Por Liane Coutinho em Eneagrama
Na qualidade de ponto intermediário entre a Indolência do Ego (Nove) e a
Bajulação do Ego (Dois), o Tipo Um temuma asa que vai dormir sobre a sua
natureza essencial, por um lado, e o orgulho, por outro. No lado do Ponto Nove,
ele se sente profundamente indigno e abjeto; no lado do Ponto Dois, tem uma
noção exagerada daprópria grandiosidade. Portanto, temos por um lado a idéia de
que o eu não tem valor, e por outro umasupervaloração do eu. Resulta daí a
idéia do Tipo Um de ser uma pessoa essencialmente defeituosa; mas, com
ainconsciência e a exterioridade do Tipo Nove aliadas ao orgulho do Tipo Dois,
essa sensação de maldade éprojetada para fora — os outros são maus e precisam
ser consertados. Além disso, preso entre a exigência que o Tipo Nove faz para
si mesmo - de amar e acolher a todos os seres e coisas — e a exigência do Tipo
Dois - de ser alguém que ama os outros e é amado por eles —, o Tipo Um
inevitavelmente se identifica com seu superego e procura ser perfeito. E, do
mesmo modo, inevitavelmente acaba por sentir-se medíocre em comparação com essa
exigência exagerada de amor. A idéia de não ser perfeito tambémvem do encontro
da sensação de insuficiência e abjeção do Tipo Nove com a sensação fundamental
derejeição do Tipo Dois.
Tendo de um lado a asa do Ressentimento do Ego (Um) e do outro a da Vaidade
do Ego (Três), o Tipo Dois, porum lado, sente a exigência íntima de ser uma
pessoa perfeita mas se sente fundamentalmente defeituoso; e, poroutro, sente a
necessidade de apresentar uma imagem perfeita. E impossível atender a essas
exigências de perfeiçãopor dentro e por fora, de modo que o Tipo Dois desespera
de si mesmo e volta-se para os outros em busca desalvação. Torna-se, assim,
dependente deles. Sob outro ponto de vista, a moralidade do Tipo Um encontra
aduplicidade e a amoralidade do Tipo Três, e por isso o Tipo Dois sente-se
permanentemente culpado. Soboutro ponto de vista ainda, o impulso do Tipo Um de
ser uma pessoa boa aliado ao impulso do Tipo Três deimpressionar os outros gera
o hábito do Tipo Dois de buscar nos outros a aprovação e a confirmação de que
éuma pessoa digna de ser amada. Além disso, o impulso do Tipo Três de criar a
sua própria pessoa, aliado aoimpulso do Tipo Um de ser bom, gera o impulso do
Tipo Dois de moldar-se e apresentar-se segundo a imagemde uma pessoa realmente
boa e amável.
Sendo o ponto intermediário entre a Vaidade do Ego (Três) e a Avareza do
Ego (Cinco), o Ponto Quatro é o lugar onde a idéia de que se é um agente
independente que cria as suas próprias leis e o seu próprio universo
encontra-se com a idéia de que se é uma entidade totalmente separada de todas
as outras. Oresultado é uma profunda impressão de dissociação em relação ao
dinamismo da vida e às outras pessoas. Seu impulso, por isso, é o de fazer
contato com algo de autêntico tanto em si mesmo quanto nos outros. E o estado
emocional que resulta da vacuidade árida do Tipo Cinco e da nulidade interior
do Tipo Três —características respectivas do mais íntimo de um e de outro — é o
desespero e a desesperança no isolamento que caracterizam o Tipo Quatro. Sob
outro ponto de vista, o espírito realizador do Tipo Três associado à sensação
de isolamento e separação do Tipo Cinco gera no Tipo Quatro o esforço de
religar-se a uma origem interior autêntica. A imagem desse tipo, portanto, é a
de uma pessoa que suspira pelo reencontro com a realidade.
AS ASAS DO TIPO 6 DO ENEAGRAMA
No Tipo Sete, as dúvidas da Covardia do Ego (Seis) encontram-se com a ânsia
de viver da Vingança do Ego(Oito). O resultado é o fato de o Tipo Sete querer
sentir um gostinho de cada coisa mas, por causa do medo e dadúvida, não
mergulhar a fundo em coisa alguma. À semelhança do Tipo Oito, o Tipo Sete se
sente estimulado eentusiasmado por todas as coisas do mundo; mas, em virtude do
medo, o contato que faz com elas éprincipalmente mental e, portanto,
supostamente seguro. O Tipo Oito é voltado para os sentidos corpóreos e oTipo
Seis duvida de tudo o que vê; o Sete, por sua vez, experimenta muitas coisas
mas questiona todas elas.Além disso, a dúvida, a insegurança e a falta de
confiança do Tipo Seis, aliadas à ânsia de ascensão e aoinstinto dominador e
prepotente do Tipo Oito, resultam no visionarismo do Tipo Sete e nos planos
grandiososque faz em vista de uma conquista futura, da qual ele não se arrisca
a realizar mais do que uma pequena parte.
AS ASAS DO TIPO 8 DO ENEAGRAMA
Aqui, a necessidade de se sentir bem do Planejamento do Ego (Sete)
encontra-se com a morte interior da Indolência do Ego (Nove). O resultado é o
fato de o Tipo Oito negar categoricamente que haja qualquer coisadentro de si
que cheire a fraqueza ou deficiência. Os planos utópicos do Tipo Sete
encontram-se com a inércia do Tipo Nove, gerando o preconceito característico
que o Tipo Oito tem em relação a todas as coisas que percebe— em outras
palavras, ele só vê o que quer ver, de maneira bastante dogmática e
peremptória. Além disso, como tem a visão de como as coisas poderiam ser (que
lhe vem do Ponto Sete) e tem também a atençãoexteriorizada (do Ponto Nove), ele
exige que as coisas tomem a forma que ele acha que devem tomar, e procurafazer
justiça pelas próprias mãos contra os supostos males que percebe. Sob outro
ponto de vista, a fome de estímulos do Tipo Sete alia-se à inconsciência do
Tipo Nove emrelação ao mundo da Essência para gerar a luxúria do Tipo Oito, seu
gosto exagerado pelas satisfaçõesmateriais e sensoriais.
AS ASAS DO TIPO 9 DO ENEAGRAMA