terça-feira, 22 de julho de 2014

Tudo se cura quando cura na gente


Tudo se cura quando cura na gente. Tudo passa, tudo melhora, tudo se cala quando cala na gente.
As cores que faltam, a brisa que some, o calor que aquece, quando, antes de tudo, aquece na gente. E as cores voltam, a brisa renasce, tudo se renova, se transforma, se faz quando existe na gente.
O medo que some, as culpas, as dores, as perdas se apagam quando, em nós, se dissolvem.
O mundo que muda, as vozes que calam, labirintos se desfazem se o caminho é em mim.
Tudo se cura quando cura na gente. Nada fica. Nenhuma ameaça, choro que cessa, sede que passa, alívio, descanso, luz que se espalha quando acende na gente.
Porque todas as dores do mundo, o que mete medo, nos encolhe em ameaças, encobre o horizonte, sequestra a espontaneidade, tudo o que nos rouba o ser e adoece a existência, tudo se cura quando cura na gente.
Ninguém disse que seria fácil, há sombras no caminho e os tropeços tantas vezes nos parecem invitáveis, há dias mais difíceis, cansaço, estreitamentos inesperados, que no assustam, nos confundem, nos desviam.
Ser humano é ser contraditório, é caminhar em busca de algo que se vincule ao vazio de dentro e nos traga respostas, nos acolha, nos transcenda e nos livre do medo.

Mas o medo passa e não há choro que dure para sempre, nem culpa que nunca se acabe, vazios que não sejam preenchidos, amores que jamais correspondam, dores terminam, tristezas tem fim e o luto morre quando finalmente entendemos que tudo se cura quando cura na gente. Flavio Siqueira