CRISÁLIDA
Me sinto em uma crisálida. Não vejo nada e escuto
sons abafados… E não sei ainda a borboleta que vai sair.
Esses momentos em que está tudo em movimento e a
gente só consegue, ou pode, ficar parada. Em que o caos se instala. Um
terremoto te atinge. Nossas estruturas estão abaladas. O conforto acaba
e tudo começa a ruir. Não há esperança ou se consegue terexpectativa. Vislumbre
algum do horizonte se manifesta. É tudo neblina nebulosa.
Não se respira. Avida para.Melhor, dá vontade de parar com
a vida e voltar, mas agora já foi. É impossível. Dá vontade de por o dedo na
cara do destino e brigar. E perguntar: Qual é a graça? O que você quer de mim?
Eu só queria o céu estrelado… Mas as estrelas estão longe demais para serem
alcançadas…
Eu que tinha tudo planejado, estava tudo certo,
anotado na agenda. Vou ser feliz assim e assado. Check! Minha vida estava linda
e perfumada e sob controle. Eu me sentiasegura, mesmo que não absurdamente
feliz. Mas quem é absurdamente feliz? Alguém? Alguém? Ninguém, não é?
Que ideia de girico foi essa de colocar em meu
coração esse comichão esquisito que quer mudar tudo? De novo? Já não
estava bom assim? Raiva do destino. Raiva de querer, de não saber, de ter que
esperar. De não poder. De não assumir o meu próprio poder. De me permitir me
perder.
O único movimento, sensato ou não, é parar. É
entregar. É não fazer. É aceitar. Devagar. De vagar. Divagar. Passo por
passo. Onda por onda. Sem pular nenhuma. Olhando e olhando e olhando pra ver de
novo no que dá. Mas está escuro demais pra ver. Longe demais pra visão ser
clara. Estranho demais pra compreender.
E me sinto sufocada. Por mim mesma.
Mas aceito pelo menos o que aprendo. E já aprendi
que não há como brigar com o que é maior do que eu. Então, mesmo indignada, eu
aceito. Eu digo sim, venha o que vier. Se tudo der errado, e dar errado é só as
coisas não saírem como o imaginado, eu vou aprender. Não é pra isso que a
gente vem aqui? Pra aprender? Então, eu posso ter paciência. Pelo menos um
pouquinho… Não quero mais brigar com o destino, quero agradecer…
Tomara que a borboleta seja azul brilhante –
gigante!
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