TRANSCRIÇÕES
- OS ESTÁGIOS DA EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Estamos aqui, para vagarosamente dissolver o
véu do esquecimento, para que possamos nos reconhecer como Seres espirituais,
vivendo uma experiência material. O principal trabalho é a ampliação da
percepção. É assim que nos movemos do falso para o real; do esquecimento para a
lembrança de si mesmo; desse estado de encantamento com a história pessoal,
para a realidade de quem somos.
Nos primeiros estágios da evolução, a
entidade humana não tem nenhuma consciência de quem ela é. Ela simplesmente é
tomada por impulsos inconscientes e, não tem percepção suficiente, nem mesmo
para questionar o porquê de tais atitudes. A consciência está sintonizada no
momento presente, mas não o presente eterno que é o portal para a liberação,
mas um presente determinado pelos sentidos - ela age a partir dos sentidos.
Nesse estágio, o foco está totalmente na
sobrevivência. Se surgem impulsos de ciúme, inveja, raiva, luxúria, medo, ou
qualquer impulso da natureza inferior, isso não é questionado, porque a
entidade acredita ser aquilo. Não existe uma distância entre o observador e
aquele impulso. Nesse estágio a entidade é tomada pelo impulso e acredita ser aquilo.
Naquele momento ela é o ciúme, o orgulho, a compulsão, o medo... Às vezes, ela
tem raiva de ser assim, mas ela acredita que é isso. Muitas vezes ela sofre,
porque acredita ser isso. Ela acredita que essa é sua realidade final. Às
vezes, ela se condena; pune-se e castiga-se, porque ela se julga. Mas, ela não
pode fazer nada em relação a isso. A atuação é como uma possessão.
No segundo estágio da evolução da
consciência (que é o primeiro estágio do despertar), a entidade começa a
perceber que ela não é aquele impulso inconsciente. O que ela percebe, é que
aquele impulso passa por ela, mas não é a sua realidade final. Ela sabe que
aquilo vai passar. O ciúme, a inveja, a raiva vão passar. Ela começa a perceber
que é estúpido lutar contra esses impulsos, porque é impossível sair vencedor.
Você nunca vencerá essa batalha, porque esses impulsos são da natureza da
sombra, da escuridão. E, a escuridão não tem existência própria, ela é
simplesmente a ausência da luz. Então, como você vai vencer algo que não existe
ou que não tem uma existência própria?
Você começa a perceber que a chave é ampliar
a percepção e, assim, pouco a pouco esses impulsos perdem a força. Você começa
a perceber que esses impulsos são como nuvens que passam. Às vezes, as nuvens
são claras, às vezes são escuras... Mas sempre passam. O Ser, na qualidade do
observador, é como o céu que só observa as nuvens passarem.
Nesse estágio, você descobre que esses
impulsos não são a sua realidade final, porque eles passam. Isso não é eterno,
não é permanente. Esses impulsos têm uma realidade transitória; eles não são
você. Depois que eles passam, você volta a se identificar com o observador.
No terceiro estágio da evolução da
consciência, você descobre que pode fazer diferente. Você escolhe não cair no
mesmo buraco, por maior que seja o poder de atração desse buraco. Até porque,
durante a segunda fase, você é levado a compreender a relação de causa e efeito
daquele impulso; você é levado a compreender a história daquele ‘eu
psicológico’. Quando chega ao terceiro estágio, você pode escolher renunciar ao
impulso. Você pode dizer: “Chega! eu não vou mais dar alimento para esse
viciado dentro de mim!” Às vezes, isso requer esforço - trata-se de uma
austeridade inteligente. Às vezes, você precisa pegar o boi pelo chifre e
dizer: “Chega! Eu não vou mais ceder à tentação de cair nesse buraco! Eu sei
onde isso vai dar, e não quero mais esse prazer negativamente orientado; não
quero mais o sadomasoquismo; não quero mais o prazer de rejeitar e ser
rejeitado...” Você está rejeitando isso que parece “tudo” (mas que na verdade é
“nada”), para poder ganhar o “tudo” de verdade.
O quarto estágio é a integração desses
impulsos. Quando o impulso é integrado, ou seja, quando essa parte da
personalidade que está agindo de forma separada é integrada, você não sente
mais atração por aquela repetição negativa. A energia é transformada. O orgulho
se transforma em humildade, a luxúria se transforma em devoção, o medo em
confiança. Esse é o significado mais profundo da palavra “purificação” quando
eu a utilizo. Quando eu falo que estamos trabalhando a purificação do “eu”
inferior, eu estou referindo-me a esse processo de integração dessas partes
separadas da personalidade. Podemos ir um pouco mais fundo no
entendimento desse processo, até porque, esse processo não se resume em um
trabalho psicoemocional. Alguns acreditam que esse é um trabalho somente
psicoemocional de cura da personalidade doente, que sofreu os traumas de
rejeição e abandono, etc... Isso é somente um aspecto da realidade.
Esses impulsos negativos e destrutivos que
eu acabei de descrever, são como partículas soltas que estão flutuando no
universo. E, devido a determinadas leis, você encarnou nesse plano trazendo
algumas dessas partículas, com o objetivo cósmico de integrá-las. Nós somos um
na luz, mas também somos um na sombra. É claro que, devido à ideia de
individualidade, você acredita que é a sua luxúria, o seu medo, o seu
egoísmo... Mas, estamos falando de uma só sombra também. Na medida em que você
integra a parte que lhe cabe nessa encarnação, você ilumina o todo.
O foco então deve estar em ampliar a
percepção, em lembrar-se de si mesmo. Mas, durante esse processo de lembrar-se
de si mesmo, você começa a perceber nesses ‘eus’ que se manifestam na forma de
pensamentos - eles são complexos autônomos, que agem como pensamentos. Você vai
aprendendo como lidar com eles. No segundo estágio em diante, você deixa de
julgá-los; você não os condena (Quanto mais você condena as suas limitações,
mais elas vão crescer em você... Quanto mais você não quer ser ciumento, mais
você vai ser...). Então, o caminho é acolher a sombra, e não se incomodar mais
com ela - compreender que são apenas nuvens que passam. Continue somente
testemunhando até que ela perca força.
Quando um padrão é muito insistente, você
precisa ir mais fundo para compreender as raízes, e compreender os sentimentos
que estão dando sustentação para a repetição. De qualquer forma, a principal
ferramenta é a ampliação da percepção, e, é isso que estamos fazendo. É outra forma
de dizer que, estamos removendo o véu do esquecimento; o esquecimento da nossa
real natureza. Estamos, pouco a pouco, nos desidentificando desse principal
pilar da mente que chamamos de ego, que é essa ideia de: “eu controlo”, “eu
faço”, “eu sou um eu separado”. A lembrança de si mesmo acontece, quando você
se desidentifica da mente e do corpo. Aí, você pode se lembrar de fato de quem
é você. E você é esse Eu divino que age na mente e no corpo.
Nesse trabalho de recordação de si mesmo,
que inclui a purificação desses aspectos separados da personalidade, passamos
por muitos desafios. Nesses tempos de apuração sobre os quais eu venho falando
que se tornaram mais intensos desde 2008 para cá, mas, principalmente em 2010 e
2011, quando a espada da justiça focou as relações de codependência: o chão
tremeu; o mar se agitou e as estrelas do céu ainda estão correndo.
Chegou um comando de cortar apegos. Muitos
“eus” estão gritando. Cada qual sabe bem do que eu estou falando. Muitos, hoje
já estão podendo respirar. Muitos, já estão se sentindo aliviados. Conseguiram
chegar aqui, depois de sofrer muito nas mãos do ceticismo. O ceticismo pegou
mesmo, porque ele é uma defesa contra esse processo de desidentificação do
corpo. Esses “eus” são complexos autônomos e, como tudo que é vivo, eles querem
continuar vivos.
Esses tempos de purificação são como aqueles
tempos de exames na escola.