segunda-feira, 28 de abril de 2025

 


Sobre amor próprio

Fico aqui a pensar... nem sei se tem paciência para ler, mas uma coisa é fato: gosto quando você diz que é uma pessoa descente.

Não gosto quando me julga e me diz que eu não tenho amor próprio... não nos conhecemos ainda... e a nossa relação, se é que podemos chamar isso de relação é um tanto fora dos padrões. Não é o apropriado, adequado, ou sei lá... às vezes me cobro, outras me liberto, fujo da realidade... mas acredito que ser discreto nunca fora demérito. Nós dois sabemos muito bem o que queremos em nossas vidas.

Minha família é o meu pai, minha mãe, minha sobrinha e o Chorão, por esses, eu largo tudo. Estes sabem quem eu sou.

Tenho apego para com os meus alunos, principalmente em tentar levar um pouco de dignidade e conhecimento para que isso um dia se reverta em sabedoria. Abandonei uma carreia extremamente bem-sucedida em virtude desse propósito. O de ensinar... e aqui estou...

No mais, acredito que o que eu mais tenha é amor próprio. Principalmente, quando exerço o máximo possível a descrição de uma vida com um pouco de leveza, mesmo estando destruída... eu me sobressaio em retidão, com sorriso ou numa gargalhada, sou benevolente e generosa. Chego no fim do dia feliz por ser essa mulher, vivo com a sensação de ter feito o bem e o meu melhor dentro das minhas limitações.

Se eu disser para qualquer pessoa como nos relacionamos, sei que vou ser julgada por falta de amor próprio, mas para mim é objetividade, praticidade e uma leviandade gostosa. Por um tempo vou me permitir a viver assim... até estarmos maduros o suficiente para decidirmos o que será de nós, fato é que eu gosto de você, desse homem adolescente. Então respiro, confio e entrego... vai ser o que tiver de ser...

Te peço: só seja honesto e decente comigo, por favor, não temos mais tempo e nem idade para joguinhos e melodramas...

Fica com Deus! Agora é a minha vez de ir dormir...

 Por: Lucileyma Carazza

 

 

 

 

 


terça-feira, 22 de abril de 2025

ATLANTIS






ATLANTIS

 

Preciso me redimir

Não é sua culpa

Casei com o mar

E tenho minhas limitações

Iemanjá me conduziu

No dia da Paixão de Cristo,

Ela sempre leva minha prataria.

Sou uma mulher de meia idade

Que não se entrega ou confia

Com suas limitações físicas e emocionais

Fiz trilhas solo por estas ilhas...

Quando vi a Escalvada pela primeira vez

Nunca imaginei que haveria uma cruz

Mas pensei: jamais me jogaria ali

Naquele mar azul cobalto

Sentia a vida por debaixo

Onde as ondas modam a superfície

A ilha é mística em suas lendas

Com um habitat incomum.

Se tivesse me deixado livre

No momento em que fechei os olhos

Esquecido as técnicas

Obteríamos sucesso

Precisava sentir o silêncio do oceano...

O objetivo fora alcançado

Não queria estar presa a nada

Confiar em você de mãos dadas

Olhar nos seus olhos

É humanamente impossível para mim

Se tivesse me deixado livre

Obteríamos sucesso

“Não sou uma costela de Adão

Sou filha de Lilith”

Te reverencio e admiro

Eu sinto muito

Sou quebrada, parafusada

E tenho um coração de elástico...

Certamente a experiência

Um tanto quanto frustrada

Me conduziu a um salto quântico.

Muito obrigada.

Talvez um dia eu me entregue

Mas por enquanto sou carreira solo...

 

Por: Lucileyma Carazza

MERGULHO


 


quinta-feira, 17 de abril de 2025

TERCEIRA VISÃO


 

TERCEIRA VISÃO

 

A melancolia é o excesso do passado, a ansiedade o stress do futuro. Estou preza em um limbo e vivo com o pé no presente e só enxergo a bruma.

E fico a pensar: como nos relacionamos por tanto tempo e somos ludibriados por nada?

Em fidelidades íntimas sempre fui como um túmulo e muito discreta, mas, dizem que a minha presença é impactante... contudo, num piscar de olhos, não nos   reconheço. Todo e quaisquer julgamento de boa-fé enterrados num sarcófago frio num dia chuvoso onde as ondas estão altas e o cheiro da maresia me afaga.

Não compreendo a lógica de ser tudo em um momento e num piscar de olhos não podemos sequer nos cumprimentar... e onde fica os bons momentos, o respeito, o porto seguro que tentamos ser? E onde fica a benevolência e a reverência pelo o que fomos... e tem ainda o tal do perdão, que relembrei recentemente, atendendo ao pedido de socorro de uma amiga que queria aprender sobre o ho'oponopono: “eu não sabia como era bom perdoar e soltar; eu não sabia como era bom deixar ir o que nunca me pertenceu”.

A porra toda é que eu sou uma eterna Shakespiriana, Cartoliana, Cazuziana... Augusto dos Anjos me seduz com a sua paixão eterna pela morte, também flerto com ela, mas, contudo, porém e portanto, Bono nunca me abandonou com as suas palavras de fé e resiliência; me redescobri em Gregório de Mattos o “Boca do Inferno” (a terapeuta diz que preciso aprender a parar de vomitar as palavras, sinceramente, estou velha e não quero mudar isso e muito menos a minha espontaneidade), também tem a admiração pelo jovem Jão que nos ensina que é possível divertir mesmo estando triste; tão jovem e nos cura com a sua própria cura, com seus amores piratas, livres e atuais, claro que o amo, ele é um escorpião nato oscilando entre as trevas e a luz, como gostaria de ter escrito tudo que ele escreveu até o momento, talvez já tenha escrito e nem me lembre, sou uma alma antiga em tempos modernos... Dos poetas citados temos em comum a mesma dosagem para a cura da loucura de uma cabeça fudida. Transformamos a dor em versos e prosas, em palavras das quais não nos importamos que ninguém se importe ou leia, nossa prisão são as nossas mentes fertilizadas com patavinas. No fundo somos todos um tipo 4 sexual do Eneagrama.

Mas me questiono: Que relações são estas? Rasas... Que desequilíbrios são estes? As mentes andam doentes, perturbadas, mal educadas, mas acredito que a minha seja a pior de todas, pois prezo pela retidão, pela espiritualidade que me acompanha e ao respeito pelo que vivi, ou pelo o que vivemos. Reverencio e me liberto.

Acredito que fiz muita terapia, Yung me deixou benevolente demais ao condicionar a terapia com a espiritualidade, Clarissa Pinkola Estés com os arquétipos das mulheres selvagens me fez acender uma seta neon de foda-se na minha cabeça.

Aprendi a dizer: “tá bom”... parei de brigar, solto um sorriso, não faço pirraça, falo baixo, sumo e não suporto quem tire a minha paz! Egoisticamente falando eu amo ser a mulher que me tornei. Fora de todos os padrões, e sim, sou louca! Barraqueira nunca! Meus amigos me apelidaram de Fina. Minha guerra é fria em disputas intelectuais. 

Estou com medo, muito medo, pois, voltei a escrever, estou tal como a Dilma: “desequilibrada tomando remédio de tarja preta”, só que não... Existe uma dor ao escrever, existe amor, existe algo lúdico que eu não sei de onde vem...

Acreditei por um tempo que não havia mais nada a ser dito, escrito, que estava vazia e resolvi fazer crochê. De fato estava vazia, fria, sem emoção, tesão, calor, não me reconhecia, só queria dormir, exaurida... mas agora quero a vida e abraçar todo o tempo perdido. Respiro, medito e me liberto.

Quero histórias novas, momentos, vivências, conhecimentos, experimentos e experiências...

E tudo bem que fui ferida, tenho certeza que também feri. Eu te perdoo e me perdoo. A minha lança foi ética, não me escondi em máscaras e em coisas mundanas. O mundo é feito para pessoas que não sabem viver.

Meu sonho é ser como Mozart, este compreendeu a harmonia sobre o mundo em que vivemos, que é diferente ao do plano espiritual, por isso a sua música transcende, promovendo a abertura da inconsciência e promovendo a elevação da sua capacidade intelectual.

Sim... sou louca, estou louca, sou intensa, ando rebolando e estou muito desbocada! Mas a terapeuta diz que somos aquilo que negamos, e não, o que afirmamos, nesse ponto concordo com ela porque tenho a certeza que gente feliz não incomoda ninguém.

Seja livre, seja leve... seja como uma lebre, ou como uma criança recém chegada abrindo os seus olhos no inconsciente da sua alma. A abertura do chacra da terceira visão, mesmo que inconsciente, significa a sincronicidade dos hemisférios, a capacidade do discernimento e a expertise de conhecer a profundidade da vida.

 

Por: Lucileyma Carazza


terça-feira, 15 de abril de 2025

RESPIRAR


 

RESPIRAR

 

Quando estamos congelados

Paramos de respirar

Simplesmente para parar de sentir.

Nos tornamos adultos pirracentos

Fugindo de nossas dores.

Corremos léguas

O cérebro não descansa

Causando exaustão.

Nos perdemos de nós mesmos

O ego domina,

Ele é um eterno insatisfeito.

Nunca nos aterramos

Apenas congelamos a liberdade das nossas emoções.

Colocamos nossas máscaras (ego),

Fingimos estar bem

Vivemos uma rede social ilusória

Gargalhadas vazias

Precisamos de diversão a qualquer custo

Porque não baixamos a guarda

Somos fortes, atraentes, inteligentes

Espertos o suficiente na arte do disfarce.

Somos emocionalmente feridos

Vivemos no piloto automático

Num porre aqui e outro acolá

Estamos congelados

A deriva do que tem para hoje,

Talvez seja o momento de descongelarmos.

Voltar a respirar, sentir a dor e regenerar.

Necessitamos de entregas em reciprocidade

Esquecer do mundo e voltar-se para vida.

O mundo é feito para homens feridos

A vida é a cura onde tudo renasce, regenera,

A respiração flui e nos descongelamos...

Abertos, inteiros, conscientes a oportunidades reais.

Existe um lugar onde podemos ser livres

Em verdade

Basta aceitarmos quem somos e respirar.

 

Por: Lucileyma Carazza

 


sexta-feira, 11 de abril de 2025

AMORES

 

AMORES

 

Paradoxo complexo

Amamos... simplesmente amamos!

Deixamos livre e sem amarrações

É mais gostoso!

Não existe um conceito

Existe uma linha tênue...

De amores incondicionais

De amores resgatados

De amores blindados

De amores amantes

De amores de uma noite

De amores partidos

De amores entre amigos...

O amor liberta ou te aprisiona.

A escolha é sua (ou minha) ...

Onde existe amor existe dor,

Onde existe amor também existe aprendizado.

Amor de fato respeita

Impõe limites

Aceita

Transborda

Transgrede

É resiliente!

É... estou amando

E amo, cada segundo...

Resgato a amazona raiz,

Parto para a moto nauta feliz...

Dispenso a estrada e o ar

Passei por vocês,

Mas não são meus amores.

Há algo que reluz em mim...

O cheiro, o rebolado, o brilho do cabelo

E até mesmo os olhos

O sorriso é constante

E a benevolência minha opção.

Casei com o mar!

Há uma dor profunda quando escrevo

Mas transformo

Liberto

Vivo!

 

Por: Lucileyma Carazza





quinta-feira, 10 de abril de 2025

SEM TÍTULO

 

Sou um caso perdido

Sem padrão e norte...

Ouço o que ninguém escuta

Enxergo o que ninguém vê

Sinto o que ninguém sente

Estou em hora extra...

Estou exausta por ser incompreendida

Por me meter aonde não devo...

Ser uma “Boca do inferno”

Nesta realidade distorcida e “utópica”

Uma vida que não é para amadores...

Fui expulsa do Paraíso

E talvez do Inferno...

Não sou Lilith nem Santa,

A Bruxa é apenas um arquétipo,

A gargalhada o disfarce do choro

As lágrimas não fogem de mim...

Talvez seja apenas a defesa do ego

Para fugir da minha loucura

Sou como as suas tatuagens

Uma perda energética do perispírito

Não me julgue pela minha leviandade

Nem sempre sou assim,

Foda-se o seu julgamento...

Não sinto solidão

Vivo em solitude,

Aprenda a distinguir os conceitos...

Resgato quem eu sou

Perambulo em benevolência,

Sou um caso perdido

Paixões são efêmeras

A liberdade custa caro

Principalmente para as mulheres

Relações casuais marcam como cicatrizes

Não quero voltar a escrever

Prefiro fazer crochê

Não ter raiz e um porto seguro

Não é para pessoas comuns

Nem para aqueles que optam em viver em retidão.

Sou incompreensível

Selvagem... não sou jardim.

Corro com os lobos

Sou solo sagrado...

Não sou apenas uma única fração,

Sou uma orquestra sinfônica

Que não segue o maestro.

Sou um caso perdido

Que não obedece as regras

Que não se encaixa

Em lugar algum.

Sou um bloog ultrapassado...

Prefiro romances Shakespeareanos

Sepultei as poesias

Não quero voltar a escrever...

Ninguém gosta de poesia na atualidade

Não sabem ler e nem interpretar.

 

Por: Lucileyma Carazza