terça-feira, 19 de abril de 2011

FRUTOS PODRES E AMARGOS DE FATO!



Escrevi este texto em alguns segundos, mas quando fui repassá-lo para o blog, meio que no piloto automático, surgiram outros pensamentos e o objetivo principal deste texto perdeu o sentido. O Objetivo principal era apenas dizer ao mundo que supero a melancolia e dar “um tapa de luvas” naquilo que me perturbava. Por um instante, pensei que havia perdido a minha sensibilidade, mas foi justamente o contrário que aconteceu. Agora tenho a minha sensibilidade sem melancolia. Então, vamos ao texto:

“Os frutos podres e amargos estão em todas as árvores e em todos os quintais”. Quando dividimos um fruto amargo estamos prejudicando a vivência de um grupo social. É um ato maquiavélico, doentio e maldoso! É o fechamento no egoísmo, na maldade; é o ato de não pensarmos no próximo, onde o ciúme e a inveja nos tornam incapazes de lhe dar com o nosso próprio insucesso.

Domingo colhi um fruto amargo. Doeu! Retribuí com ira! Me arrependi (como sempre). Me envergonhei!

Tive a atitude que tanto quero evitar. O ciclo do qual quero me livrar.

Quando percebi, me recolhi no meu mundo particular e pessoal, que nem eu mesma entendo, e fui visitar o meu “ego”. Me deprimi e me envergonhei ainda mais!

Me distanciei e fiquei com antipatia de tudo que estava me machucando. Ansiosa, deixei à ira invadir os meus pensamentos, mas não tomei nenhuma atitude, esperando o coração acalmar.

Deitei na minha cama no meu quarto escuro. Desliguei o telefone, a net e o PC, na verdade queria desligar o meu cérebro. Estava sem vontade e sem forças. Cheguei a pensar que a melancolia fosse voltar e que estava perdendo a minha sensibilidade, porque os meus olhos enchiam de lágrimas e eu não conseguia chorar.

Com isto uma sensação de perda, marcada por uma dor no peito tomou conta de mim. Por alguns segundos perdi a crença na humanidade, nas pessoas e em mim mesma.

À noite, fui ouvir uma ópera de Carmina Burana, pensando numa canção belíssima, que não ouvia há muitos anos. Não ouvia mais porque me decepcionei com a tradução daquele latim que tanto me emocionava na adolescência. A canção bela, traduzida naquela época, nada representou na minha vida naquele instante, porque apenas falava de um pato livre num lago, que foi caçado e assado para ser degustado em um banquete...

Especialmente ontem, este pato assado teve a sua função social. Em busca da música, encontrei um filme belíssimo no “youtube” do qual sei, que poucas pessoas conseguiriam assistir! Agora entendo porque Carmina Burana sempre foi tratada como “trash” dos clássicos. Com isto, encontrei a inspiração e o dia ficou tal como a canção do U2: Beautiful Day!

Sei que a vida é uma comunidade humana, e que é no convívio que superaremos as nossas dificuldades. A convivência humana e diária é muito difícil, mas certamente é a chave para a nossa superação.

Às vezes me desespero e penso em desistir. Evacuo a minha presença do mundo por não ter a capacidade e forças para seguir adiante. Eis que renasço!

No instante que recolhi este fruto amargo me deparei comigo mesma, com o pior e com o melhor que existe em mim.

Não vou perder a esperança na humanidade em virtude destes “frutos amargos” e reais, porque tento...

Tento me colocar no lugar do outro e sei que preciso superar as minhas dificuldades. Quero abandonar o meu “ego” inflado. Porque sei que é o caminho para encontrar a minha paz interior.

A paz começa comigo, com a família, com os vizinhos, com os amigos. Quero propagar frutos bons, mas preciso dos amargos para admitir a minha ignorância.

No fundo, sei que, quando estou em desequilíbrio, sou mais imperfeita ainda, erro mais e me arrependo, porque distribuo frutos podres.

Estou à procura da minha autotransformação pessoal.

Estou satisfeita com esta busca. A melancolia me atormentou por menos de 24 h e a inspiração voltou.

Frutos amargos é a nossa capacidade de rever o todo.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza


Observações:Inspiração: http://www.youtube.com/watch?v=e2IrZxM9ahQ ; os frutos amargos não precisam ser citados!

Carmina Burana: Os "carmina burana" são textos poéticos contidos em um importante manuscrito do século XIII, o Codex Latinus Monacensis, encontrados durante a secularização de 1803, no convento de Benediktbeuern - a antiga Bura Sancti Benedicti, fundada por volta de 740 por São Bonifácio, nas proximidades de Bad Tölz, na Alta Baviera. O códex compreende 315 composições poéticas, em 112 folhas de pergaminho, decoradas com miniaturas. Atualmente o manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Munique. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, teve acesso a esse códex de poesia medieval e arranjou alguns dos poemas em canções seculares para solistas e coro, "acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.

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