segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ela sempre me chamou de escorpião!




E é bem assim que me sinto!

Quando acuada, solto o meu veneno. Pico e paraliso a presa, mas quando estou com medo, adoto a postura inversa, ou seja, curvo o meu corpo e curo a minha dor.
Me pico e morro para salvar-me da dor.

E vivo assim.

Por um tempo, pensei que fosse um ciclo vicioso, porém, aí, aprendi que o ciclo é virtuoso! E com este pensamento acredito que as mudanças ocorrerão no seu tempo!
Sempre fui uma criança chorona, talvez por que este fosse o único momento em que eu sentia a atenção dos meus pais, sentimentos de falta, abandono e melancolia sempre foi uma constante em minha vida.

Cresci uma criança dedicada aos estudos porque não podia nunca decepcionar os meus pais. Na adolescência trabalhava para ganhar o meu próprio dinheiro, não porque queria a minha independência financeira, mas porque queria mostrar para os meus pais que podia ser capaz de trabalhar. Quando adulta formei-me nova e meses antes de concluir a faculdade arrumei um emprego e me aquietei. Casei e divorciei nova e na velocidade da luz.

Quando me divorciei tornei amiga do meu pai. Vi o quanto eu o amava e o quanto ele era bom, amigo e companheiro. Passei a ter com ele uma relação nunca existente. Foi um período difícil, mas na dor, encontrei o meu maior amor. O amor de uma filha para um pai!

Tá! E o quê que isto tem haver com o escorpião e a minha criança?

Tem haver que sempre tive um relacionamento estranho com a minha mãe. E vejo que a minha mãe teve um relacionamento muito mais estranho com a mãe dela, e também com as suas irmãs.

E com isto, percebi, que as mulheres da minha família materna, sempre foram fortes, porém com relacionamentos “medíocres”. Onde o amor é tratado como sendo algo vergonhoso! Onde o amor não precisa ser demonstrado nunca! Onde é muito mais legal sermos inimigas do quê amigas.

Percebo que as mulheres maternas ao qual estou ligada são fortes, rancorosas, querem amor, mas preferem viver na amargura e na dor.

E este câncer de dor foi se alastrando de gerações em gerações...

Com esta percepção martelando o meu intelecto, me pus na condição de tentar fazer o meu melhor e fugir o máximo deste câncer. Não queria ser como a minha mãe e principalmente, não queria morrer com este câncer!

Hoje, após uma explosão de “ferroadas” entre filha e mãe, percebo que sou pequena demais aos olhos da minha mãe. - Confesso e assumo que sou pequena mesmo! E aquele olhar de desprezo dela me doeu muito, assim como o meu olhar de ódio deve ter cortado ela por dentro.

Não imaginava que era aquilo tudo para ela, ou melhor, que era um nada para ela. Uma pequena mulher, onde a vida esta passando, e ela aí, no mesmo lugar. Sem marido, filhos, profissão, carreira bem sucedida, dinheiro etc.

Bom! Eu percebia isto no meu silêncio, mas até ter a certeza de tudo, foi um choque! Acredito que a “ferroada” foi uma catarse. Que se resolverá com o tempo! Porque sou uma criança, ou melhor, sou uma mulher pequena e medíocre, que precisa crescer e encontrar o seu lugar. Preciso progredir! E quero e preciso que esta transformação ocorra na minha vida!

Com a minha explosão de “ferroadas” pude perceber que sou uma pessoa portadora de muitos defeitos e que não alcancei nenhum dos objetivos que tracei ou sonhei para mim!

Neste contexto surgiu uma voz pequena me dizendo o seguinte: Se goste! Talvez as suas escolhas não estejam ao seu alcance, faça outras escolhas e lute!
Então mandei uma mensagem assim para minha mãe: “Agora eu sei o que eu sou e o que eu represento na vida da Senhora. Se a Senhora esta feliz assim, eu também ficarei”!
Este foi o segundo gesto, no meu dia, para tentar mostrar a minha mãe, que eu não quero fazer parte de um ciclo de amarguras e cancerígeno, que quero fazer parte de uma história de mulheres que lutam, que são muito fortes, que vencem os obstáculos, que se amam, que querem amar e ser amadas, que prezam pela harmonia e pela excelência na boa convivência.

Mãe! Eu te amo muito! A Senhora é muito mais forte do que eu, então, por favor, vamos juntas romper com este ciclo e vamos fazer as pazes. Me perdoe pela minha mediocridade!

Mas vamos viver em paz umas com as outras e que isto ocorra em todas as nossas gerações.

Por: Lucileyma Rocha Louzada Carazza