Posted
on 24/04/2014 by Paula Jácome
Às
vezes, quando nos sentimos rejeitados, e sentimos uma dor, começamos a buscar
resolver essa dor. Resolver a rejeição do outro. E confundimos isso com amor.
Achamos que estamos amando, quando estamos só tentando convencer o outro a nos
amar. Mas buscar formas de resolver a rejeição, não é amor.
Quantos
de nós já quisemos alguém só porque terminou conosco? Às vezes é até alguém que
nós já estávamos querendo terminar, e, quando terminou com a gente primeiro, de
repente, magicamente, nos descobrimos apaixonados. Será? Será que não é só uma
não aceitação de que o outro não me quer mais?
E
eu me pergunto: Isso faz sentido? A gente vê o tempo todo as pessoas dizendo
que devemos brigar por amor, mas será que isso não é uma contradição? Brigar
por amor?
Não
era pro amor ser livre, como uma dança em que um dá um passo e o outro dá
outro. E o outro dá um passo e o um dá outro? E quando os passos começam a se
distanciar, não seria mais saudável deixar ser assim? Forçar o amor, insistir
no amor, não seria um exercício de carência? Brigar por amor não seria só uma
forma de conseguir não ser rejeitado? E não é humilhante isso? E tentar exercer
poder sobre o outro, porque exigir ser amado ou manipular pra ser amado é
exercer poder, não é desrespeito? Indelicado?
Acho
que não tem nada demais em querer ser amado. É da natureza humana. Mas querer
ser amado desse jeito, ou por esta pessoa, ou neste momento, ou tudo junto, não
é meio infantil e egoísta? Vivemos no meio de bilhões, será que mais ninguém
quer o nosso amor?
Não
posso afirmar, não arriscaria tanto, mas penso que a solução está em cuidar de
nós mesmos. Cuidar do jardim para que venham as borboletas, como disse o poeta.
Sei
que é dolorido lidar com o fato de ser rejeitado, e que muitos de nós
continuaremos tentando ter o que queremos, do jeito que queremos, mas isso não
é tratar o outro como objeto? Desconsiderar a vontade dele? Isso não é olhar o
mundo através do nosso próprio umbigo? Isso não é coisificar pessoas? Por medo
de ficar só… Por medo de não conseguir controlar… Por falta… Por carência…
O
amor vê o outro. A própria necessidade e a do outro. Se respeita e respeita o
outro. O amor inclui. Inclui até o não amor do outro, como uma forma de
respeito. Aceita a não aceitação.
Dói
e segue. Consigo, com respeito, dignidade, carinho, delicadeza. Tudo bem que
nem sempre consigo (eu), mas ao menos penso. Logo, tento.
Amor
gostoso de receber é o que nasce espontaneamente no outro!
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