria, mais uma vez sendo o que não era pra ser...
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Triste isso...
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Sim...
(Paula Jácome - se
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