A verdade é
que cada vez que chego muito perto de alguém e mostro meu coração,
fico apavorada. Com medo de não ser acolhida, de não ser bem
recebida, de ser rejeitada.
A
verdade é que cada vez que imagino que não vou ser amada de volta, fico ressentida,
muito assustada… E aí, começo a tentar controlar, ganhar, manipular… E aí, me
afasto de mim…
A
verdade é que é muito difícil pra mim confiar. Confiar em mim. Talvez porque
ache que não mereça ainda. Que preciso fazer alguma coisa pra conseguir, pra
ser digna de receber. Então fico tentando consertar o outro, olhando pro
defeito do outro, pra fugir da minha própria incapacidade, da minha própria
inabilidade, da minha própria fragilidade.
E
o pior é que quando tento controlar e manipular, pra ter a ilusão da garantia
do amor, sei que não estou eu mesmo sendo querida. Por mim… Mas pelo que faço
ou pareço ser. E entro em um vazio profundo, uma dor tão doída…
E
aumenta o ressentimento. E me sinto magoada.
A
verdade é que me perco de mim quando desejo o amor. É que não sei o que fazer,
oucomo fazer. Quando o melhor é não fazer nada. É contemplar, é parar, é
observar. Até pra ver o que o outro quer. Até pra ver o outro.
É
prender o pássaro na gaiola. É ver suas asas ali, mas impedi-lo de voar.
Eu
tenho vontade sim, de pular no abismo dos meus sentimentos. Mas me falta
coragem. Então fico olhando pro abismo, daqui, da minha vidinha amareladamente
perfeita.
E,
de verdade, isso não tem nada a ver com ninguém, mas comigo.
Solitariamente. Com a solidão gigante que é não estar tão perto de mim, não estar
tão de bem comigo. Com o medo de assumir o que realmente quero fazer, de expor
completamente a minha verdade. O medo de ficar pequena demais diante de alguém,
com a vontade de estar segura demais para dar o próximo passo.
A
verdade é que tenho Eu, medo de amar.
“O
medo de amar é o medo de Ser Livre”
Porque
se eu amo, simplesmente amo, sem querer nada, sem pensar em nada, sem controlar
nada, mostrando e fazendo o que quero, sendo o que sou, me assumo inteira.Mais
simples, direto, honesto, arriscado sim, mas menos complicado e mais feliz.
Por:
Paula Jácome