Ao começo do Império Otomano, havia um sultão que se
interessava pelas Turuq (pl. de Tariqa) e certo dia, perguntou a seu vizir:
"Qual é a diferença entre uma pessoa culta ou erudita, e o Povo do
Caminho?"
"Sua Majestade - respondeu o funcionário - caso
aceites, esta noite podemos ir a um lugar onde a diferença ficará muito
clara."
Horas depois, trocaram seus trajes e aparentando ser pessoas
comuns, foram a uma casa-grande onde havia uma reunião da qual participavam
como convidados homens cultos e pessoas da Tariqa. Ingressaram e se acomodaram
num canto. Então entrou uma pessoa a quem o vizir perguntou: "Oh nosso
mestre!, quem aqui é o primeiro dos eruditos?" Recebendo como resposta
"Não sabes quem sou eu, para me fazer esta pergunta; eu sou o primeiro"...
Depois, apareceu um segundo, e o vizir o interrogou da mesma
maneira. Enfurecido, o homem culto berrou: "Que pergunta é essa? Não sabes
quem sou eu? Sou o primeiro, o melhor!"
Todos os eruditos diziam ser o primeiro, o mais importante
nesse encontro. E usavam enormes turbantes.
Mais tarde começou a chegar o povo das Turuq. O vizir se
aproximava e dizia: "As salaam alaykum, oh meu irmão, oh shaykh
Naqshbandi! Dentre os presentes, quem é o shaykh mais importante da
Tariqa?" E escutou: "Está vindo atrás de mim".
O que veio depois acrescentou: "O irmão que vem em
seguida". Os que chegaram, quarenta no total, responderam: "Vem atrás
de mim". E o último afirmou: "Eles acabam de passar".
Então o sultão concluiu: "Os primeiros são os eruditos,
e estes últimos são os da Tariqa, que treinam seus egos aplicando enxertos para
mudar más características por boas".
(Shaykh Nazim al-Haqqani an-Naqshband, O Caminho
Naqshbandi)